Olá, meu nome é Evaldo Bosio, Fisioterapeuta da Prime Fisioterapia Especializada e coordenador do Instituto Trata – Joe...
iAs dores nos membros inferiores em corredores podem ter várias causas: musculares, tendinosas e/ou ósseas. A síndrome de estresse do tibial medial, popularmente conhecida como periostite medial de tíbia ou Canelite, é uma inflamação do principal osso da canela, a tíbia, ou dos tendões e músculos da tíbia, podendo se tornar fratura por estresse. É uma queixa comum em atletas, principalmente aqueles que costumam correr médias e longas distâncias. Além da corrida, essa síndrome pode estar presente em outros esportes que envolvam o ato de pular, sendo os pousos e decolagens em superfícies duras, a principal causa da dor.
A Canelite é caracterizada por dor na região anterior da perna que inicialmente ocorre durante o exercício e melhora após algumas horas, evoluindo para dor persistente mesmo com a cessação da atividade, podendo dificultar até o andar de forma lenta.
Inicialmente ocorre uma inflamação no periósteo (fina camada que recobre o osso) e estruturas adjacentes como músculos e tendões da perna, podendo evoluir para micro fissuras no osso e até promover uma fratura por estresse caso o individuo não pare de correr.
Dentre os fatores de risco para o aparecimento da Canelite, podemos citar:
- Aumento excessivo no volume e/ou intensidade de treinamento, como também treinamento sem orientação de um profissional de educação física.
- Pessoas iniciantes no esporte ou que mudaram de atividade recentemente.
- A fraqueza dos músculos dos membros inferiores, como também a falta de alongamento dos músculos da panturrilha.
- Pisos duros e compactados como concreto e asfalto devem ser evitados, dê preferência a grama ou pisos de terra, evite também terrenos acidentados. Concreto é seis vezes mais severo para os seus tecidos da tíbia do que o asfalto. O asfalto é três vezes mais severo do que a terra batida. A grama é ainda mais macia, e diminui significativamente o risco de inflação na região da tíbia.
- Pés hiperpronados e hipersupinados.
- Correr inclinando o tronco para frente.
- Mulheres na menopausa.
- Tênis inadequado para o seu tipo de pisada.
O diagnóstico exato da lesão é feito pelo médico, a fim de excluir a possibilidade de ser uma fratura por estresse. O relato da história clínica, como também o exame físico, é de fundamental importância para o diagnóstico. Caso o médico suspeite da fratura por estresse, a radiografia convencional é o primeiro exame a ser solicitado.
O tratamento é feito através de:
- Correção de qualquer condição estrutural com o uso de calçados e caso necessário, palmilhas personalizadas para o pé. - Modificação da atividade, evitando-se as corridas e os saltos por aproximadamente 10 dias. Durante esse período o condicionamento cardiorrespiratório deverá ser mantido através de exercícios na piscina com flutuador, como também no ciclo ergômetro.
- A Crioterapia (gelo) e o TENS (estimulação elétrica trans cutânea) podem ser usados objetivando a analgesia local.
- Exercícios de alongamento para musculatura posterior da perna (Panturrilha).
- Com a regressão dos sintomas, devem-se iniciar de maneira progressiva, os exercícios de fortalecimento para toda musculatura que envolve a articulação do tornozelo (tibiais, fibulares e tríceps sural).
- Assim que o atleta estiver assintomático, pode-se iniciar o trote/corrida sobre a grama, por aproximadamente 20 minutos, com uma progressão de 10 a 15% semanalmente. É importante ressaltar que ele já deverá estar adaptado ao tênis, caso seja portador de algum problema estrutural.
Algumas medidas devem ser adotadas na prevenção da canelite, dentre elas podemos destacar:
- Uso do tênis correto. Adequado ao seu tipo de pé e com amortecimento também na parte anterior. O uso de uma palmilha de silicone pode ajudar.
- Alongue antes da corrida, e mais uma vez depois do aquecimento.
- Aquecer. Informe ao seu corpo que ele será sobrecarregado. Podem-se usar meias de cano longo para ajudar no aquecimento.
- Não corra com dor nem em excesso. Respeite os sinais do corpo.
- Aumento gradual no volume ou intensidade do treinamento (não aumentar mais que 10% à 15% semanalmente). Não faça treino de velocidade prematuramente.
- Caso cometa um erro no treinamento e sinta dor na canela, coloque gelo, tome antiinflamatórios não esteróides e não cometa o mesmo erro novamente.
- Faça musculação. Músculos fortes diminuem o impacto sobre ossos e articulações.
- Corra em superfícies adequadas.
Dica: Aos primeiros sinais de dores na região anterior da perna, procure um profissional para uma completa avaliação e o correto diagnóstico e tratamento, só assim você terá condições de realizar suas atividades esportivas sem maiores complicações.
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