Possui graduação em Medicina pela Universidade de Brasília e residência em clínica médica pelo Hospital de Base do Distr...
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O que é Tromboflebite?
A tromboflebite é uma condição causada pela formação de um coágulo sanguíneo no interior de uma veia superficial acompanhada de uma reação inflamatória da parede do vaso.
A tromboflebite nas pernas ocorre com maior frequência, sendo raro em veias dos braços ou do pescoço, por exemplo.
Quando os coágulos de sangue são formados em veias mais superficiais e próximas à superfície da pele, a doença recebe o nome de tromboflebite. Quando o mesmo acometimento se dá em veias mais profundas, ela é chamada de trombose venosa profunda – um problema de saúde bem mais grave.
Causas
O mais usual é que a tromboflebite apareça depois da formação de pequenos coágulos após um trauma no corpo que lesiona um vaso - como uma batida na perna ou ao receber uma injeção - que causa uma reação de cicatrização endovascular que pode gerar este coágulo.
A formação de coágulos de sangue, entretanto, também pode ocorrer de forma espontânea, o que pode significar algum problema de saúde mais grave - como doenças autoimunes, inflamatórias ou mesmo câncer - ou algum hábito de saúde que precisa ser mudado, como o uso de certas medicações. Veja algumas dessas causas:
- Lesão de uma veia ou artéria
- Distúrbio de coagulação do sangue
- Permanecer imóvel por longos períodos de tempo, como durante uma internação hospitalar
- Uso de anticoncepcional
- Uso de testosterona
- Doenças renais (síndrome nefrótica)
- Doenças autoimunes
- Doença inflamatória intestinal
- Trombofilia hereditária
Sintomas
Os principais sintomas de tromboflebite superficial incluem:
- Vermelhidão localizada
- Inchaço na área afetada
- Calor ao toque
- Sensibilidade
- Dor
- Pode se apresentar com a formação de um cordão vermelho, duro e/ou macio logo abaixo da superfície da pele (trata-se do vaso sanguíneo que fica mais saliente).
Para efeito de comparação, os sinais e sintomas de trombose venosa profunda também incluem dor e inchaço, principalmente, mas o membro como um todo pode ficar inchado, sensível e doloroso.
Diagnóstico
Para diagnóstico da tromboflebite, o médico deverá fazer um exame físico para analisar quais veias podem estar sendo afetadas. Para determinar se você tem tromboflebite superficial ou trombose venosa profunda, o médico pode pedir os seguintes testes:
- Exames de sangue para estudo da coagulação
- Ultrassonografias (com Doppler)
- Tomografia computadorizada, para descobrir onde o coágulo está presente exatamente.
Fatores de risco
As chances de desenvolver tromboflebite podem aumentar quando presente um dos fatores de risco abaixo:
- Permanecer deitado e imóvel em uma cama por tempo prolongado, como após uma cirurgia ou depois de quebrar a perna, por exemplo
- Histórico de acidente vascular cerebral (AVC) que tenha causado paralisia nos braços ou nas pernas
- Possuir um cateter em uma veia central para o tratamento de alguma condição médica, o que pode provocar irritação da parede do vaso sanguíneo e formação de coágulos
- Gravidez ou ter acabado de dar à luz, o que pode significar que a pressão das veias da pelve e das pernas está aumentada
- Uso de pílulas anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal
- Ter histórico familiar de algum transtorno de coagulação sanguínea ou uma tendência a formar coágulos mais facilmente
- Ter mais de 60 anos - a partir dessa faixa etária as pessoas estão mais suscetíveis à formação de coágulos de sangue
- Ter varizes, que são uma causa comum de tromboflebite superficial.
- Tabagismo
- Sedentarismo
Quanto mais fatores de risco uma pessoa tiver, maior será o seu risco de tromboflebite. Se você apresentar um ou mais fatores de risco, não se esqueça de discutir estratégias de prevenção com um médico antes de longos períodos de inatividade, como após uma cirurgia ou durante um longo voo ou uma viagem de carro.
Saiba mais: Escolha entre sete tratamentos para vasinhos e varizes
Buscando ajuda médica
Consulte um médico o quanto antes se você notar uma veia inchada ou vermelha - especialmente se você tiver um ou mais fatores de risco para tromboflebite ou para trombose. Um angiologista, cardiologista, clínico-geral ou hematologista são os médicos que podem ajudar mais a diagnosticar o quadro.
Se você apresentar inchaço e dor nas pernas, juntamente com falta de ar ou dor no peito, procure ajuda emergencial. Estes sinais e sintomas podem indicar a trombose venosa profunda, o que aumenta o risco de um coágulo de sangue viajar pela corrente sanguínea e instalar-se em órgãos vitais, como os pulmões.
Tratamento
O tratamento para tromboflebite nem sempre envolve o uso de anticoagulantes para desfazer o coágulo na corrente sanguínea. Essa escolha dependerá da extensão da lesão e das chances do trombo migrar para o sistema venoso profundo e causar problemas mais graves, como uma trombose venosa profunda. Em muitos casos, o médico opta por administrar anti-inflamatórios para a resolução do quadro.
Em linhas gerais, o tratamento se dá no seguinte com:
- Uso de anti-inflamatórios
- Uso de anticoagulantes em alguns casos
- Uso de meias de compressão, que podem ser prescritas para prevenir o inchaço e reduzir as chances de complicações decorrentes de trombose venosa profunda
- Aplicação de calor local
- Tratamento e cirurgia para remoção de varizes.
Tem cura?
A tromboflebite costuma responder bem ao tratamento e ser curada em boa parte dos casos, mas em outros pode ocorrer a recorrência da tromboflebite (situação em que a doença vai e volta diversas vezes). Nesse caso, o uso contínuo de medicações anticoagulantes pode ser indicado para ajudar a lidar com o quadro.
Tromboflebite é perigoso?
A tromboflebite não costuma, por si só, representar um grande risco à saúde. Porém, é importante que ela seja avaliada por um profissional para que ele estime o risco de deslocamento do trombo para veias profundas. A tromboflebite superficial sozinha geralmente não requer hospitalização e melhora significativamente dentro de um mês, aproximadamente.
Prevenção
Adotar um estilo de vida saudável e, se for o caso, realizar mudanças de rotina são essenciais para prevenir a tromboflebite.
Antes de mais nada, evite permanecer muito tempo sem se mexer. Se você acabou de passar por um procedimento cirúrgico, um fisioterapeuta pode te auxiliar a voltar a se movimentar normalmente, além de orientar caminhadas pelo quarto e corredores do hospital quando possível.
Sedentarismo, uso de hormônios (principalmente a testosterona) sem orientação, tabagismo, entre outras práticas que potencializam o aparecimento de coágulos também devem ser evitadas.
Convivendo (Prognóstico)
Além de adotar hábitos de vida saudáveis, como não fumar, praticar atividades físicas e se alimentar bem, em alguns casos de tromboflebite pode ser necessário prolongar o uso de medicação anticoagulante, como heparina ou marevam, por exemplo, para evitar a recorrência da doença.
Caso não haja complicações vasculares maiores, é perfeitamente possível ter uma rotina normal e com qualidade de vida.
Complicações possíveis
Se a tromboflebite está presente em apenas uma veia sob a pele, as complicações decorrentes desta condição são raras. No entanto, se o coágulo ocorrer em uma veia profunda, o paciente pode desenvolver a trombose venosa profunda. Se isso acontecer, o risco de complicações graves é maior. As complicações mais comuns podem incluir embolia pulmonar, caracterizada pelo deslocamento do trombo para os vasos pulmonares, e síndrome pós-trombótica, uma insuficiência venosa crônica.
Referências
Ministério da Saúde
Sobreira ML. Tromboflebite superficial: epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. In: J. vasc. bras. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/jvb/a/ZcyJWj54QgDSZgDfjDXXcGh/?lang=pt