Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1989), mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) pela Univ...
iNão é possível afirmar precisamente que a endometriose nunca levou nenhuma paciente à morte, mas a ocorrência de quadros desse tipo é extremamente rara. As principais complicações relacionadas à doença, além da possibilidade de infertilidade, acontecem quando há focos extensos no intestino ou na bexiga, especialmente nos óstios ureterais - orifícios na bexiga por onde chegam a urina vinda dos rins.
Os principais riscos causados pela endometriose são:
- A obstrução intestinal, que pode levar à perfuração e à infecção generalizada (sepse)
- A obstrução urinária, que, por sua vez, pode acarretar dilatação dos rins seguida de perda de função do órgão, infecção local e eventual sepse.
Mulheres diagnosticadas com endometriose profunda nessas regiões devem ser submetidas a tratamento cirúrgico o mais rápido possível, mesmo que não apresentem dor.
Contudo, como dito anteriormente, a probabilidade de endometriose matar é, felizmente, muito baixa. O diagnóstico precoce permite tratar a doença antes que ela fique extensa e grave. Além disso, mesmo nos casos mais avançados, em que a remoção cirúrgica dos focos é necessária, o procedimento resolve o quadro clínico na maioria das vezes.
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Vale destacar que a terapia com contraceptivos hormonais não é considerada adequada nessas situações mais graves e que é importante procurar um cirurgião com experiência em endometriose, pois a remoção incompleta pode causar problemas.
É importante ressaltar também que, os possíveis sintomas de endometriose não devem ser ignorados, sendo preciso procurar ajuda médica aos primeiros sinais. Ao contrário do que diz a crença popular, sentir cólicas fortes durante o período menstrual não é normal. Cólicas não relacionadas à endometriose costumam ser de leve ou média intensidade e tendem a diminuir com o passar do tempo.
A endometriose tem sintomas genéricos e pode ser confundida com diversas outras enfermidade, motivo pelo qual as portadoras costumam levar 10 anos para saber que têm a doença. Portanto, é essencial ficar atento aos indícios da doença.
Diagnóstico e tratamento para endometriose
Após ouvir a história clínica da paciente, o médico tem à sua disposição a ressonância magnética (única indicada a meninas virgens) e a ultrassonografia transvaginal, ambas com preparo especializado. Esses recursos, entretanto, nem sempre conseguem identificar lesões inferiores a 1 centímetro. Os focos pequenos podem ser vistos por meio da laparoscopia, mas, como se trata de um procedimento cirúrgico, ela hoje é muito mais usada no tratamento para endometriose do que no diagnóstico.
Uma vez que os indícios apontem para a doença, o tratamento pode ser iniciado com contraceptivos hormonais de uso contínuo, capazes de bloquear o fluxo menstrual e, consequentemente, minimizar as dores típicas do período. Para as mulheres que não responderem bem ao medicamento, é recomendada a cirurgia videolaparoscópica ou a cirurgia robótica.
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Outro aspecto fundamental na escolha da abordagem terapêutica é entender se que a mulher possui vontade de engravidar. Se a mulher decidir ter filhos, ela precisará ser submetida à videolaparoscopia ou a técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro - especialmente indicada quando as lesões de endometriose não são muito extensas e não há queixas de dores.