Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP e com doutorado em Infectologia na Universidade Federal de São Paulo (U...
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O que é Herpes Zóster?
O herpes zóster, também conhecido como “cobreiro”, é uma infecção viral capaz de provocar bolhas dolorosas na pele. Pode acometer qualquer região, mas é mais comum no tronco e no rosto. Normalmente as lesões se manifestam na forma de uma faixa em um dos lados do corpo.
Muitas pessoas confundem herpes zóster com herpes simples, mas são doenças distintas. O herpes zóster é causado pelo vírus varicela-zóster (VVZ), que é o mesmo que gera a catapora. Já o herpes simples é provocado pelo vírus herpes simplex, que pode ser do tipo 1 (herpes labial) ou do tipo 2 (herpes genital).
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A seguir, entenda com mais detalhes o que é herpes zóster, o que causa, como se transmite, qual é o tratamento e se tem cura.
Causas
O herpes zóster é causado pela reativação do vírus varicela-zóster em pessoas que tiveram catapora em algum momento da vida. De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus da varicela permanece latente, ou seja, inativo, no organismo de uma pessoa, mesmo que ela tenha desenvolvido imunidade à doença.
Porém, o motivo por trás da reativação do vírus e da manifestação dos sintomas do cobreiro não é totalmente claro. Uma das hipóteses é a redução da imunidade, uma vez que a doença é mais comum em pessoas com 60 anos ou mais, época em que é comum o sistema imunológico ficar mais frágil, e/ou em pacientes imunocomprometidos.
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Herpes zóster é contagioso?
O herpes zóster é contagioso. Apesar de raro, uma pessoa com a doença pode transmitir o vírus varicela-zóster a quem não está imune, ou seja, a quem nunca teve catapora.
A transmissão do herpes zóster acontece por meio do contato direto com as lesões da pele. Uma vez infectada, a pessoa poderá desenvolver a catapora e, futuramente, o cobreiro.
Sintomas
Os sintomas de herpes zóster são caracterizados pelas erupções, ou bolhas, na pele. Elas são vermelhas e podem vir acompanhadas de dor ou coceira. Essas erupções podem aparecer em qualquer parte do corpo, acometendo, geralmente, apenas um lado - o esquerdo ou o direito. Normalmente, as bolhas surgem agrupadas em faixa, localizadas apenas na área suprida pelas fibras nervosas infectadas.
É comum surgirem herpes zóster no rosto e nas costas. Mas também podem aparecer bolhas nas pernas, na coxa, na testa, em torno de um olho ou, até mesmo, atingir um nervo óptico. Os sintomas se desenvolvem em fases, sendo elas:
Sintomas de herpes zóster antes das erupções (período de incubação):
- Dor que se inicia antes mesmo de surgirem as lesões de pele;
- Ardor e sensação de cócegas e/ou formigamento na área próxima aos nervos afetados;
- Calafrios;
- Distúrbio gastrointestinal.
Esses sinais podem aparecer alguns dias antes de a erupção acontecer. Os calafrios e a dor de estômago, com ou sem diarreia, aparecem poucos dias antes das erupções e podem persistir durante o período das lesões da pele.
Sintomas de herpes zóster na fase ativa:
Nesta fase, a erupção aparece. O fluido dentro das lesões é claro no início, mas pode tornar-se turvo após três ou quatro dias. Algumas pessoas podem ter ferimentos mais suaves, quase imperceptíveis. As erupções:
- Podem ocorrer na testa, bochecha, nariz ou em torno de um dos olhos (chamado também de herpes zóster oftálmico);
- São geralmente acompanhadas de dor;
- Vão regredir, gerando uma crosta que persiste por cinco dias, em média.
Este quadro melhora em cerca de duas a quatro semanas e as erupções podem deixar cicatrizes.
Saiba mais: O que fazer para aliviar as queimações de herpes zóster?
Sintomas da fase crônica (Neuralgia pós-herpética)
A neuralgia pós-herpética é a complicação mais comum do herpes zóster e acomete de 10% a 15% das pessoas. Dura pelo menos 30 dias e pode continuar por meses ou anos. Os sintomas incluem:
- Queimação e pontadas na área onde ocorreram as erupções;
- Dor persistente no local, que pode durar anos;
- Extrema sensibilidade ao toque.
A dor é mais comum na testa ou no peito e prejudica as atividades diárias, como comer, dormir e trabalhar. Além disso, ela também pode levar à depressão. É importante destacar que a dor da neuralgia pós-herpética pode ser confundida com as típicas de outros quadros, como apendicite, ataque cardíaco, úlceras ou enxaqueca, dependendo da localização.
Diagnóstico
O diagnóstico de herpes zóster é clínico, realizado com base nas informações coletadas pelo médico e no exame das lesões. O médico poderá pedir ao paciente que descreva com exatidão o local da dor. Sintomas, como dor em uma faixa definida do corpo e bolhas características da doença, confirmam o diagnóstico.
Raramente, podem ser solicitados exames adicionais, como uma raspagem para se obter uma amostra. Ela será analisada em laboratório ou passará por uma biópsia.
Fatores de risco
Os fatores que podem aumentar o risco do herpes zoster aparecer incluem:
- Idade: a partir dos 50 e principalmente a partir dos 60 anos. Quanto maior a idade maior é o risco, chegando a 50% de chances nos maiores de 85 anos.
- Doenças debilitantes: enfermidades que debilitam o sistema imunológico, tais como HIV/AIDS e câncer.
- Tratamentos para imunossupressores: como câncer, por exemplo.
- Medicamentos: remédios de uso contínuo que reduzem a imunidade.
Buscando ajuda médica
Procure um médico sempre que você suspeitar de herpes zóster, especialmente nas seguintes situações:
- Se a dor e a erupção cutânea forem perto do olho, pois, se não tratada, a infecção pode causar danos permanentes na região;
- Se você tiver 60 anos ou mais, o que aumenta o risco de complicações;
- Se você ou alguém da sua família tem o sistema imunitário enfraquecido;
- Se a erupção é generalizada e dolorosa.
Os médicos que podem diagnosticar herpes zóster são:
- Infectologista;
- Dermatologista;
- Clínico geral.
Tratamento
O tratamento de herpes zóster ajuda a reduzir a duração da doença e a prevenir complicações, além de aliviar os sintomas. Tão logo o diagnóstico seja feito, o médico poderá iniciar o tratamento com medicamentos antivirais. Se o tratamento for iniciado imediatamente após o início dos sintomas, você tem uma chance menor de sofrer complicações.
Os tratamentos mais comuns incluem:
- Medicamentos antivirais para reduzir a dor e a duração das lesões;
- Medicamentos para a dor;
- Prevenção das infecções secundárias das lesões da pele.
Tratamento caseiro para herpes zóster
Uma boa maneira de aliviar os sintomas do herpes zóster é tomando banhos frios ou frescos. Realizar compressas úmidas na região das lesões pode diminuir a coceira e a dor.
Medicamentos
As principais opções de medicamento para herpes zóster são:
- Fanciclovir;
- Valaciclovir;
- Aciclovir.
Tem cura?
O herpes zóster não tem cura, mas o tratamento pode controlar a doença, diminuindo os sintomas e reduzindo as chances de complicações. Os medicamentos fazem com que as lesões desapareçam após um período de duas a quatro semanas. Porém, com a queda da imunidade, o vírus pode ser reativado e a doença se desenvolver novamente.
Prevenção
A prevenção do herpes zóster se dá através da vacina e de um estilo de vida saudável para manter o sistema imunológico fortalecido. Confira, a seguir, mais informações sobre a vacina do herpes zóster:
Vacina do herpes zóster
No Brasil, existem, atualmente, dois tipos de vacina do herpes zóster: a atenuada e a recombinante.
- Vacina herpes-zóster atenuada: é administrada em dose única, por via subcutânea para adultos acima de 50 anos de idade. O calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a Zostavax© (Merck) na rotina a partir dos 60 anos;
- Vacina herpes-zóster recombinante (VZR): a Shingrix© (GSK) chegou ao Brasil em junho de 2022 e está disponível, por enquanto, em serviços privados de imunização. É uma vacina inativada e está indicada para pessoas com imunocomprometimento a partir de 18 anos de idade e para adultos com 50 anos ou mais.
Leia mais: Vacina do herpes zóster: quem pode tomar e para que serve
Complicações possíveis
Se não tratado de forma adequada, o herpes zóster por trazer algumas complicações, como:
- Neuralgia pós-herpética;
- Problemas neurológicos, dependendo de quais nervos são afetados;
- Infecções de pele;
- Herpes zóster oftálmico: erupção na testa, bochecha, nariz e ao redor de um dos olhos, o que pode ameaçar sua visão.
Herpes zóster é perigoso?
O herpes zóster não representa risco de vida, mas pode provocar a incapacidade física da região acometida devido à dor. A vacina diminui as chances de se ter a doença, de apresentar neuralgia pós-herpética (NPH) e induz à redução da dor aguda e crônica associada à doença, enquanto o tratamento precoce reduz a chance de complicações.
Referências
Revisado por: Celso Granato, médico infectologista, CRM 34307/SP
Koshy E, Mengting L, Kumar H, Jianbo W. Epidemiology, treatment and prevention of herpes zoster: A comprehensive review. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2018 May-Jun;84(3):251-262. doi: 10.4103/ijdvl.IJDVL_1021_16. PMID: 29516900.
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Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – www.familia.sbim.org.br