Graduação na Universidade Federal da Paraíba. Residência médica em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medici...
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O que é Blefarite?
A blefarite é uma inflamação comum que afeta as pálpebras, normalmente na região onde crescem os cílios, provocando o surgimento de crostas, coceiras e vermelhidão. A inflamação é causada por determinadas infecções, reações alérgicas ou algumas doenças cutâneas, como dermatite seborreica e rosácea. Destaca-se que a blefarite não é contagiosa.
Causas
As causas de blefarite podem estar ligadas a fatores locais, do próprio olho, ou fatores sistêmicos. A mais comum se dá quando as glândulas que ficam perto da base dos cílios não funcionam corretamente, o que causa inflamação, irritação e coceira na pálpebra. Porém, outras causas podem incluir:
- Dermatite seborreica
- Infecção bacteriana
- Dermatite atópica
- Algumas infecções virais, como herpes simples
- Mau funcionamento das glândulas sebáceas na região dos olhos
- Rosácea
- Reações alérgicas diversas, como à colírios
- Administração de alguns medicamentos para acne
- Ácaros ou piolhos de cílios.
A blefarite do tipo anterior é comumente causada por uma bactéria ou pela presença de caspas nos cílios ou sobrancelhas e menos comumente por alergias. A do tipo posterior normalmente está ligada a problemas nas glândulas sebáceas, que acabam criando um ambiente favorável para o crescimento de bactérias, ou outras condições da pele, como a rosácea.
Tipos
Os tipos de blefarite são:
- Anterior: que ocorre na borda frontal da pálpebra, onde os cílios se ligam
- Posterior: afeta a parte interior da pálpebra, que entra em contato com o globo ocular
Sintomas
Sintomas da blefarite
Os sintomas da blefarite surgem como consequência do aumento da oleosidade da pálpebra, como:
- Lacrimejamento
- Vermelhidão nos olhos
- Sensação de areia ou queimação dentro dos olhos
- Pálpebras que parecem oleosas
- Pálpebras vermelhas e inchadas
- Piscadas mais frequentes
- Sensibilidade à luz
- Cílios grudados uns aos outros ao acordar
- Descamação da pele ao redor dos olhos
- Aderência na pálpebra
- Cílios crescendo de forma anormal (em várias direções)
- Perda dos cílios.
Diagnóstico
O diagnóstico de blefarite é feito por um oftalmologista através de um exame biomicroscópico das pálpebras e dos olhos, em que o especialista pode utilizar algum instrumento que amplie a visão.
Em alguns casos, ele pode utilizar um cotonete para coletar uma pequena amostra do óleo ou crosta que se formou nas pálpebras. Essa amostra poderá ser analisada para verificar a existência de bactérias, fungos ou evidências de alergia.
Segundo o oftalmologista Luiz Antônio Vieira, existem exames mais recentes capazes de diagnosticar a blefarite, como a meiboscopia. Com ela é possível a visualização das glândulas da pálpebra através da transiluminação com luz infravermelha.
Fatores de risco
Pessoas que têm tendência a ter pele oleosa, caspas ou olhos secos são mais suscetíveis a desenvolver blefarite. Essa doença também está associada à meibomianite, uma inflamação que ocorre quando as glândulas meibomianas das pálpebras não funcionam corretamente.
Pessoas com rosácea, doença inflamatória crônica que geralmente se manifesta no centro do rosto, também têm mais risco de ter blefarite.
Buscando ajuda médica
Caso o paciente tenha os sintomas de blefarite e não apresente melhora, mesmo tendo boa higiene, limpando e cuidando regularmente da área afetada, é recomendado marcar uma consulta com o clínico geral. Se ele suspeitar de alguma doença ocular, como a blefarite, deve fazer o encaminhamento para um oftalmologista.
Tratamento
Tratamento de blefarite
O tratamento da blefarite consiste no alívio dos principais sintomas e, dependendo da causa, pode ser feito de diferentes formas. As principais incluem:
- Limpar a área afetada regularmente com água morna e a solução com xampu de bebê
- Aplicação de pomadas compostas de antibióticos para os casos em que há infecção bacteriana. Também pode ser necessário o uso de antibióticos via oral
- Pomadas para a inflamação nas pálpebras e dentro dos olhos
- Lágrimas artificiais ou lubrificantes oculares podem ajudar nos casos de olhos secos
- Tratar os sintomas que podem ter causado a blefarite, como a rosácea e a seborreia (caspa), entre outros.
Saiba mais: Controle a irritação nos olhos causadas pela blefarite
Medicamentos
Os medicamentos mais utilizados durante o tratamento são:
- Cilodex
- Dexavison
- Gentamicina
- Azitromicina
- Doxiciclina
- Minociclina.
É importante lembrar que raramente a blefarite desaparece completamente. Mesmo em tratamentos considerados de sucesso, é normal que a doença reapareça outras vezes.
Tem cura?
A blefarite tem cura. Os sintomas devem começar a desaparecer alguns dias após iniciar o tratamento, mas o problema pode ser recorrente. É essencial manter uma boa higiene no local para evitar que ela reapareça. Ainda assim, os sintomas podem voltar após um tempo.
Leia também: Sensibilidade à luz pode ser sinal de inflamação nos olhos
Prevenção
A blefarite pode ser prevenida a partir da higiene adequada da região dos olhos. Deve-se manter uma rotina de limpeza, que inclui lavar e massagear os olhos com água morna e shampoo de bebê, remover toda a maquiagem e usar produtos de qualidade. A massagem ainda ajuda a renovar o conteúdo das glândulas que produzem gordura, evitando que elas fiquem contaminadas ou entupidas.
Saiba mais: Limpeza de pele profunda: conheça os benefícios e como realizar
Convivendo (Prognóstico)
O tratamento proposto pelo médico deve continuar até que os sintomas desapareçam, Contudo, a rotina de cuidados e limpeza deve ser continuada a fim de manter a blefarite sob controle, com o uso de produtos adequados orientados pelo especialista. Para a lavagem dos olhos, o xampu infantil é o mais indicado, uma vez que esse tipo de cosmético é neutro e causa menos irritação nos olhos.
Também é importante atentar para a qualidade dos cremes, maquiagens e demais itens que entram em contato com o local, pois eles contribuem para a irritação. Se for um caso de blefarite bacteriana, a maquiagem pode acabar reintroduzindo a bactéria ou causar uma reação alérgica.
Outros problemas, como o estresse e a ansiedade, por exemplo, podem causar desequilíbrio de várias funções do corpo — incluindo das glândulas dos olhos. O ato de coçar os olhos também deve ser evitado.
Saiba mais: Pessoas com blefarite podem usar maquiagem nos olhos?
Complicações possíveis
As complicações da blefarite, se não tratada adequadamente, incluem:
- Problemas de pele ou cicatrizes na região da pálpebra devido ao longo período com a doença
- Baixa visão
- Falta de cílios
- Inflamações em outros tecidos oculares
- Olhos excessivamente secos ou lacrimejantes
- Dificuldades para usar lentes de contato
- Terçol
- Calázio
- Conjuntivite crônica.
Referências
Associação Americana de Optometria
Academia Americana de Oftalmologia
Mayo Clinic