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Ele ainda não chegou ao Brasil, mas promete agradar os profissionais que lidam diariamente com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Combinação de duas drogas, a fentarmina e o topiramato, o Qsymia foi aprovado este ano pela Food and Drug Administration (FDA), órgão americano regulador de remédios e alimentos.
A eficácia do Qsymia foi comprovada após um estudo feito com cerca de 3.700 pessoas diagnosticadas com obesidade. Os participantes foram divididos em dois grupos, um que recebeu a dose mais alta da medicação e outro que recebeu placebo. Após 12 meses de acompanhamento, os que haviam ingerido Qsymia apresentaram perda de peso entre 6,7 e 8,9% maior do que os que tomaram placebo. A expectativa é grande. Saiba o que os especialistas dizem sobre este novo medicamento.
1. Como a fentermina e o topiramato agem isoladamente?
Segundo a endocrinologista Rosana Radominski, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a fentarmina é um anorexígeno, ou seja, induz à anorexia por levar a falta de apetite. "Seus principais efeitos colaterais são irritabilidade, boca seca, insônia e taquicardia", afirma. Seu uso foi proibido no ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sob o argumento de que trazia mais riscos à saúde do que benefícios.
O topiramato, por sua vez, tem mais efeitos. "Ele age diretamente na compulsão alimentar, reduzindo a vontade de comer doces, especialmente", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Isoladamente, o medicamento é amplamente utilizado no combate a enxaqueca e convulsões, mas pode causar perda de memória, dificuldade de raciocínio e formigamento, principalmente nas mãos e pés. Seu uso é contraindicado durante a gravidez por favorecer malformações fetais.
2. Quais as vantagens da combinação das duas drogas?
"A combinação de ambos os medicamentos deu origem ao Qsymia, um dos remédios emagrecedores mais promissores atualmente", explica a endocrinologista Maria Edna.
Ele se mostrou mais eficiente, por exemplo, que outro medicamento emagrecedor aprovado pelo FDA na mesma semana: o Belviq. Para provar a eficácia deste, foram realizados três estudos com quase oito mil pessoas com obesidade ou sobrepeso. A perda de peso dos voluntários em comparação com o placebo foi entre 3 e 3,7% maior. O número é bastante significativo, mas bem abaixo da porcentagem alcançada com o uso do Qsymia, que foi entre 6,7 e 8,9%.
3. Para quem o Qsymia é indicado?
O Qsymia é indicado para pessoas com IMC (índice de massa corpórea) acima de 30 ou pessoas com sobrepeso associado a doenças crônicas, como o diabetes, o colesterol alto e a hipertensão. "O medicamento não deve ser usado por grávidas em qualquer momento da gestação por aumentar o risco de problemas congênitos, como lábio leporino", afirma a endocrinologista Rosana.
4. Como ele age no organismo do paciente?
"Assim como a maioria dos medicamentos contra a obesidade, o Qsymia não age diretamente na doença, mas na inibição do apetite", explica a endocrinologista Rosana. Assim, a droga atua no sistema nervoso central do paciente, diminuindo a fome.
5. O Qsymia tem efeitos colaterais?
De acordo com a endocrinologista Maria Edna, os efeitos colaterais das drogas fentermina e topiramato podem aparecer durante o tratamento com o Qsymia. Mas qualquer sintoma adverso deve ser informado ao médico que cuida do caso.
6. Quais os resultados esperados?
Para a endocrinologista Maria Edna, o objetivo principal do medicamento é a perda de peso e, consequentemente, a diminuição do risco de doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão. "A expectativa é de que o paciente perca entre 2 e 4 kg por mês com o uso do remédio associado a melhorias na dieta e a prática regular de exercícios", afirma.
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Para alcançar esses resultados, o paciente é inicialmente submetido a menor dose da medicação e, se necessário, ela é aumentada. "Vale lembrar que o Qsymia não funcionará para todas as pessoas com obesidade, assim como ocorre com outras medicações".
7. Quanto tempo dura o tratamento?
Assim como a obesidade é uma doença crônica, o tratamento também é crônico e, portanto, por tempo indeterminado.
8. O peso se mantém, caso o paciente interrompa o tratamento?
"Como ele é um medicamento que age sobre o apetite, ao parar de tomá-lo o paciente voltará a sentir fome e poderá recuperar todos os quilos perdidos", diz a endocrinologista Rosana. Por isso, é fundamental que, além de tomar a medicação, o paciente equilibre seu cardápio e comece a praticar exercícios com regularidade.