Graduada em Medicina pela Unifesp, especialista em Endocrinologia com mestrado em Endocrinologia e Metabologia, doutorad...
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O diabetes é uma doença relativamente comum que atinge cerca de 6,9% da população do Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Apesar de existir tratamento, o diabetes alto, ou seja, quando a glicemia está elevada, pode representar um perigo para a saúde.
O diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da glicemia (açúcar no sangue). Isso acontece devido à produção insuficiente de insulina (comum no diabetes tipo 1) ou devido à resistência a essa substância (mais comum no diabetes tipo 2). A insulina é importante para o controle da glicose no sangue e seu mau funcionamento pode levar à hiperglicemia.
Quando a doença não é diagnosticada e o tratamento não é feito corretamente, a glicemia fica elevada por muito tempo, prejudicando o funcionamento de vários órgãos.
“A hiperglicemia crônica está associada a danos a longo prazo em olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos, as chamadas complicações crônicas que levam a agravos à saúde com redução da qualidade de vida das pessoas”, afirma Cristina Khawali, endocrinologista e gerente médica de análises clínicas do Delboni Medicina Diagnóstica.
Quando o diabetes está alto e quais são os sintomas?
Uma pessoa é diagnosticada com diabetes quando a glicemia em jejum atinge 126 mg/dL em diante ou quando os resultados de hemoglobina glicada forem superiores a 6,4%. O diabetes é considerado alto quando a glicemia é ainda mais elevada do que o parâmetro para diagnóstico, como a glicemia em jejum a 200 mg/dL ou a 300 mg/dL.
Nesses casos, os sintomas da doença ficam ainda mais evidentes e há um maior risco para complicações de saúde. Os sintomas de diabetes alto incluem:
- Infecções frequentes
- Pele escura na região do pescoço ou em dobras, como virilha e axilas
- Sede excessiva
- Micção frequente
- Aumento do apetite
- Fadiga constante
- Formigamento nas mãos ou nos pés
- Problemas de visão, como visão embaçada
- Náusea e vômitos
Quais os riscos à saúde do diabetes alto?
Níveis elevados de glicemia podem afetar diretamente o funcionamento de diversos órgãos e, por isso, podem trazer complicações sérias para a saúde. De acordo com a endocrinologista Cristina, os principais riscos do diabetes alto são:
- Aumento do risco de doenças cardiovasculares, principalmente infarto agudo
- Desenvolvimento de insuficiência cardíaca
- Acidente vascular cerebral (AVC), com risco para sequelas
- Infecções dermatológicas, gengivais, urinárias e genitais, podendo evoluir para sepse (infecção generalizada)Risco aumentado para cegueira
- Problemas nos rins, sendo a principal causa de inserção de pacientes em programas de diálise
Quando o tratamento é indicado e como é feito?
A partir do momento que o diabetes é diagnosticado, o tratamento deve ser orientado por um médico e iniciado pelo paciente. Os exames que identificam a doença são: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e teste de tolerância oral à glicose (ou curva glicêmica).
“O tratamento para diabetes é baseado em uma dieta adequada, para atender a todas as necessidades nutricionais do indivíduo, de acordo com a fase da vida em que se encontra, para manter um peso saudável e a glicemia em valores controlados que evitem as complicações crônicas”, explica Cristina.
Além da dieta, a atividade física também faz parte do tratamento, também com o objetivo de controlar a glicemia e a manutenção do peso. Tudo isso considerando as limitações do paciente.
“Se o controle não for atingido com as medidas acima, hoje dispomos de diversos remédios para diabetes que podem ser usadas para o controle da glicemia, tanto de uso oral, quanto injetável de forma subcutânea, entre elas, a insulina e os agonistas do GLP”, explica a endocrinologista.
Quem tem pré-diabetes também deve tratar a doença?
O pré-diabetes é uma condição que antecede o diabetes e é identificada quando os níveis de glicemia estão altos, mas ainda não caracterizam a doença. Nesse caso, os valores em jejum ficam entre 100 e 125 mg/dL e a hemoglobina glicada fica entre 5,8% e 6,4%.
No pré-diabetes, os sintomas ainda não são evidentes, mas o tratamento serve para prevenir a evolução para o diabetes tipo 2. Por isso, também é fundamental já iniciar mudanças no estilo de vida e na alimentação durante essa fase, evitando complicações futuras.
“Vários estudos demonstram que a intervenção no estilo de vida com um plano alimentar individualizado com baixas calorias é altamente eficaz na prevenção ou no atraso do diabetes tipo 2, melhorando também outros fatores de risco, como hipertensão arterial, dislipidemia e inflamações”, afirma Cristina.