Manuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Hipogonadismo?
Hipogonadismo é uma doença na qual as gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres) não produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres. Além dos hormônios, os testículos podem não produzir espermatozoides adequadamente. Da mesma forma, os ovários podem não produzir e liberar óvulos, o que causará dificuldades para engravidar.
Causas
Causas do hipogonadismo
Existem várias causas do hipogonadismo. Atualmente, em casos de hipogonadismo masculino, a causa mais frequente é a obesidade, que influencia negativamente na função da hipófise (pequena glândula localizada no cérebro) e dos testículos. Traumas (pancadas) ou infecções nos testículos, como por exemplo a caxumba, são outras causas comuns.
Em ambos os sexos, o uso de medicamentos (como por exemplo agentes quimioterápicos ou medicamentos para dor que contenham opioides) e substâncias ilícitas (como esteroides anabolizantes sintéticos) podem afetar a função das gônadas. Outros distúrbios hormonais não tratados, como o hipotireoidismo, podem levar ao hipogonadismo.
Do ponto de vista de causas congênitas e genéticas, a síndrome de Klinefelter é a causa mais comum em homens e a síndrome de Turner é a causa mais comum de hipogonadismo feminino.
Dentre as causas menos comuns estão:
- Doenças autoimunes: caso em que o sistema de defesa produz anticorpos que passam a atacar o próprio organismo, no caso os testículos ou ovários, ao invés de atacar os germes
- Hemocromatose: doença na qual nosso organismo começa a depositar ferro nos tecidos, danificando as gônadas ou até mesmo da hipófise
- Síndrome de Kallmann, tumores hipofisários, HIV (AIDS), ou até mesmo outras doenças crônicas, podem levar ao hipogonadismo
- Emagrecimento pode ser uma causa de hipogonadismo, especialmente em mulheres atletas
- Cirurgias e radiação: cirurgias ou radioterapia realizadas em locais próximos ao testículo, ovários ou hipófise podem ocasionar alteração na função gonadal
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Tipos
Antes de mais nada, é preciso lembrar que as gônadas funcionam comandadas por uma outra glândula chamada hipófise. Esta glândula fica na base do cérebro e produz hormônios, como os hormônios luteinizantes e folículo-estimulante (LH e FSH), que fazem os testículos e ovários funcionarem e produzirem seus hormônios sexuais: testosterona, progesterona e estrogênio. Sendo assim, podemos começar a diferenciar os tipos de hipogonadismo.
Hipogonadismo hipergonadotrófico
Quando o hipogonadismo ocorre por problemas nas gônadas, acometidas por alguma doença, como uma caxumba, e com isso passam a apresentar falha na produção de hormônios, é chamado pelos médicos de hipogonadismo hipergonadotrófico. Alguns médicos podem chamar essa forma de hipogonadismo primário, mas esse termo é menos aceito na comunidade médica no momento.
Hipogonadismo hipogonadotrófico
Por outro lado, se a causa do mal funcionamento das gônadas for decorrente de um problema na hipófise, como um tumor hipofisário, os médicos denominam como hipogonadismo hipogonadotrófico. Alguns médicos podem chamar essa forma de hipogonadismo central ou secundário, mas esse termo é menos aceito na comunidade médica no momento.
Hipogonadismo congênito ou adquirido
Os tipos de hipogonadismo também podem ser diferenciados de acordo com o tempo de surgimento. Em alguns casos, os pacientes já nascem com problemas nas gônadas, chamado hipogonadismo congênito. Outras vezes, os pacientes adquirem o problema depois do nascimento, denominado hipogonadismo adquirido.
Sintomas
Sintomas de hipogonadismo
Os sintomas de hipogonadismo em homens adultos mais comuns são:
- Baixa de libido
- Dificuldade na ereção
- Redução de pelos no corpo: barba, pelos axilares e pubianos
- Redução da produção de esperma
- Dificuldade para engravidar a parceira
- Perda de massa muscular e ganho de gordura
- Falta de energia e desânimo
Os sintomas de hipogonadismo em mulheres mais comuns são:
- Alteração do ciclo menstrual, podendo chegar até a ausência desta por mais de 3 meses (amenorreia)
- Dificuldade de engravidar
- Redução da libido e perda dos pelos pubianos e axilares
- Falta de energia e perda de massa muscular
- Fogachos (calorões que são comuns em mulheres menopausadas) em mulheres com menos de 40 anos
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Em crianças, a ausência de puberdade é um sintoma comum a ambos os sexos. No entanto, conforme o tipo de órgão reprodutor, os sintomas mudam. Em meninas os sintomas mais comuns do hipogonadismo são:
- Não desenvolvem a mama até os 14 anos
- Não menstruam até aos 14 anos
- Não desenvolvem pelos pubianos até os 14 anos
Já nos meninos os sintomas são:
- Não desenvolvem o pênis até os 16 anos
- Não desenvolvem pelos pubianos
- Sem alterações na voz até os 16 anos
- Surgimento de mamas em qualquer idade
Caso o hipogonadismo seja congênito em meninos, ou seja, desenvolvido na gestação e presente ao nascimento, pode haver diferenciação sexual inadequada, ou seja, formação de genitália externa ambígua ou micropênis.
Diagnóstico
Diagnóstico de hipogonadismo
O diagnóstico do hipogonadismo é feito através do histórico clínico do paciente, do exame físico e confirmado através da realização de exames complementares.
Vários exames podem ser solicitados, a depender de cada caso, como por exemplo a determinação do painel de hormônios como: FSH, LH, estradiol, progesterona, testosterona, DHT, prolactina, TSH e T4L.
Pode ser necessário realizar outros exames como:
- Espermograma
- Ultrassom de testículos
- Ultrassom da pelve (para avaliar os ovários)
- Ressonância da hipófise
Lembrando que os exames citados devem ser diferenciados de acordo com sexo do paciente.
Fatores de risco
Os fatores de risco para o hipogonadismo estão relacionados aos possíveis quadros e acontecimentos que predispõem a doença, como obesidade, traumas na região pélvica, usar substâncias ilícitas, doenças crônicas - como AIDS e diabetes tipo 2 -, entre outros.
Tratamento
O tratamento visa inicialmente solucionar a causa do hipogonadismo. Por exemplo, quando a causa é um tumor hipofisário, o tratamento pode ser a cirurgia ou tratamento medicamentoso específico para esta lesão. No caso da obesidade, tratá-la pode ser o suficiente, sem necessidade de outras intervenções.
Na maioria dos pacientes com hipogonadismo, quando a causa não é curável, como em uma lesão testicular por trauma ou ovariana por uma doença autoimune, o tratamento consistirá na reposição dos hormônios sexuais que estão em falta, como por exemplo a testosterona, o estradiol e a progesterona, a depender do sexo do paciente, o que poderá ajudar muito com o desejo sexual, a saúde óssea, muscular, entre outros efeitos do quadro.
Em alguns casos, quando a doença inicial não ocorre na gônada (como por exemplo, numa lesão de hipófise pós-radioterapia) e o paciente tem o desejo de recuperar a fertilidade, alguns tratamentos podem ser feitos utilizando medicamentos que estimulem a função dos ovários ou dos testículos. Em geral, são medicamentos que contém moléculas iguais ou semelhantes ao LH ou FSH, que são naturalmente produzidos no nosso organismo.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de hipogonadismo são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Depende da causa do hipogonadismo. Algumas vezes, quando a causa é um fator passível de correção, o paciente pode ser curado, é o caso, por exemplo, da obesidade.
Porém, na maioria dos casos, é indicado focar no tratamento com reposição hormonal, que pode contornar os prejuízos causados pelo hipogonadismo, porém sem curá-lo. No caso de homens já idosos, o benefício da administração de testosterona não é claro.
Prevenção
Somente algumas causas podem ser preveníveis, como por exemplo o ganho de peso e a falta de sono em homens. Neste caso, orienta-se ter uma vida saudável: comer bem, dormir o tempo adequado e praticar atividade física.
Também é importante evitar a automedicação, pois alguns medicamentos interferem na função das gônadas.
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Complicações possíveis
A primeira complicação do hipogonadismo é a perda de fertilidade. Além disso, a falta de hormônios sexuais precocemente pode levar a alterações metabólicas, como:
- Aumento do risco cardiovascular (infarto ou derrames)
- Ganho de peso
- Perda de massa muscular
- Alterações do humor (desânimo, tristeza e falta de energia)
- Alterações da massa óssea, fazendo com que os ossos fiquem fracos e mais sujeitos a fraturas (osteopenia e osteoporose)
Referências
Endocrine Society
Mayo Clinic
P Kumar, Male hypogonadism: Symptoms and treatment. J Adv Pharm Technol Res. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3255409/