Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF//MG) em 2002. Residência Médica em Neurologia pela...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O que é Distonia?
Distonia é uma doença caracterizada por espasmos e contrações musculares involuntárias e, geralmente, repetitivas, que podem causar postura desconfortável e dor. A condição pode afetar qualquer parte do corpo, incluindo braços, pernas, pés, rosto, cordas vocais e tronco.
Causas
A distonia é causada por uma alteração no sistema nervoso, responsável por controlar o movimento muscular. Esse problema pode genético ou sequela de:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC)
- Doença de Parkinson
- Encefalite
- Traumas na cabeça
Tipos
A distonia pode ser classificada como:
- Distonia primária: quando não é causada por nenhuma outra patologia
- Distonia secundária: resultado de outro problema de saúde
A distonia também é categorizada pela quantidade de regiões que acomete:
- Distonia focal: afeta apenas uma parte do corpo
- Distonia segmentar: afeta duas ou mais partes do corpo uma próxima à outra
- Distonia multifocal: afeta duas ou mais partes do corpo que não são próximas
- Distonia generalizada: afeta o tronco e mais duas partes diferentes do corpo
Outra forma de se classificar uma distonia diz respeito ao segmento no corpo onde ela ocorre:
- Olhos: blefaroespasmo
- Pescoço: distonia cervical ou torcicolo espasmódico
- Mandíbula, boca e face inferior: distonia oromandibular
- Cordas vocais: distonia laríngea
- Braços e pernas: distonia de membro
Saiba mais: Guia da Dor Muscular: entenda tipos, causas e como aliviar cada um
Sintomas
Os sintomas de distonia mais comuns são:
- Espasmos
- Contração muscular
- Movimentos involuntários
- Aumento do tônus muscular (hipertonia)
- Dor
- Rigidez muscular
- Posturas anormais, por exemplo, com o pescoço desviado
- Torções do corpo
- Cãibra do escrivão (distonia nas mãos)
- Tremores
Diagnóstico
O diagnóstico de distonia é feito com base na história clínica do paciente, exame físico e exames complementares. O exame físico geral e neurológico ajudarão no diagnóstico e na escolha dos exames complementares, que poderão ir de simples exames de sangue a testes mais complexos de neuroimagem ou genéticos.
O acompanhamento será clínico e monitorado com exames complementares, conforme a causa da distonia.
Fatores de risco
O principal fator de risco da distonia é a genética. Os portadores da mutação terão maior chance de manifestar distonia que indivíduos sem o gene com mutação. Além disso, o diagnóstico de Parkinson e de AVC também pode aumentar as chances de desenvolver a condição como uma sequela dessas doenças.
Buscando ajuda médica
Sempre que uma pessoa tiver um familiar com o diagnóstico de distonia, especialmente se isto começou a se manifestar na infância, se houver contraturas musculares sem explicação e mantidas de uma parte do corpo, dor localizada no local da contratura e posturas anormais este indivíduo deverá buscar auxílio médico.
Existem formas de distonia, no entanto, que não se manifestam ao repouso. A cãibra do escrivão, por exemplo, só é percebida durante a escrita, quando o indivíduo desenvolve uma postura anormal da mão que está escrevendo, associado a um comprometimento da letra escrita. Isto também sugere uma pista para o diagnóstico e auxílio médico.
Saiba mais: Contração muscular espasmódica: o que é, causas e tratamento
Tratamento
O tratamento da distonia tem como objetivo aliviar as contrações musculares. O médico pode optar pelos seguintes tratamentos:
- Botox: a toxina botulínica tipo A é bastante utilizada para o tratamento de distonias focais. A substância é injetada nos músculos-alvo, normalmente, a cada três meses
- Medicamentos: relaxantes musculares, benzodiazepínicos e anticolinérgicos podem ser utilizados tanto em formas generalizadas como naquelas focais
- Cirurgias: existem cirurgias disponíveis para distonia, sendo a Estimulação Cerebral Profunda e a Desnervação Periférica Seletiva as técnicas mais usadas atualmente
- Tratamentos multidisciplinares: o paciente ainda pode fazer acompanhamento com especialidades, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos
Tem cura?
Distonia tem cura?
A maioria das distonias não tem cura, uma vez que estão no contexto de doenças neurodegenerativas. Entretanto, o tratamento pode ser altamente eficaz, seja nas formas focais tratadas com toxina botulínica, seja nas formas que respondem a medicamentos, ou ainda, nas formas generalizadas que respondem à cirurgia de estimulação cerebral profunda.
Prevenção
Ainda não é possível prevenir a distonia. Entretanto, se um indivíduo está dentro de uma família com portadores de distonia, um aconselhamento genético poderá ser bastante útil para se conhecer melhor as chances de portar o gene ou de se transmiti-lo.
Complicações possíveis
A distonia não tratada impacta diretamente nas atividades do dia a dia do paciente, provocando:
Referências
Manual MSD