Possui graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (1990), Residência em Cirurgia Geral e Urologia pela Escol...
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O que é Bexiga neurogênica?
A bexiga neurogênica é uma condição em que o funcionamento da bexiga e do músculo que controla urina (esfíncter uretral) é afetado devido a problemas no sistema nervoso, como acidente vascular cerebral (AVC), dano ou lesão da medula espinhal e esclerose múltipla. Isso pode levar a problemas com a capacidade de controlar o ato de urinar, urgência miccional e dificuldade de esvaziar a bexiga completamente.
Normalmente, a bexiga armazena a urina até que uma quantidade adequada seja acumulada e, após isso, os músculos do órgão se contraem para eliminar a urina através do canal urinário. Essa ação é coordenada pelo sistema nervoso central.
Em casos de bexiga neurogênica, ocorre uma alteração nos nervos que controlam a bexiga, impedindo os músculos de relaxarem ou contraírem no momento adequado. Isso provoca a incapacidade da pessoa de urinar quando tiver vontade.
Causas
As principais causas da bexiga neurogênica são:
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Dano ou lesão na medula espinhal
- Trauma na coluna vertebral
- Síndrome de cauda equina
- Dano em nervo periférico causada por cirurgia pélvica
- Esclerose lateral amiotrófica
- Doença de Parkinson
- Diabetes
- Esclerose múltipla
- Neuropatia periférica
- Demências
- Espondilose cervical com mielopatia
Tipos
Geralmente, os tipos de bexiga neurogênica estão relacionados ao nível da lesão no sistema nervoso central e ao grau de comprometimento, o que provoca diferentes manifestações. A bexiga neurogênica pode ser:
- Hiperativa: também conhecida como bexiga espástica, ela se manifesta a partir de contrações involuntárias da bexiga, de modo que a pessoa sente a necessidade de urinar mesmo quando há pouca ou nenhuma urina na bexiga. Esse tipo de bexiga neurogênica é mais comum em mulheres
- Hipoativa: também é chamada de bexiga flácida, pois os músculos da bexiga não se contraem voluntariamente, causando o armazenamento de urina sem a capacidade de eliminá-la adequadamente
- Mista: são casos em que a pessoa apresenta incontinência urinária (incapacidade de controlar o ato de urinar), mas não consegue esvaziar completamente a bexiga
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Sinais
O principal sintoma de bexiga neurogênica é a incontinência urinária, ou seja, a incapacidade de controlar o ato de urinar. O paciente libera continuamente pequenas quantidades de urina. Em casos de bexiga neurogênica hiperativa, a pessoa também precisa urinar frequentemente e em pouca quantidade, acordando durante a noite com uma necessidade urgente, além de ter dor ou ardência na região da bexiga.
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Já em quadros de bexiga neurogênica flácida, a pessoa sente que a bexiga não esvaziou completamente após urinar. Ela pode ter gotejamento ou perda de urina involuntária, o que aumenta as chances de ter uma infecção urinária, além de afetar o funcionamento dos rins.
Diagnóstico
O diagnóstico de bexiga neurogênica é feito por um urologista, que irá avaliar a história clínica do paciente (especialmente problemas neurológicos) e os sintomas apresentados, além de fazer um exame físico. Exames complementares ajudam no diagnóstico e na indicação do tratamento, como exames de sangue e ultrassonografia das vias urinárias — além de um estudo urodinâmico, que avalia toda a função da bexiga, uretra e esfíncter e caracteriza o tipo de mal funcionamento presente na bexiga.
Dependendo do quadro, o médico pode pedir alguns exames mais detalhados do trato urinário para verificar a função renal, como cistografia, cistoscopia e cistometrografia. Eles ajudam a identificar a duração e a causa da bexiga neurogênica.
Tratamento
O principal objetivo do tratamento de bexiga neurogênica é preservar o bom funcionamento dos rins, prevenindo lesões e diminuindo os sintomas da incontinência urinária. Ele vai depender da causa e da gravidade da disfunção da bexiga, mas envolve especialmente medidas quanto ao esvaziamento da bexiga, para evitar o surgimento de infecções do trato urinário, e quanto ao alívio dos sintomas associados à micção. Confira alguma das abordagens de tratamento:
- Cateterismo intermitente: é um método que permite o esvaziamento periódico da bexiga com um reservatório urinário criado cirurgicamente pela introdução de um cateter através da uretra. Para pacientes acamados ou em cadeiras de rodas que não conseguem esvaziar a bexiga, pode ser usado um cateter permanente
- Uso de medicamentos: podem ser indicados para melhorar o funcionamento da bexiga e tratar a incontinência urinária. Os mais comumente são oxibutinina e tolterodina
- Fisioterapia: é feita com o objetivo de fortalecer os músculos do assoalho pélvico. Veja como são feitos os exercícios para tratar a incontinência urinária
- Cirurgia: em casos mais graves ou quando outras abordagens não apresentam resultado, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para melhorar a funcionalidade da bexiga ou para criar uma outra forma da urina
- Hábitos alimentares: durante o tratamento, os pacientes também são indicados a beberem líquidos suficientes e a eliminarem o consumo de cálcio para evitarem o desenvolvimento de cálculos urinários. A função renal é monitorada regularmente pelo médico
Em casos mais graves, quando o paciente perde a função renal, surge a necessidade de uma diálise (processo para remover os resíduos e excesso de líquidos do corpo) e até mesmo de um transplante renal.
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Tem cura?
Depende. A bexiga neurogênica pode ter cura quando é provocada por condições reversíveis, que são contornadas pelo organismo, de modo que o paciente recupera totalmente ou parcialmente o funcionamento do trato urinário inferior após o tratamento.
Porém, quando há um acometimento maior, geralmente vias naturais, fármacos ou procedimentos não são capazes de recuperar completamente as funções renais. Nesses casos, é importante adotar medidas para que o paciente tenha uma boa qualidade de vida e consiga realizar suas atividades do cotidiano.
Complicações possíveis
As pessoas com bexiga neurogênica apresentam risco maior de ter risco de infecções do trato urinário e cálculos. Além disso, existe o risco de desenvolver hidronefrose, uma condição em que um ou ambos os rins ficam inchados devido ao esvaziamento incompleto do trato urinário.
Referências
Manual MSD - Versão Saúde para a Família
Associação Médica Brasileira