Graduado em Educação Física pela UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), fez pós-graduação Lato Sensu em Treinament...
iBem meus amigos, voltando ao nosso assunto, discutiremos hoje a importância do princípio da individualidade biológica na prescrição de treinamento para corredores de rua. O princípio da individualidade biológica diz que cada organismo reage de formas diferentes ao mesmo estímulo aplicado, gerando adaptações específicas. Sabemos que o indivíduo é formado por uma somatória de características genéticas, e fazem parte deste genótipo o seu somatotipo, força máxima provável, composição corporal, composição das fibras musculares, etc. A este genótipo somamos elementos que chamamos de fenótipo, que são adicionados ao indivíduo após o nascimento, tais como habilidades motoras e esportivas, nível intelectual, consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio, etc. Isso faz com que cada indivíduo seja único, por mais semelhanças que existam entre ambos, e cada um responde de distintas maneiras ao estímulo do treinamento. Por exemplo, se prescrevermos exatamente o mesmo treinamento para dois irmãos gêmeos, as respostas e adaptações serão diferentes, por mais que eles sejam muito semelhantes fisicamente.
Trazendo para a prática nossa de cada dia, como devemos aplicar o princípio da individualidade biológica nos nossos treinamentos de corrida de rua? Basicamente levando em consideração as características de cada indivíduo, ou seja, as planilhas de treinamento devem ser totalmente individualizadas. Os alunos podem até correr em grupos, haja visto que é saudável pelo ponto de vista motivacional, porém cada um terá seu volume e sua intensidade de treinamento definidos de acordo com testes e avaliações prévias, baseado em resultados totalmente individualizados. Por exemplo, em um mesmo grupo de corrida podemos ter um indivíduo iniciante, que nunca fez atividades físicas com regularidade, executivo de uma multinacional que trabalha doze horas por dia, fumante, hipertenso, com sobrepeso, 45 anos de idade, e outro indivíduo com a mesma idade, também executivo da mesma multinacional, trabalha as mesmas doze horas por dia, porém se exercita regularmente há mais de dez anos, não fuma, tem uma alimentação saudável e nenhum problema de saúde. São pessoas com características semelhantes porém cada um com sua individualidade, ou seja, com genótipos e fenótipos diferentes.
Levando em consideração as características individuais de cada um para a prescrição adequada de treinamento, devemos seguir algumas regras básicas mas que fazem muita diferença na individualização do treinamento, tais como:
- Fazer uma anamnese com seu aluno no momento em que se inicia um novo trabalho;
- Após as primeiras identificações através do questionário de anamnese, deve-se solicitar uma avaliação médica para identificação de possíveis patologias;
- Liberado pelo médico, fazemos alguns testes físicos, tais como a ergoespirometria, utilizada para determinação do VO2 máx e limiares anaeróbicos, percentual de gordura, podendo incluir também testes de pisada (para determinar se a pisada é pronada, supinada ou normal) e avaliação de corrida;
- Com base nesses dados podemos confeccionar a planilha de treino, de acordo com os objetivos traçados em conjunto com o aluno.
Como podemos perceber são regras básicas mas fundamentais para que possamos prescrever um treinamento com segurança e eficiência, respeitando o princípio da individualidade biológica. No próximo artigo falaremos sobre o princípio da sobrecarga e como aplicá-lo no treinamento de um corredor de rua. Até breve.