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O que é DPOC?
A DPOC, ou doença pulmonar obstrutiva crônica, é um conjunto de doenças que bloqueiam o fluxo de ar, tornando a respiração difícil. São doenças intimamente ligadas ao tabagismo e que podem se agravar sem o tratamento adequado, comprometendo significativamente a qualidade de vida.
É comum as pessoas acharem que a DPOC é uma condição de pessoas idosas, quando, apesar de atingir principalmente pessoas com mais de 40 anos, ela também pode ser identificada nos mais jovens.
Entre as possíveis complicações, estão o desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave e osteoporose.
Só no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas sofrem com o problema. É uma condição lenta, que frequentemente se inicia com discreta falta de ar associada a esforços físicos, como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas.
No entanto, com o passar do tempo, a falta de ar se torna mais intensa e surge depois de esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das atividades mais corriqueiras.
Existem duas formas principais de doença pulmonar obstrutiva crônica. A maioria das pessoas com DPOC tem uma combinação dessas condições:
- Bronquite crônica, que envolve tosse prolongada com muco
- Enfisema, que envolve a destruição dos pulmões ao longo do tempo
Causas
A DPOC é causada pela perda da elasticidade natural dos brônquios e sacos aéreos, responsáveis pela expulsão de ar para fora do corpo. Por causa disso, em vez de o ar sair na expiração, ele fica preso dentro dos pulmões.
Obstrução das vias aéreas
Além disso, a obstrução das vias aéreas também é considerada uma grande causadora da DPOC, por ser outro impedimento da saída de ar do pulmão.
O enfisema, parte do quadro de DPOC, provoca a destruição das paredes frágeis e fibras elásticas dos alvéolos. Isso ocasiona um pequeno colapso das vias aéreas quando você expira, prejudicando o fluxo de ar para fora de seus pulmões.
Já a bronquite crônica deixa os brônquios inflamados, e por isso eles passam a produzir mais muco. Isso pode bloquear as ramificações mais estreitas, causando a dificuldade na respiração.
Sintomas
Durante o estágio inicial da DPOC, o comprometimento da função pulmonar pode ser assintomático, dificultando seu diagnóstico. Os primeiros sintomas são: tosse, catarro e pigarro.
As pessoas não procuram um médico nos estágios iniciais da doença, pois acham que estão sofrendo as consequências do uso de cigarro. Quando surge a falta de ar ou cansaço, a doença pode estar em fase mais avançada.
A DPOC demora cerca de 20 anos para se instalar por completo no organismo. Exatamente por isso, quando os sintomas aparecem, as pessoas acreditam ser apenas sinais de envelhecimento. É importante que fumantes e ex-fumantes fiquem atentos a qualquer sinal de falta de ar procurem um especialista logo que apresentarem os primeiros sintomas.
Saiba mais: DPOC: até 85% dos casos não têm diagnóstico precoce
Outros sintomas de DPOC incluem:
- Chiado no peito
- Aperto no peito
- Ter que limpar a garganta logo no início da manhã, devido ao excesso de muco nos pulmões
- Tosse crônica que produz expectoração. O muco pode ser claro, branco, amarelo ou esverdeado
- Cianose (lábios ou camas de unha azulados)
- Infecções respiratórias frequentes
- Falta de energia
-
Perda de peso não-intencional
Saiba mais: DPOC: oito cuidados ao se exercitar
Pessoas com DPOC também são propensas a experimentar episódios chamados de exacerbações, que tornam os sintomas piores e persistem por dias. No período da manhã, por exemplo, os pacientes com DPOC têm grande dificuldade, precisando de mais tempo que outras pessoas para começar o seu dia. Ações como trocar uma roupa, escovar dentes e andar de um cômodo para o outro viram um desafio diário.
Diagnóstico
O diagnóstico da DPOC na fase inicial da doença é extremamente importante para impedir seu avanço e o comprometimento maior das funções pulmonares, além de garantir a maior eficácia do tratamento. Estudos revelam que a deterioração da doença é mais rápida nas fases iniciais - assim sendo, a intervenção precoce se faz ainda mais importante e necessária.
No entanto, a maioria dos doentes é diagnosticada já numa fase moderada ou grave, depois de um primeiro episódio de agravamento da doença ou quando surgem queixas de cansaço fácil e de dificuldade respiratória.
O diagnóstico da DPOC é feito baseado em alterações identificadas no exame físico, aliado às alterações referidas pelo paciente. O diagnóstico deve ser confirmado por alguns exames:
Espirometria
A espirometria, ou prova de função pulmonar, é um exame que avalia os volumes e fluxos de ar que entram e saem do pulmão. Utiliza-se um aparelho no qual a pessoa assopra em um bocal, chamado espirômetro, e avalia-se o fluxo e a quantidade de ar que sai dos pulmões. Se o resultado indicar alguma alteração, outros exames serão necessários para confirmar um diagnóstico de DPOC.
Gasometria arterial
A gasometria arterial mede o pH e os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue de uma artéria. Esse exame é utilizado para verificar se os seus pulmões são capazes de mover o oxigênio dos brônquios para o sangue e remover o dióxido de carbono do sangue.
Exames de imagem
A radiografia de tórax pode mostrar enfisema, uma das principais causas da DPOC. Um raio X também pode descartar outros problemas pulmonares ou insuficiência cardíaca, confirmando o diagnóstico de DPOC.
A tomografia computadorizada dos pulmões pode ajudar a detectar enfisema e a determinar se você pode se beneficiar de uma cirurgia para a DPOC. O exame também pode ser usado para detectar o câncer de pulmão, que é comum entre pessoas com DPOC.
Fatores de risco
Tabagismo
O tabagismo é um dos principais fatores de risco para DPOC, causando cerca de 85% dos casos da doença. Isso porque a fumaça inalada leva a inflamação pulmonar, causando a obstrução dos brônquios e a destruição dos alvéolos (enfisema), responsáveis pelas trocas gasosas.
Saiba mais: 8 cuidados na alimentação para quem tem DPOC
Pessoas com asma ou outras doenças respiratórias têm mais chances de desenvolver DPOC caso sejam fumantes.
Exposição a gases
Pessoas que nunca fumaram, mas estiveram expostas a substâncias tóxicas, poluição, gases ou fumaça também podem desenvolver a doença devido à resposta inflamatória dos pulmões à longa exposição desses poluentes.
Deficiência de alfa-1- antitripsina
Em cerca de 1% das pessoas com DPOC, a doença resulta de uma perturbação genética que causa os baixos níveis de uma proteína chamada alfa-1-antitripsina (AAT). Ela é produzida no fígado e secretada na circulação sanguínea para ajudar a proteger os pulmões.
A deficiência de alfa-1-antitripsina pode causar danos no fígado, bem como nos pulmões. Para aqueles com DPOC relacionada com a deficiência de AAT, as opções de tratamento são as mesmas que para as pessoas com tipos mais comuns de DPOC.
Algumas pessoas podem ser tratadas através da substituição da proteína AAT deficiente, o que pode evitar mais danos aos pulmões.
Idade
A DPOC se desenvolve lentamente ao longo dos anos, por isso a maioria das pessoas tem entre 35 a 40 anos quando os sintomas começam.
Tratamento
Para todos os estágios da doença, o tratamento eficaz está disponível, que pode controlar os sintomas, reduzir o risco de complicações e exacerbações e melhorar a sua capacidade de levar uma vida ativa. Confira as principais modalidades de tratamento para DPOC:
Cessar o tabagismo
O passo mais importante em qualquer plano de tratamento para a DPOC é parar de fumar. É a única maneira de evitar que a DPOC se agrave. Mas parar de fumar não é fácil. E essa tarefa pode parecer particularmente difícil se você já tentou parar de fumar e não obteve sucesso.
Converse com seu médico sobre os produtos de reposição de nicotina e medicamentos que podem ajudar, assim como a forma de lidar com as recaídas. Também é uma boa ideia evitar exposição ao fumo passivo sempre que possível.
Broncodilatadores
Esses medicamentos - que geralmente vêm em um inalador - relaxam os músculos em torno de suas vias aéreas. Isso pode ajudar a aliviar a tosse e falta de ar e facilitar a respiração.
Há broncodilatadores de curta duração (de quatro a seis horas de ação) e de longa duração (de 12 a 24 horas de ação), mas nenhum desses é um tratamento preventivo, devendo ser associado a outros medicamentos.
Dependendo da gravidade da sua doença, você pode precisar de um broncodilatador de curta ação antes das atividades, um broncodilatador de longa duração que você usa todos os dias ou de ambos.
Os broncodilatadores podem ser ministrados por meio de nebulizadores, nebulímetros (sprays ou "bombinhas"), turbohaler (um tipo de "bombinha" que se inala um pó seco), rotadisks (uma "bombinha" com formato de disco que se inala um pó seco).
Corticosteroides inalados
Essa classe de medicamentos inclui fluticasona, budesonida, mometasona, ciclesonida, flunisolide, beclometasona e outros. As inalações são feitas com inaladores portáteis, por meio de sprays ou em forma de pó. O tempo de ação pode ser de quatro, 12 ou 24 horas, e o espaço entre as inalações varia conforme esse intervalo.
Esses medicamentos são úteis para as pessoas com exacerbações frequentes da DPOC. Ao contrário dos corticosteroides orais, que passam primeiro pela corrente sanguínea para então atingir seu alvo, os corticosteroides inalados têm um risco relativamente baixo de efeitos colaterais e são geralmente seguros para uso contínuo.
Você pode precisar usar esses medicamentos durante vários dias ou semanas antes que eles atinjam o seu máximo benefício.
Saiba mais: 10 mudanças para diminir a falta de ar na DPOC
Outros medicamentos
- Inaladores de combinação: são medicamentos que combinam broncodilatadores e corticosteroides inalados, geralmente indicados para pacientes que necessitam de ambos os tratamentos. São indicados para controlar a falta de ar em pessoas com DPOC ou asma
- Corticosteroides orais: para as pessoas que têm uma exacerbação aguda moderada ou grave, esses medicamentos evitam agravamento da DPOC. No entanto, eles podem ter efeitos secundários graves, tais como ganho de peso, diabetes, osteoporose, catarata e um risco aumentado de infecção
- Teofilina: medicamento que ajuda a melhorar a respiração e a prevenir exacerbações. A teofilina funciona principalmente como broncodilatador, mas possui efeito anti-inflamatório, sendo também associada aos corticoides. Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, batimentos cardíacos acelerados e tremor
- Antibióticos: infecções respiratórias como bronquite aguda, pneumonia e influenza podem agravar os sintomas da DPOC. Os antibióticos ajudam a combater as crises agudas
-
Inibidores de fosfodiesterase-4: é um anti-inflamatório para combater a inflamação nos pulmões e brônquios, além de reduzir o número de crises ou exacerbações. Ele deve ser sempre complementar aos broncodilatadores e nunca deve ser usado de forma isolada. A administração é oral
DPOC Exacerbado
Quando ocorrem exacerbações, você pode precisar de medicamentos adicionais (como antibióticos ou corticosteroides), oxigênio suplementar ou tratamento no hospital.
Para evitar exacerbações futuras, procure tomar corticosteroides inalatórios ou broncodilatadores de longa duração, tomar sua vacina anual contra a gripe e evitar a poluição do ar sempre que possível. Para mais informações, converse com o médico.
Saiba mais: Cigarro: conheça os riscos do tabagismo
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de DPOC são:
- Aires
- Alenia
- Ares
- Atrovent
- Bamifix
- Brometo de Ipratrópio
- Bromidrato de Fenoterol
- Berotec
- Bisolvon
- Brondilat
- Carbocisteína
- Flixotide
- Fluitoss
- Foraseq
- Franol
- Ipratropio
- Leucogen
- Prednisona
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Cirurgias
A cirurgia é uma opção para pessoas com alguns tipos de enfisema grave que não são tratados suficientemente por medicamentos:
- Cirurgia de redução dos volumes pulmonares: nesse procedimento, o cirurgião faz a ressecção e remove pequenas fatias de tecido pulmonar danificado, que não estão mais funcionando. Isso permite que as áreas restantes possam se expandir e realizar suas funções com maior qualidade
- Transplante pulmonar: o transplante de pulmão pode ser uma opção para pacientes em estágio avançado da doença que não obtiveram pleno sucesso com outros tratamentos e possuem uma expectativa de vida baixa. Outros critérios mais específicos, como volumes pulmonares comprometidos, também podem ser levados em conta. O transplante pode melhorar a capacidade do paciente de respirar e de ser ativo, mas é uma grande operação que tem riscos significativos, tais como a rejeição de órgãos
Terapias
Os médicos costumam usar esses tratamentos adicionais para pessoas com DPOC moderada ou grave:
- Terapia com oxigênio: se não há oxigênio suficiente no sangue, você pode precisar de oxigênio suplementar. Existem vários dispositivos para fornecer oxigênio para os pulmões, incluindo unidades portáteis leves que você pode levar para qualquer lugar. Algumas pessoas com DPOC usam oxigênio apenas durante as atividades ou durante o sono. Outros usam oxigênio o tempo todo. A terapia com oxigênio pode melhorar a qualidade de vida e é a única terapia de DPOC que comprovadamente prolonga a vida do paciente. Converse com seu médico sobre suas necessidades e opções
- Programa de reabilitação pulmonar: esses programas normalmente combinam treinamento físico, aconselhamento nutricional e aconselhamento sobre a doença. Você vai trabalhar com uma variedade de especialistas, que podem adaptar o programa de reabilitação para atender às suas necessidades. A reabilitação pulmonar pode reduzir as hospitalizações, aumentar a sua capacidade de participar em atividades diárias e melhorar a sua qualidade de vida. Converse com seu médico sobre o encaminhamento a um programa
Prevenção
Ao contrário de algumas doenças, a causa da DPOC é específica e há um caminho claro de prevenção. A maioria dos casos está diretamente relacionada ao tabagismo e a melhor maneira de prevenir a DPOC é nunca fumar ou parar de fumar.
A exposição ocupacional a vapores químicos e poeira é outro fator de risco para a DPOC. Se você trabalha com este tipo de irritante para o pulmão, converse com seu supervisor sobre as melhores maneiras de se proteger, como o uso de equipamentos de proteção respiratória.
Convivendo (Prognóstico)
Viver com a DPOC pode ser um desafio. Talvez você tenha que desistir de algumas atividades anteriormente apreciadas e se adaptar a algumas mudanças:
1. Descanse antes de atividades cansativas
Rotinas simples como se vestir, comer, dirigir e até tomar banho podem ser muito difíceis para o paciente com DPOC. Por isso, é importante que ele repouse antes de realizar um esforço, visando a conservação de energia. Fazendo isso, o paciente consegue realizar mais atividades sem se cansar, melhorando a disposição, a autoestima e mantendo-se independente.
2. Vista-se sem sufoco
O ideal para o paciente é se vestir ou se despir sentando na cama, sempre lentamente e mantendo a respiração mais tranquila possível. Lembre-se que soltar o ar deve durar o dobro do tempo que você gastou para encher os pulmões. Use apoios para os cotovelos e fique sentado na cama ou cadeira.
Deixar as roupas já separadas na cama e sair do banheiro de roupão também ajudam a economizar energia para se vestir.
3. Tome banho sentado
O banho é uma atividade em que usamos muito os membros superiores. Para o paciente com DPOC, isso significa alterar a utilização de músculos acessórios da respiração, comprimir o peito ao erguer as mãos para lavar a cabeça e flexionar o tronco para lavar as pernas. Isso provoca uma sensação de falta de ar mais rápida que o normal.
Ao utilizar um banco ou cadeira de plástico, o paciente consegue diminuir o gasto energético no banho e melhorar essa sensação de cansaço. A dica do roupão também ajuda o paciente a retirar a umidade do corpo sem esforço, tornando a tarefa de se enxugar menos trabalhosa.
Saiba mais: Entenda como cada forma de tabaco é prejudicial à saúde
4. Barras de segurança no banheiro
O vaso sanitário é baixo e faz com que a hora de levantar seja mais complicada para o paciente com DPOC. As alternativas possíveis são aumentar a altura do vaso com adaptadores próprios para esse fim, ou usar barras de segurança que auxiliem o paciente a se levantar, tanto no vaso sanitário quanto no box do banheiro.
Outra dica é colocar o pé um pouco mais atrás da linha do joelho ao chão, isso faz com que a hora de levantar seja mais fácil.
5. Instale um sistema para abertura da tampa do vaso
Isso fará com que o paciente não tenha que flexionar o tronco para levantar a tampa manualmente, facilitando a tarefa. Em alguns países, já existe uma tecnologia em que se pisa em um botão para levantar a tampa e em outro para dar a descarga, facilitando ainda mais a atividade.
6. Encarando as escadas
Subir e descer escadas são as tarefas mais difíceis e dispendiosas que existem dentro de casa. Essa atividade toma 1040 ml de oxigênio por minuto, enquanto o corpo em repouso usa apenas 200ml/min.
A principal dica é instalar corrimão na escada, isso fará com que o paciente tenha mais segurança, firmeza e equilíbrio. Não tenha pressa na escada, vá devagar, passo a passo, e respire mais lenta e profundamente durante e após a subida.
7. Escovar os dentes e pentear os cabelos
Manter os cotovelos apoiados enquanto estiver penteando os cabelos ou escovando os dentes ajuda na conservação de energia, bem como praticá-las sentado. O espelho deve ficar um pouco mais baixo para que essa atividade seja bem executada.
8. Organize suas tarefas
O paciente deve adequar o ambiente e se organizar de modo que algumas atividades não se repitam todos os dias. Lavar roupas e estendê-las em dois dias consecutivos, por exemplo, cansa demais o portador de DPOC.
Organizar a agenda de tarefas da casa é fundamental, para que as atividades pesadas sejam feitas em dias alternados e nunca de uma vez só.
Gavetas, utensílios e equipamentos da cozinha que usamos com frequência devem sempre ficar na altura do tronco, dispensando a necessidade de se flexionar para pegá-los.
Para quem mora em sobrados, a recomendação é concentrar as atividades do dia em apenas um andar, ou com o mínimo possível de subidas e descidas.
9. Cuidados ao dirigir
Se possível, o portador de DPOC deve dar preferência a modelos completos de carro, com vidros e travas elétricas, direção hidráulica e câmbio automático. Também deve fazer uma boa regulagem da altura do banco, para que não fique forçando demais a musculatura do pescoço ao dirigir.
Fique sentado normalmente, apoiando suas costas no banco e os punhos encostados no volante, de modo que seu braço não fique esticado demais, poupando energia.
Não dirija com os pés nos pedais, isso é uma mania muito comum que sobrecarrega a musculatura das pernas. Se necessário, coloque um apoio ou almofada na coluna lombar para não sobrecarregá-la.
Saiba mais: Perigos ao fumante passivo vão além de inalar a fumaça
10. Cuidados ao fazer exercícios
Antes de começar a fazer exercício físico, é fundamental que o portador de DPOC vá ao médico e faça exames para ver se ele está apto a fazer a atividade e ainda quais são os limites que devem ser respeitados durante o treino.
Caso o paciente esteja bem, mas apresente queda da oxigenação, haverá a necessidade de usar oxigênio extra através de um cateter nasal durante o exercício.
Caso o paciente esteja bem e não tenha queda da oxigenação, poderá se exercitar sem uso de oxigênio extra, apenas prestando atenção aos sinais do corpo, como cansaço e falta de ar.
Caso você sinta falta de ar, cansaço extremo, chiado no peito, tontura e sensação de coração acelerado, o recomendado é parar o exercício e respirar tranquilamente até que se sinta bem novamente.
A doença pulmonar obstrutiva crônica causa a liberação de mediadores inflamatórios na corrente sanguínea, que chegam aos músculos e causam seu enfraquecimento. Para brecar esse efeito danoso, o ideal é fazer exercícios físicos de resistência, como a musculação, por exemplo.
Ela ajuda a reverter a perda de massa muscular e, de quebra, pode melhorar a restrição pulmonar, já que o músculo treinado capta o oxigênio do sangue com mais facilidade.
Complicações possíveis
Algumas complicações da DPOC são:
Infecções respiratórias: pessoas com DPOC são mais suscetíveis a resfriados, gripe e pneumonia. Qualquer infecção respiratória pode tornar a respiração muito mais difícil e produzir mais danos ao tecido pulmonar. Dessa forma, o ideal é tomar a vacina contra a gripe anual e a vacina pneumocócica conjugada, que ajudam a prevenir algumas infecções.
Pressão arterial elevada: a DPOC pode elevar a pressão arterial nas artérias que levam sangue para os pulmões, gerando a chamada hipertensão pulmonar.
Problemas cardíacos: por razões que não são totalmente compreendidas, a DPOC aumenta o risco de doenças cardíacas, incluindo infarto. Isso não quer dizer que todas as pessoas que tem DPOC terão alguma complicação cardíaca, apenas o risco é maior.
Câncer de pulmão: fumantes com bronquite crônica, uma das manifestações da DPOC, têm maior risco de desenvolver câncer de pulmão do que os fumantes que não têm bronquite crônica.
Depressão: a dificuldade em respirar pode impedir o paciente de fazer atividades que goste e lidar com a doença grave pode contribuir para o desenvolvimento da depressão. Converse com seu médico se você se sentir triste, impotente ou pensar que pode estar sofrendo de depressão.
Referências
Sabrina Presman, psicóloga e especialista em tabagismo da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas (Abead) - CRP 27377-5
Leonardo Dias, fisioterapeuta do setor de Reabilitação Pulmonar da Associação Brasileira de DPOC
Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia
Associação Brasileira de DPOC