Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Trabalhou no Hospital Universitário da Univ...
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A gestação é um período especial, mas também um momento em que o corpo sofre inúmeras alterações. Mudanças no corpo na gravidez, tanto físicas quanto psicológicas, são desafiadoras. Para entender tudo o que acontece em cada fase, o MinhaVida conversou com a ginecologista e obstetra Gisela Traut Kirst. Confira:
Início da gestação: divisão celular, enjoos e adaptação dos órgãos
O início da gestação se caracteriza por um processo intenso de divisão celular. Durante o percurso do embrião para o útero, características do futuro bebê já estão sendo divididas. É o caso de aparência física, sexo e até possíveis doenças.
"Algumas das definições de saúde do bebê já são prontas nos primeiros dias após a concepção e as condições físicas da mãe são determinantes para isto. Por exemplo, o ácido fólico, vitamina capaz de proteger o bebê de doenças graves, como a espinha-bífida e a anencefalia, só funciona se já estiver presente no organismo da mãe desde o momento da fusão espermatozoide com o óvulo", completa.
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É nas primeiras cinco semanas de gestação que acontecem os famosos enjoos matinais, já que a região abdominal está se organizando para acomodar o útero e o embrião. O intestino precisa de um novo lugar para ficar e o útero necessitará de mais espaço para se acomodar no baixo ventre.
Também é nesse período em que as mamas ficam mais sensíveis e aumentam de volume, um processo chamado mastalgia. Ele vem acompanhado de sensações e desconfortos muito semelhantes ao período pré-menstrual, mas, se acompanhados de enjoos matinais, podem ser suspeitos para gravidez.
Gisela explica que esta fase é caracterizada pelo mal-estar. “É natural, os desconfortos são reflexos dos ajustes do nosso corpo enquanto corremos para oferecê-lo a outro com todo conforto", diz.
Além disso, é comum sentir sensações de movimento, mas a especialista explica que ainda não são do bebê. "O feto não mexe até o início do quinto mês, antes disso, se a mulher diz que sente o beber mexer, é provável que sejam seus intestinos", afirma.
3º ao 7º mês: momento de desfrutar a gravidez
Aos três meses de gravidez, o mal-estar e enjoo matinal podem diminuir para algumas mulheres. Porém, para outras, podem piorar. É nessa fase que o nível de progesterona aumenta, podendo causar sintomas como mau humor, vermelhidão no rosto, dor de cabeça, tontura e palpitações leves.
Nesse período, o útero continua crescendo, o que pode causar dor na região da barriga e perto da virilha. Já aos cinco meses, esse crescimento começa a se acelerar, podendo causar aumento de peso e estrias. Uma linha escura também poderá aparecer entre os pelos pubianos e o umbigo, mas desaparece após o parto.
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É nesse momento que os movimentos do bebê começam a ficar mais perceptíveis e os pés começam a ficar mais inchados. A drenagem linfática pode ajudar nessa fase, assim como deixar as pernas elevadas ao se sentar e deitar. Porém, lá pelo sexto mês, o crescimento da barriga poderá pressionar as costas e a bacia, podendo causar dor na lombar e nas pernas.
Ao sétimo mês, o inchaço pode piorar e o risco de ter varizes aumenta, mas a barriga já está bem redonda e aparente. Para Gisela, apesar das dificuldades, ainda é possível desfrutar dessa fase da gestação. "Hábitos adequados e um estilo de vida saudável são fundamentais para tirar o melhor desta fase", ressalta.
8º e 9º mês: dores e expectativa
É quando a gestante entra no oitavo mês que o acompanhamento pré-natal revela sua importância. A especialista ressalta que o acompanhamento médico serve para diagnosticar alguma doença com antecedência.
"É comum que mulheres que são predispostas ao diabetes e à pressão alta desenvolvam essas condições durante a gravidez. Outro caso bastante recorrente é a infecção urinária, que pode ter seus sintomas escondidos pela própria gestação", diz.
O oitavo e o nono mês são tipicamente conhecidos pelas dores. "A essa altura o peso do bebê dificulta os movimentos, os inchaços nas extremidades aumentam e para algumas mulheres fica difícil até mesmo encontrar uma posição confortável para dormir", afirma a médica. Por isso, é muito importante a prática de exercícios físicos moderados, uma alimentação balanceada e a ingestão de bastante água.
Aos oito meses de gestação, a barriga fica mais dolorida porque o útero está muito esticado. Isso faz com que o estômago seja pressionado, causando azia e má digestão.
"O fato é que ao final da gravidez a mulher está exausta. Foram nove meses de dedicação exclusiva. Existe muita expectativa em torno do nascimento, que, em geral, termina de consumir as energias da mãe, que acaba exaurida”, afirma Gisela.
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Nesse momento, o médico irá exigir visitas mais frequentes para avaliar os sinais de dilatação do colo do útero. Também é nesse momento em que a maternidade e o pediatra devem ser escolhidos. No final, o estresse será compensado pelo nascimento do filho.
“É quando entra em ação a ocitocina [hormônio que tem a função de promover as contrações musculares uterinas durante o parto e que também promove sensação de bem-estar]. Dar à luz é completar uma missão para a gestante que trabalhou arduamente durante os nove meses", conclui a obstetra.