Diretora médica e de operações do Femme Laboratório da Mulher.Graduada em Medicina pela Universidade de Brasília. Residê...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O que é Eclâmpsia?
Eclâmpsia é uma condição rara, mas grave, que provoca convulsões durante a gravidez. A eclâmpsia afeta cerca de uma em cada 2 mil a 3 mil gestações, e pode afetar qualquer gestante, mesmo quem não tem um histórico de convulsões.
Causas
A eclâmpsia é uma complicação grave da pré-eclâmpsia, que ocorre quando a pressão arterial está elevada (acima de 140/90 mmHg) a qualquer momento após a sua 20ª semana de gravidez, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Além da pressão arterial elevada, outras complicações como excesso de proteína na urina ou insuficiência hepática devem acontecer para se ter o diagnóstico de pré-eclâmpsia.
Se a pré-eclâmpsia se agrava e afeta o cérebro, causando convulsões ou coma, você desenvolveu eclâmpsia. A causa exata da pré-eclâmpsia é desconhecida.
Acredita-se que a pré-eclâmpsia começa na placenta - o órgão que nutre o feto durante a gravidez. No início da gestação, novos vasos sanguíneos se desenvolvem e evoluem para enviar eficientemente o sangue para a placenta. Em mulheres com pré-eclâmpsia, estes vasos sanguíneos não parecem desenvolver-se adequadamente. Eles são mais estreitos do que os vasos sanguíneos normais e reagem de forma diferente à sinalização hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode fluir através delas.
As causas deste desenvolvimento anormal podem incluir:
- Fluxo sanguíneo insuficiente para o útero
- Danos aos vasos sanguíneos
- Um problema com o sistema imunológico
- Certos genes
- Outros distúrbios de pressão arterial elevada durante a gravidez.
Sintomas
Os sintomas comuns de eclâmpsia são:
- Convulsões
- Perda de consciência
- Agitação
- Dores de cabeça ou dores musculares.
Eclampsia e seu bebê
A pré-eclâmpsia e eclâmpsia afetam a placenta, órgão que fornece oxigênio, sangue e nutrientes para o feto. Quando a pressão arterial elevada reduz o fluxo de sangue, a placenta pode ser incapaz de funcionar corretamente. Isso pode levar o bebê a nascer com baixo peso ou outros problemas de saúde. Problemas com a placenta muitas vezes podem antecipar parto. Em casos raros, estas condições pode levar a um bebê natimorto.
Sintomas da pré-eclâmpsia
Você pode não notar um aumento da pressão arterial durante a gravidez até que ela esteja perigosamente alta. Assim, é fundamental para todas as pessoas grávidas agendarem visitas regulares com obstetra e para acompanhar e identificar os sintomas de pré-eclâmpsia precocemente. Entre os primeiros sintomas estão:
- Rápido ganho de peso, de 2 a 5 quilos em uma única semana
- Inchaço da face ou extremidades, especialmente as mãos.
Se a pré-eclâmpsia progride, é possível observar outros sintomas, tais como:
- Dores de cabeça
- Alterações da visão (visão turva, visão dupla, vendo pontos de luz)
- Dor abdominal, especialmente no canto superior direito ou no meio abdômen
- Urinar com menos frequência
- Falta de ar
- Náuseas ou vômitos
- Confusão
- Convulsões.
Diagnóstico
Se você já recebeu o diagnóstico de pré-eclâmpsia ou têm histórico da doença, o médico irá pedir exames para determinar se a pré-eclâmpsia piorou ou tem chances de acontecer novamente. Se você não recebeu esse diagnóstico, mas está preocupada com o risco, o médico irá pedir exames relacionados com a pré-eclâmpsia:
- Pressão arterial
- Exames de sangue para determinar contagem de plaquetas e funcionamento do fígado e rins
- Exames de urina, para identificar altos níveis de proteína
- Ultrassom fetal com Doppler, para saber como está o bebê
- Verificar a frequência cardíaca do bebê.
Fatores de risco
Se você tem ou já teve pré-eclâmpsia grave, você pode estar em risco de eclâmpsia. Outros fatores de risco incluem:
- Histórico familiar de eclâmpsia
- Primeira gravidez
- Idade, sendo que o risco é maior após os 35 anos
- Gravidez múltipla
- Intervalo de 10 anos ou mais entre as gestações.
A presença de outras doenças também pode aumentar o risco de eclâmpsia, como:
- Obesidade
- Hipertensão
- Enxaqueca
- Diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2
- Doença renal
- Tendência a desenvolver coágulos de sangue
- Uma doença autoimune, como a artrite reumatóide, escleroderma e lúpus.
Buscando ajuda médica
Certifique-se de fazer as consultas pré-natais para monitorar sua pressão arterial. Contate um ou uma obstetra imediatamente ou vá para uma sala de emergência se você tem dores de cabeça, visão turva, dor importante no abdômen ou grave falta de ar.
Como as dores de cabeça, náuseas e dores são sintomas de gravidez comuns, é difícil saber quando novos sintomas são simplesmente parte de estar grávida e quando eles podem indicar um problema sério - especialmente se é a primeira gravidez. Se você está preocupado com os seus sintomas, avise o médico.
Busque atendimento de emergência em casos de:
- Dores de cabeça ou dores musculares graves
- Agitação
- Convulsões
- Perda de consciência.
Tratamento
O parto é a única forma de curar a eclâmpsia. Se você desenvolver eclâmpsia, o médico pode antecipar o parto, dependendo de quão longe você está em sua gravidez. Parto prematuro pode ocorrer entre 32 e 36 semanas de gravidez, se surgirem sintomas de risco de vida ou se a medicação não funcionar.
Medicamentos
Medicamentos para prevenir convulsões (anticonvulsivantes) podem ser usados. Se você tem pressão arterial elevada, a medicação para abaixá-la também pode ser administrada.
Mudanças de estilo de vida
Toda gestante hipertensa ou com alto risco de hipertensão deve inicialmente fazer mudanças em seu estilo de vida, como ingerir pouco sódio, manter o peso, dormir adequadamente e fazer caminhada regularmente. Se, mesmo com a adoção desses hábitos, a pressão persistir alta, deve-se fazer uso de medicamentos.
O repouso absoluto pode ser recomendado, com a gestante deitada sobre o lado esquerdo do corpo tempo todo ou a maior parte do tempo.
Hospitalização
Eclâmpsia na maioria dos casos exige hospitalização. No hospital, seu bebê será monitorado, o volume de líquido amniótico e o estudo Doppler dos vasos maternos e fetais medido frequentemente. A falta de líquido amniótico e alteração do estudo Doppler é um sinal de que o fornecimento de sangue para o bebê está deficiente.
Parto
Se o diagnóstico da pré-eclâmpsia ocorre perto do fim da sua gravidez, pode ser recomendada uma indução do trabalho de parto. As condições do colo uterino - se está começando a abrir (dilatar), afinar e suavizar (amadurecer) - também podem ser um fator para determinar se ou quando o trabalho será induzido.
Em casos graves, pode não ser possível considerar a idade gestacional do seu bebê ou as condições do seu colo do útero. Se não for possível esperar, o médico pode induzir o parto ou agendar uma cesárea. Durante o parto, você pode receber sulfato de magnésio por via intravenosa para prevenir novas convulsões.
Após o parto
Após o parto, deve-se esperar a pressão arterial voltar ao normal dentro de 12 semanas, mas geralmente isso ocorre muito mais cedo. Se a paciente precisar de medicação para aliviar a dor após o parto, confira com o médico o que pode ser ou não ingerido. A eclâmpsia pode exigir que você fique mais tempo no hospital depois de dar à luz. A doença geralmente não aumenta o risco de pressão alta no futuro.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de eclâmpsia são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Descobrir que você tem uma complicação potencialmente grave da gravidez pode ser assustador. Se o diagnóstico de eclâmpsia acontece no final de sua gravidez pode ser preocupante, uma vez que o parto pode começar a ser induzido imediatamente. Se você é diagnosticado mais cedo em sua gravidez, você pode ter várias semanas para se preocupar com a saúde do seu bebê.
Grupos de suporte e materiais informativos podem ajudar a entender melhor essa condição. Além de conversar com o médico, faça alguma pesquisa. Certifique-se de entender quando é necessário buscar ajuda médica, como você deve monitorar o bebê e sua condição.
Prevenção
A pré-eclâmpsia, que pode evoluir para eclampsia, pode interferir com a capacidade da placenta de fornecer oxigênio e nutrição para o feto. Como não se sabe exatamente qual a causa da pré-eclâmpsia, é muito difícil saber como evitá-la. Mas uma vez que a pré-eclâmpsia foi identificada, existem passos que você pode tomar para evitar a eclâmpsia. Estes incluem:
- Repouso
- Monitorização cuidadosa da mãe e do bebê
- Parto quando necessário.
Uma vez que o bebê nasceu, a pressão arterial deve voltar ao normal.
Complicações possíveis
Quanto mais grave a eclâmpsia for e quanto mais cedo ela ocorre, maiores serão os riscos para a gestante e seu bebê. A eclâmpsia pode exigir trabalho de parto induzido ou parto cirúrgico (cesariana). Se você tiver eclâmpsia grave ou estiver com menos de 30 semanas de gestação, uma cesárea pode ser necessária.
As complicações da pré-eclâmpsia e eclâmpsia podem incluir:
- Falta de fluxo sanguíneo para a placenta
- Descolamento prematuro da placenta
- Síndrome HELLP, caracterizada pela elevação das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas
- Doença cardiovascular no futuro.
Referências
Federação Brasileira das Associações de Ginecologista e ObstetríciaAssociação de Ginecologista e Obstetrícia do Estado de São PauloDra. Viviane Lopes, ginecologista e obstetra do Femme Laboratório da Mulher e mestre em Obstetrícia pela UNIFESP - CRM SP 105166