Varizes esofágicas: o que são, causas, sintomas e riscos

O que é Varizes esofágicas?

Varizes esofágicas é o nome dado a veias dilatadas na região do esôfago, órgão em formato de “tubo” que liga a garganta ao estômago. Varizes no esôfago podem ser de fino ou grosso calibre, e esta medida varia de acordo com a gravidade do problema.

Estas varizes podem ocorrer também no próprio estômago, quadro em que recebem o nome de varizes gástricas – e ambos os problemas são decorrentes de complicações relacionadas ao fígado.

Causas

A causa das varizes esofágicas é, geralmente, algo ligado a um quadro de hipertensão portal, ou seja, aumento da pressão sanguínea na veia porta, principal vaso sanguíneo responsável por levar o sangue do intestino até o fígado.

Quando há hipertensão portal, o corpo busca novas formas de transportar o sangue. Sendo assim, as veias do esôfago ou do estômago podem ficar sobrecarregadas, algo que leva ao aumento do calibre desses vasos.

A hipertensão portal, por sua vez, não tem uma causa única. Na maior parte das vezes, o problema é causado por um quadro de cirrose hepática, que ocasiona o surgimento de fibrose no fígado e pode impedir o fluxo sanguíneo da veia porta – mas há outras doenças que levam a isso.

Tipo comum de doença parasitária, a esquistossomose, verminose causada por parasitas aquáticos que entram no corpo pela pele e chegam à corrente sanguínea, também é uma possível causa de varizes esofágicas. Isso porque, em casos graves da verminose, pode haver hipertensão portal, causando a dilatação das veias do esôfago.

Além disso, trombose da veia porta, esplênica ou supra-hepática também podem levar a este quadro – e, em situações bastante raras, as varizes esofágicas surgem sem que causas sejam identificadas.

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Sintomas

Em boa parte dos casos, os sintomas de varizes esofágicas não aparecem até que haja exacerbação do quadro. Isso geralmente ocorre quando algum vasinho se rompe, gerando então sangramento que pode ser identificado tanto na boca quanto nas fezes.

Nestes casos, podem ocorrer os seguintes sintomas:

• Vômito com sangue;
• Fezes com sangue ou muito escuras;
• Palidez;
• Tontura;
• Sonolência;
• Perda de consciência.

Diagnóstico

Como o principal sintoma de varizes esofágicas - o sangramento pela boca ou na evacuação - pode ser sinal de uma série de outras complicações de saúde, o especialista consultado pode pedir diferentes exames para investigar o quadro.

Habitualmente o diagnóstico de varizes no esôfago é feito através da endoscopia digestiva alta, procedimento em que um tubo chamado endoscópio é inserido pela boca do paciente sedado. Por ter uma câmera na ponta, o endoscópio possibilita visualizar os vasos dilatados.

Fatores de risco

Como a principal causa de varizes esofágicas tende a ser a cirrose hepática, seus principais fatores de risco são os mesmos desta doença que afeta o fígado. Eles podem incluir, por exemplo:

• Diagnóstico de hepatite B e C;
• Alcoolismo;
• Doença hepática gordurosa não alcoólica;
• Hepatite autoimune;
• Doenças metabólicas, como hemocromatose hereditária.

Como o surgimento de varizes no esôfago também pode estar relacionado à esquistossomose, outros fatores de risco podem incluir:

• Contato frequente com água contaminada em lagos ou rios;
• Condições de saneamento básico precárias.

Buscando ajuda médica

Como isso pode levar a um quadro de saúde mais grave, sangramentos devem ser levados a sério pelo paciente. Ao perceber sangue na boca, no vômito ou nas fezes, especialmente se acompanhado por outros sintomas citados, o paciente deve buscar atendimento médico imediatamente.

Como o sintoma é agudo, a tendência é procurar um pronto-socorro e ser encaminhado a um clínico-geral. Médicos gastroenterologistas e hepatologistas, porém, são os mais indicados para acompanhar o quadro.

Tratamento

Todo paciente que apresente varizes de esôfago deve ser acompanhado regularmente por um médico. As opções de tratamento para varizes esofágicas e para a prevenção de sangramentos incluem:

• Medicações para reduzir a pressão nas varizes;
• Procedimentos feitos via endoscopia, como a inserção de banda elástica nas varizes ou injeções que amenizam o problema;
• Inserção de um dispositivo chamado shunt portossistêmico por meio de cateterismo para ligar as veias porta e hepática de forma a reduzir a pressão no primeiro vaso sanguíneo.

Medicamentos

Para tratar varizes no esôfago, além dos procedimentos citados, também é possível que o médico prescreva alguns medicamentos. São eles:

• Propranolol;
• Naldolol.
• Terlipressina;
• Octreotide.

É importante frisar, porém, que o diagnóstico e o manejo da doença só podem ser definidos por um médico.

Tem cura?

Varizes no esôfago são potencialmente perigosas, mas com o tratamento adequado, o risco de sangramento pode ser bastante reduzido. Desta forma, o paciente pode viver sem complicações. 

É importante, no entanto, tratar a doença de base, e o prognóstico do paciente depende justamente disso.

Prevenção

A prevenção das varizes esofágicas inclui as mesmas medidas indicadas para prevenir os problemas que as ocasionam, como cirrose, hepatites B e C e esquistossomose. Sendo assim, é indicado:

• Tratar e evitar o alcoolismo
• Evitar o compartilhamento de agulhas e outros instrumentos pessoais como alicates;
• Ter a vacinação contra hepatite B em dia;
• Diagnosticar precocemente as doenças crônicas do fígado e tratá-las;
• Ter saneamento adequado e evitar contato com água de lagos e rios contaminados.

Convivendo (Prognóstico)

O prognóstico de casos de varizes esofágicas depende da causa da doença. Se a causa for a cirrose, o prognóstico está relacionado com o estágio da doença. O tipo das varizes também influencia no prognóstico.

Após descobrir as varizes esofágicas, o paciente deve fazer acompanhamento médico para manter a doença de base sob controle e tomar as medidas necessárias para evitar que as varizes sangrem.

Complicações possíveis

A principal complicação das varizes esofágicas – e o que as tornam perigosas – é a ruptura dos vasos. Isso porque, quando as varizes se rompem, elas causam sangramento interno (hemorragia), algo que pode provocar a morte se não tratada com urgência.

Referências

National Health Services (NHS), Reino Unido

Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED)

Petrolanu A. Tratamento Cirúrgico da Hipertensão Porta na Esquistossomose Mansoni. Journal of the Brazilian Society of Tropical Medicine. Disponível em: https://rsbmt.org.br/2019/07/04/tratamento-cirurgico-da-hipertensao-porta-na-esquistossomose-mansoni/