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Os gêmeos siameses, também conhecidos como gêmeos fusionados, nascem idênticos e colados um no outro pela cabeça, tronco ou ombros, por exemplo. Por conta disso, precisam compartilhar um ou mais órgãos, como coração, cérebro, intestino e pulmão.
Segundo a pediatra Mayara Sanchez Fonseca, especialista da DaVita Serviços Médicos, os siameses são fetos gemelares formados a partir de um mesmo óvulo fecundado, portanto, mesmo material genético. Eles também compartilham a mesma placenta e usualmente uma mesma membrana amniótica.
Como são formados os gêmeos siameses
A teoria mais comumente aceita de geminação conjunta é a de fissão/divisão parcial. "Quando um único óvulo fertilizado se divide em dois embriões entre o 13º e 15º dia após a fertilização há uma falha de divisão completa", explica a pediatra.
Há também a teoria de fusão/junção: "Quando há união de dois embriões originalmente separados por volta 12º dia após a fertilização", completa. Vale ressaltar que, apesar de serem teorias bem aceitas, elas não explicam claramente todas as situações possíveis e, por isso, não podem ser aplicadas a todo o universo de descobertas sobre o tema.
Além disso, as gestações de gêmeos siameses são iguais às demais gestações gemelares. De acordo com a médica Mayara Fonseca, o avanço da medicina e das técnicas de imagem contribuem para que a maioria desses casos sejam reconhecido precocemente por meio da ultrassonografia pré-natal e da ressonância magnética feita no pré e pós-natal.
Esses exames ajudam a identificar malformações embriológicas e, quando são feitos no período certo, auxiliam no diagnóstico precoce.
Saiba mais: Pré-natal de gêmeos: quais são os cuidados e exames necessários?
Tipos de gêmeos siameses
Os gêmeos siameses são classificados de acordo com as partes do corpo que são partilhadas. Sendo assim, as incidências mais comuns são as uniões em:
- Tórax (toracópago - 20 a 67%)
- Abdômen (onfalópago - 18 a 33%)
- Tórax-abdômen (toraco-onfalópago - 28%)
- Sacro-períneo (pigópago - 18 a 28%)
- Umbigo-pelve (isquiópagos - 6 a 11%)
- Gêmeos parasitas (heterópagos - 10%).
Os gêmeos siameses mais raros incluem as uniões:
- Crânio (craniópagos)
- Canal medular (raquípago)
- Da cabeça à cicatriz umbilical (cefalópagos).
Gêmeos siameses podem ser separados?
É possível separar gêmeos siameses por meio de cirurgias, que na sua maioria são bem complexas, pois os gêmeos dividem a mesma região do corpo e compartilham os órgãos.
Segundo a pediatra Mayara Sanchez Fonseca, é essencial prezar pelo bem-estar de cada gêmeo, sem causar danos a nenhum deles. Porém, estudos apontam que a taxa de sobrevivência total de gêmeos siameses é de 7,5% e apenas 60% dos casos separados cirurgicamente sobrevivem. Nos casos em que há muitas anomalias devido ao grau de fusão ou conexões cardíacas complexas, o tratamento é considerado conservador.
A realização da cirurgia deve levar em conta o momento cirúrgico em relação à mortalidade, ou seja, quando o diagnóstico por meio de exames de imagem é precoce, uma intervenção cirúrgica pode ser levada em consideração. "Isso porque, há tempo para o crescimento e expansão do tecido, com possibilidade de se adquirirem imagens mais precisas da união e das anomalias associadas para o planejamento cirúrgico", esclarece.
Sendo assim, quando os bebês completam entre seis a 12 meses de vida, a estimativa é melhor para sucesso na cirurgia.
No entanto, em alguns casos a intervenção cirúrgica deve ser imediata, como por exemplo:
- Gêmeos que compartilham o mesmo coração, com instabilidade cardíaca
- Anomalia associada justificando a intervenção cirúrgica imediata, como hérnia diafragmática ou onfalocele rota
- Gêmeo natimorto, quando um dos gêmeos morre após 20 semanas de gestação.
As cirurgias realizadas nos casos acima são emergenciais e por conta disso apresentam uma taxa de mortalidade mais alta em comparação com as separações eletivas.
Riscos
Pelo fato de os gêmeos compartilharem os órgãos, um deles pode ser prejudicado por isso, visto que um sempre será mais beneficiado do que o outro pelas funções vitais do órgão compartilhado. As maiores taxas de sobrevivência são dos casos de gêmeos que não compartilham órgãos vitais, como o coração ou cérebro, por exemplo.
"Reconstruções pélvicas, ósseas e do trato geniturinário inferior em gêmeos isquiópagos e pigópagos geralmente são necessárias, sendo nesses casos a morbidade significativa em longo prazo devido à necessidade de cirurgia reconstrutiva adicional", informa a especialista Mayara Fonseca.
Em gêmeos que dividem o crânio, o sucesso da cirurgia depende do grau de compartilhamento dos seios venosos. Já no caso de gêmeos siameses sem condições de separação não há lei que autorize a interrupção da gestação.