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O coração de quem tem fibrilação atrial bate de forma diferente da normal. No caminho convencional, o estímulo para os batimentos inicia no nó sinusal, passa para os átrios e, então, para os ventrículos. Em vez de seguirem a rota, conforme explica o cardiologista José Rocha Faria Neto, professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), "os batimentos cardíacos dos pacientes com esta doença começam direto nos átrios, com múltiplos estímulos elétricos".
Trata-se, portanto, de uma arritmia cardíaca - e, como tal, pode tornar o bombeamento de sangue para o organismo insuficiente. Com isso, surgem sintomas relacionados tanto ao descompasso cardíaco quanto à circulação mais lenta do sangue. E negligenciar esses sintomas é perigoso. Isso porque a evolução da doença sem controle e tratamento resulta em um grande risco de AVC isquêmico, o popular derrame.
A circulação mais lenta do sangue aumenta a possibilidade de formação de coágulos no coração. Ao se soltarem, esses coágulos podem parar em qualquer parte do organismo e entupir uma artéria. Se isso ocorrer no cérebro, o resultado será um AVC isquêmico.
A seguir, José Rocha Faria Neto explica quais são os sinais de fibrilação atrial. Fique atento a eles e, se os notar em conjunto e insistentemente, procure um cardiologista o quanto antes.
1 - Palpitações no peito
Como o estímulo para os batimentos nasce em locais variados do átrio, os batimentos cardíacos ficam descompassados e o ritmo do coração pode ficar acelerado. É sentida, de uma hora para outra, uma palpitação fora do normal e sem motivo aparente (a pessoa não está praticando esporte nem fazendo esforço físico, por exemplo).
2 - Falta de ar
O coração pode ficar tão acelerado que pode haver uma redução da função cardíaca, o débito cardíaco. Este quadro pode levar à respiração mais curta e, em seguida, à falta de ar.
3 - Forte tontura
Como consequência da redução da função cardíaca, a forte tontura é um sintoma importante da fibrilação atrial. Dependendo de sua intensidade, ela pode inclusive causar um desmaio.
4 - Fraqueza
A circulação mais lenta faz com que o bombeamento de sangue para a irrigação dos órgãos seja menos efetivo e o funcionamento do organismo fique deficiente. Aos poucos, isso causa fraqueza no corpo.
5 - Fadiga
Tal como a fraqueza, a fadiga em pessoas com fibrilação atrial é causada pela irrigação pouco efetiva dos órgãos, devido à circulação mais lenta do sangue no organismo.
6 - Dor no peito
Também chamada de angina, a dor no peito ocorre em pacientes com fibrilação atrial por causa da redução do fluxo de sangue nas artérias coronarianas. Este é um sintoma que requer a busca imediata por auxílio médico, pois pode sinalizar um ataque cardíaco em andamento.
Fibrilação atrial sem sintomas
Em alguns casos, o paciente não tem nenhum sintoma de fibrilação atrial. "Ela acaba sendo descoberta no check-up de rotina, por meio de um eletrocardiograma ou de um Holter de 24 horas", conta o cardiologista.
O Holter é especialmente importante porque alguns pacientes, apresentando ou não sintomas, têm episódios de fibrilação atrial que não ocorrem exatamente no momento do eletrocardiograma. "É a chamada fibrilação atrial paroxística", esclarece o médico, que conta que, como o exame grava o ritmo do coração por 24 horas, a arritmia tem mais chance de ser detectada neste intervalo e o melhor tratamento poderá ser indicado.
Tratamento com anticoagulante
Uma das medidas para o tratamento da fibrilação atrial pode ser iniciar o controle do ritmo cardíaco. Outro foco do tratamento pode incluir a administração de medicamentos anticoagulantes para prevenir a formação de coágulos.
Alguns cardiologistas têm o receio de que o medicamento anticoagulante possa ser um problema em casos de emergência médica pelo risco de sangramento mais intenso. Entretanto, em episódios como a necessidade de uma cirurgia imediata ou perda significativa de sangue em um acidente, por exemplo, o efeito anticoagulante de medicamentos como a Dabigatrana pode ser interrompido em poucos minutos com a administração do seu agente reversor, o Idarucizumabe. O agente reversor diminui esse risco de sangramento excessivo em situações de emergência, trazendo mais segurança para o paciente.
"As últimas novidades em cardiologia prometem proteger o paciente contra esses riscos: a Dabigatrana, por exemplo, indicada para prevenir o AVC em pacientes com fibrilação atrial, promove uma anticoagulação eficaz e previsível, reduzindo significativamente o risco de AVCs e trombose, e pode ter seu efeito revertido imediatamente em caso de sangramentos fortes pelo Idarucizumabe, agente reversor que interrompe o efeito anticoagulante em minutos", afirma Rocha.
Vale ressaltar que o agente reversor Idarucizumabe é específico para pacientes que fazem tratamento com o anticoagulante Dabigatrana. "Sem um agente reversor, o efeito do medicamento anticoagulante pode levar até 48 horas para passar", afirma o cardiologista.