Respidon, rivotril e amplictil são indicados para o sono? Respostas dos nossos especialistas

A risperidona é uma medicação criada, originalmente, para quadros psicóticos, principalmente esquizofrenias. Hoje em dia, ele é usado, também, em outras situações como, por exemplo, estabilização do humor, em bipolares; reforço da ação de antidepressivos, em deprimidos; tratamento de tiques nervosos. Ele pode dar sonolência, em algumas pessoas, o que pode ser útil, em pacientes que tenham os quadros acima e tenham insônia. Ele NÃO deve ser usado como medicação para dormir em pessoas que não possuem transtornos psiquiátricos, pois seus efeitos colaterais ultrapassariam os benéficos.

O clonazepam é uma medicação criada para controle da ansiedade, mas pode ser usada em outras situações como, por exemplo, algumas crises de epilepsia, distúrbios de sono como o transtorno de movimentos do sono REM e, muitas vezes, médicos o prescrevem para pessoas com insônia. O clonazepam faz parte da família das drogas benzodiazepínicas (no Brasil, vendidas com receita "azul" e apresentadas em embalagens com uma faixa preta). Hoje em dia, sabe-se que estas medicações têm efeitos colaterais importantes, tais como problemas de coordenação motora que podem levar a quedas e acidentes , problemas de memória e dificuldades de parar a medicação, após tempo longo de uso (a pessoa não consegue diminuir ou parar de tomar, pois sente muita "falta"). Assim, a recomendação atualizada é de que este tipo de remédio seja evitado em pessoas acima dos 60 anos e, em qualquer idade, seja dado por períodos de apenas poucas semanas, para a insônia.

O clorpromazina é um antipsicótico clássico, com cerca de 70 anos de existência. Ele foi criado para combater os sintomas da esquizofrenia e outras psicoses. Com o tempo, observou-se que poderia ter efeitos colaterais graves, sendo um deles a "discinesia tardia", quadro extremamente desagradável em que, depois de algum tempo de uso (geralmente meses a anos), as pessoas passam a apresentar movimentos involuntários e incontroláveis, geralmente nos músculos da face (mas que podem ocorrer em qualquer parte do corpo, incluindo braços e pernas). Acredita-se que as medicações antipsicóticas mais novas (como a risperidona, que você citou) não tenham tantos riscos de causarem a discinesia tardia e, hoje em dia, são preferidas.

Resumindo: risperidona não é indicada para insônia, a não ser que a pessoa precise ser tratada para quadros psiquiátricos específicos; o clonazepam pode ser usado para insônia, contanto que se tomem alguns cuidados como, por exemplo, não prescrever para idosos e usar por apenas algumas semanas; a clorpromazina não costuma ser muito usada nem para aqueles quadros para os quais foi originalmente desenvolvida, sendo uma droga considerada antiquada e com vários efeitos colaterais.

Para o tratamento da insônia se deve, inicialmente, fazer uma avaliação para pesquisar possíveis causas, que vão desde problemas psiquiátricos como depressão e ansiedade, até problemas clínicos respiratórios, neurológicos, hormonais e outros.

Se for encontrada uma causa específica para a insônia (psiquiátrica ou clínica), esta deverá ser tratada. Caso não se encontre uma causa específica, a insônia deve ser tratada através de técnicas de higiene do sono, principalmente; em alguns casos, há indícios de que a melatonina, o hormônio natural do sono, pode ser eficaz e não ter efeitos colaterais.