Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
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O que é Doença do refluxo gastroesofágico?
A doença do refluxo gastroesofágico é uma doença digestiva em que os ácidos presentes dentro do estômago voltam pelo esôfago em vez de seguirem o fluxo normal da digestão. Esse movimento, conhecido como refluxo, irrita os tecidos que revestem o esôfago, causando sintomas típicos, como azia, tosse e dor no peito.
Causas
Causas da doença do refluxo gastroesofágico
Uma vez que a comida está no estômago, um anel de fibras musculares impede que o alimento mova-se em direção ao esôfago. Essas fibras musculares são chamadas de esfíncter esofágico inferior.
Se o esfíncter não fechar bem, tudo o que a pessoa comeu, bebeu e até mesmo o suco gástrico usado na digestão pode vazar de volta para o esôfago. Isso é chamado de refluxo gastroesofágico. A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é definida pela presença do refluxo gastroesofágico associado a sintomas ou complicações.
Entre as causas da doença do refluxo gastroesofágico estão:
- Hérnia de hiato
- Hipotonia do esfíncter esofagiano inferior
- Perda da peristalse do esôfago (contrações musculares coordenadas para conduzir o alimento para o estômago)
- Aumento da secreção gástrica
- Aumento da pressão intra-abdominal
- Estômago muito cheio por tempo prolongado
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Sintomas
Sintomas da doença do refluxo gastroesofágico
Alguns sintomas da doença de refluxo gastroesofágico são:
- Azia
- Dor no peito
- Regurgitação
- Tosse seca
- Rouquidão
- Dor de garganta
- Náusea após refeições
- Afta
- Pigarro
- Sinusite
- Otite
- Sensação de "bolo na garganta"
- Erosão dentária
Uma pessoa diagnosticada com DRGE pode ter a sensação de que o alimento pode ter ficado preso na garganta e pode sentir os sinais de a doença aumentar ao se curvar, inclinar para a frente, ficar deitada ou comer. Os sintomas também costumam ser piores à noite e podem ser aliviados com antiácidos.
Diagnóstico
Nem sempre é necessária a realização de endoscopia digestiva alta em todos pacientes com DRGE. Em pessoa jovens, com sintomas sugestivos de refluxo e na ausência de sinais de alarme (dor ou dificuldade para engolir, anemia, emagrecimento, vômitos importantes e história de câncer na família), pode-se optar por realizar tratamento empírico, com medicamentos e dieta, por até oito semanas e observar se há remissão da doença.
Caso não seja obtida a cura, exames complementares como a endoscopia digestiva alta devem ser feitos a fim de avaliar a gravidade da doença e excluir alterações mais graves como úlceras, estenose, esôfago de Barrett e câncer.
O refluxo de ácido para o esôfago também é um critério bastante utilizado para fazer o diagnóstico. Para medi-lo, o especialista usará um medidor que será inserido no interior do esôfago do paciente. Este medidor verificará a quantidade de ácido presente no tubo, enviando as respostas para um computador. Este exame é conhecido como phmetria esofagiana.
Podem ainda ser necessários outros exames, como a esofagomanometria (para estudar a motilidade esofagiana e o tônus do esfíncter esofagiano inferior) e a impedanciometria esofágica (detecta inclusive o refluxo não ácido pela medida das variações na resistência elétrica dentro do esôfago).
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Fatores de risco
Alguns fatores são considerados de risco, pois aumentam as chances de uma pessoa apresentar a doença do refluxo gastroesofágico:
- Obesidade
- Gravidez
- Hérnia de hiato
- Tabagismo
- Asma
- Diabetes
- Atraso no esvaziamento do estômago
- Esclerodermia e outros distúrbios do tecido conjuntivo
- Uso de certas medicações como betabloqueadores, broncodilatadores, bloqueadores dos canais de cálcio para pressão arterial alta, agonistas dopaminérgicos, sedativos e antidepressivos tricíclicos
- Alimentação: chocolate, pimenta, frituras, café e bebidas alcoólicas estão entre os itens que, se consumidos em excesso, podem contribuir para o refluxo
Tratamento
Tratamento da doença do refluxo gastroesofágico
De acordo Anna Carolina Hoff, cirurgiã geral e especialista em endoscopia digestiva, o tratamento clínico é realizado através de várias medidas que podem ser tomadas para aliviar os sintomas causados pela doença do refluxo gastroesofágico, como:
- Erguer a cabeceira da cama
- Evitar medicamentos e alimentos que aumentam o acúmulo de ácido
- Perda de peso
- Não comer pelo menos 3 horas antes de dormir
- Não fumar
- Evitar consumir alimentos à base de vinagre
- Evitar bebidas ácidas, como suco de laranja e refrigerantes a base de cola
- Diminuir ou parar o consumo de cafeína
A especialista explica que, em uma pessoa saudável, existe uma válvula natural entre o esôfago e o estômago que forma uma barreira física entre eles, impedindo que os fluidos do estômago refluam para o esôfago. Quando existe a presença da doença do refluxo gastroesofágico crônica, essa válvula se torna disfuncional.
Cirurgias antirrefluxo
São usadas em casos selecionados, considerando idade do paciente, sintomas, complicações possíveis e características anatômicas e funcionais do esôfago. Esse procedimento, normalmente feito por via laparoscópica, consiste em envolver o esôfago com a parte do estômago que está mais próxima e costurar esse fundo gástrico ao redor do esôfago distal, formando uma válvula antirrefluxo.
Apesar de a mortalidade associada à cirurgia ser inferior a 1%, até um quarto dos pacientes apresenta sintomas no pós-operatório, como dificuldade de engolir e sensação de distensão no estômago, com dificuldade de arrotar. Além disso, após um período de 10 anos, a maioria dos pacientes volta a usar medicamentos para o tratamento da DRGE.
Atualmente, o dispositivo Esophyx é uma alternativa minimamente invasiva e sem cortes, implantado pela boca, realizado em regime ambulatorial. Segundo Anna, a cirurgia apresenta resultados semelhantes ao procedimento tradicional, só que com menos efeitos colaterais e maior eficácia, reparando a válvula danificada pela doença ao envolver o Esophyx no esôfago, restaurando a anatomia natural do órgão.
Medicamentos
Remédios para refluxo gastroesofágico
Os medicamentos mais usados para o tratamento de alguns sintomas da doença do refluxo gastroesofágico são:
- Dexilant
- Digedrat
- Digesan
- Digestil (comprimidos)
- Digestil (gotas)
- Domperidona
- Esomeprazol Magnesio
- Omeprazol
- Bromoprida
- Label
- Lansoprazol
- Motilium
- Nexium
- Pantoprazol
- Digeplus
- Rabeprazol
- Trimebutina
- Ondansetrona
- Luftagastropro
- Magnésia bisurada
- Droxaíne
- Simeco Plus
Convivendo (Prognóstico)
Os médicos recomendam algumas práticas para ajudar na recuperação e no tratamento da doença do refluxo gastroesofágico:
- Manter uma dieta sempre saudável e balanceada
- Evitar usar roupas muito apertadas
- Evitar o consumo de alimentos e bebidas que possam contribuir para um quadro de azia
- Alimentar-se a cada 3 horas com refeições menos volumosas
- Comer devagar
- Não deitar-se após as refeições
- Dormir com a cabeceira da cama elevada em 15 a 18 cm, permitindo que o material refluído para o esôfago retorne prontamente ao estômago
- Evitar o fumo e o consumo exacerbado de bebidas alcoólicas
- Beber muita água no intervalo entre as refeições
- Reduzir o estresse
Saiba mais: 6 dicas simples para amenizar o refluxo
Complicações possíveis
Se não for tratada, a doença do refluxo gastroesofágico pode causar problemas mais graves para o paciente, como:
- Esôfago de Barrett (uma alteração no revestimento do esôfago que pode aumentar o risco de câncer)
- Broncoespasmo (irritação e espasmo das vias respiratórias devido ao suco gástrico) e asma
- Fibrose pulmonar
- Tosse ou rouquidão crônica
- Problemas dentais
- Úlcera esofágica
- Inflamação do esôfago
- Infecções de vias aéreas superiores, como sinusite e otite
- Estrangulamento (um estreitamento do esôfago devido à cicatrização da inflamação)
Referências
Ministério da Saúde
Federação Brasileira de Gastroenterologia