Jamal Sobhi Azzam é médico formado pela Faculdade de Medicina da USP em 1986 e especialista em Otorrinolaringologia pelo...
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iO que é Doença de Ménière?
A doença de Ménière é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da pressão da endolinfa, líquido existente no labirinto (dentro do ouvido). Geralmente ocorre em apenas um lado. No labirinto, há células auditivas e células responsáveis pelo equilíbrio. Com o aumento de pressão da endolinfa, essas células ficam prejudicadas, desencadeando uma série de sintomas, como vertigem e zumbido no ouvido.
A síndrome ou doença de Ménière ocorre de forma progressiva, com crises frequentes e riscos de perda de audição e de outras complicações permanentes. Mas também pode ser incidiosa, ou seja, as crises são esporádicas e sem sequência e o problema não é crônico.
A Síndrome ou Doença de Ménière não é o mesmo que labirintite, mas pode ser uma das causas dela. A labirintite é um termo popular usado para definir um conjunto de sintomas como tontura, falta de equilíbrio, zumbido etc.
Causas
Causas da doença de Ménière
As causas da síndrome ou doença de Ménière ainda não são totalmente comprovadas cientificamente. Mas há relação entre o problema e algumas doenças e complicações, como:
- Diabetes
- Hipertensão e outras doenças metabólicas
- Enxaqueca
- Doenças autoimunes (como lúpus e reumatismo)
- Infecção pelo vírus do herpes
Pessoas que passaram por uma variação brusca de pressão atmosférica ou um trauma no crânio também podem apresentar sintomas da síndrome de Ménière.
Sintomas
Sintomas da doença de Ménière
Os sintomas da doença ou síndrome de Ménièré aparecem durante as crises. Os mais comuns são:
- Vertigem (tontura ou sensação de flutuação)
- Zumbido no ouvido
- Náuseas e vômitos
- Perda auditiva, com sensação de ouvido tampado
Diagnóstico
Diagnóstico de doença de Ménière
A Academia Americana de Otolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço estabeleceu os seguintes critérios para o diagnóstico:
- Duas ou mais crises de vertigem rotatória com duração mínima de 20 minutos
- Diminuição da audição registrada pela audiometria
- Zumbido ou pressão no ouvido
Tratamento
Tratamento da doença de Ménière
O tratamento da síndrome ou doença de Ménière é feito por meio de um controle dos sintomas e das causas. O primeiro passo é tratar os sintomas que são desconfortáveis e que aparecem com frequência. Náuseas e vômitos, por exemplo, são tratados com remédios antivertiginosos. Para a perda auditiva permanente ou o zumbido frequente, pode ser indicado o uso de aparelho auditivo.
Com identificação das possíveis causas, o tratamento também passa a ser voltado para o controle delas.
Quando não há melhora clínica dos pacientes da doença de Ménière, pode ser indicada uma cirurgia chamada descompressão do saco endolinfático: feita com um corte atrás da orelha para aliviar a pressão do líquido que circula dentro do labirinto e facilitar o controle da doença. Essa cirurgia, no entanto, é feita em menos de 1% dos casos e não garante resultado. Os tratamentos costumam ser clínicos.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de doença de Ménière são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções que constam na bula.
Prevenção
Dá para prevenir doença de Ménière?
Como a síndrome de Ménière pode ter relação com doenças metabólicas e autoimunes, pede-se um controle diário dessas doenças para evitar complicações no labirinto. É importante evitar o consumo excessivo de sal, de álcool e de cafeína, por exemplo. Isso não garante, porém, a total prevenção do problema, pois ele pode estar relacionado a diversas causas que são impossíveis de prevenir.
Complicações possíveis
Se as crises da doença de Ménièré forem frequentes e não controladas, o paciente pode ter perda progressiva de audição, ou seja, a audição não volta totalmente ao normal ao final de uma crise, podendo ser necessário o uso de aparelho auditivo.
Além disso, o paciente começa a ficar incapacitado em decorrência da repetição das crises. Após as crises sucessivas, o zumbido no ouvido pode permanecer definitivamente. Com a autoestima afetada, o paciente pode desenvolver problemas emocionais, como depressão.
Links Úteis
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia
Referências
Eduardo Ortiz, otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade São Luiz de São Paulo
Rita de Cássia Guimaráes, otorrinolaringologista coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ)
Levon Mekhitarian Neto, otorrinolaringologista e mestre em Ciências da Saúde
Fernando Ganança, otorrinolaringologista vice-presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF)