Olá, meu nome é Evaldo Bosio, Fisioterapeuta da Prime Fisioterapia Especializada e coordenador do Instituto Trata – Joe...
iA fratura por estresse é o desgaste ósseo que ocorre devido à sobrecarga e exercícios repetitivos de grande intensidade. Esse tipo de fratura acontece por forças cíclicas repetidas que ultrapassam a resistência máxima do tecido ósseo.
O osso é submetido a uma carga excessiva, sem se respeitar os princípios de repouso e progressão da atividade, e deste processo inicia-se uma fratura das partes internas do osso com alterações fisiológicas que, se não forem tratadas, pode progredir para modificações anatômicas, ou seja, para uma fratura completa.
Esse tipo de fratura é um problema crescente no meio esportivo e sua verdadeira incidência em atletas e corredores pode variar de 10% a 30% das lesões em corridas. Pesquisas apontam que as pessoas brancas têm maior probabilidade para sofrer esse tipo de lesão do que pessoas negras, assim como, as mulheres tem 10 vezes mais chances de desenvolver esta fratura quando comparada aos homens.
Fratura por estresse: causas
Entre os fatores predisponentes podemos destacar o tipo de superfície onde o esporte é praticado, calçado utilizado, alterações biomecânicas dos membros inferiores, aumento abrupto da atividade física e treinamento (intensidade, distância, velocidade)
Outro importante fator causal é a fadiga muscular. Os ossos não estão preparados para absorver grande quantidade de energia, função esta executada pelos músculos que agem como absorventes do choque adicional. Quando os músculos ficam cansados e deixam de absorver a maior parte da energia, os ossos acabam cumprindo esta função, desgastando assim sua estrutura fisiológica.
Clinicamente, a fratura por estresse se apresenta com queixas de dor que aumentam durante a prática esportiva e que tende a melhorar com o repouso. Com o passar do tempo essas dores vão se tornando mais intensas e severas, podendo também vir acompanhada de um pequeno edema localizado principalmente na fase inicial da lesão.
No passado, essa lesão era comum em militares em virtude dos excessivos treinamentos de corridas e marchas. Hoje ela é uma lesão comum no meio esportivo, acometendo atletas que são submetidos a grandes cargas de treinamento, bailarinos, atletas de saltos (vôlei e basquete) e corredores. A fratura por estresse ocorre principalmente em ossos do fêmur, tíbia, e ossos do pé como calcâneo.
Diagnóstico da Fratura por estresse
O diagnóstico é feito através do histórico do paciente, exame físico de palpação, que vem acompanhado com dor, e exames de imagem.Dentre os exames de imagem a cintilografia óssea e a ressonância nuclear magnética são grandes aliadas para o diagnóstico precoce da fratura, enquanto o raio X tem grande ajuda na fase tardia, onde é possível acompanhar os sinais radiográficos de consolidação óssea (cicatrização do osso).Os exames de imagem auxiliam também no diagnóstico diferencial para outras patologias comuns aos corredores como a canelite.
Como tratar fratura por estresse
O tratamento fisioterapêutico para esse tipo de lesão tem como objetivo acelerar o processo de cicatrização óssea e promover o retorno do paciente as suas diversas atividades diárias e esportivas.O repouso é essencial para um tratamento correto, por isso, o paciente deve ficar afastado de toda e qualquer atividade de impacto até sua lesão ser curada.
O uso de imobilizadores do tipo robofoot são indicados durante as primeiras semanas, pois além de promover a imobilização ele pode ser retirado pelo fisioterapeuta para o tratamento que pode incluir sessões de ultra-som terapêutico para auxiliar no processo de cicatrização óssea.
Além da terapia com ultra- som, o fisioterapeuta pode realizar atividades dentro da piscina com impacto reduzido e trabalhos de alongamento e fortalecimento muscular para prover manutenção da condição muscular e cardiorrespiratória do paciente.
O tempo de afastamento pode variar de acordo com a região onde se localiza a lesão e com o grau de severidade da fratura.
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Geralmente o atleta fica afastado de um a quatro meses, mas em alguns casos pode chegar a seis meses de afastamento das atividades esportivas de impacto. Durante a fase final de reabilitação algumas atividades de readaptação ao esporte e orientações são importantes para evitar recidivas da lesão ou até mesmo uma nova fratura em outro local, o que em alguns casos é comum.