Médica ginecologista/obstetra de alto risco e professora titular da Universidade Santo Amaro (Unisa) – uma das principai...
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O que é Oligoidrâmnio?
O oligoidrâmnio é caracterizado pelo volume de líquido amniótico menor que o esperado para determinada idade gestacional. Diversos fatores podem provocar a condição, como problemas relacionados à placenta e doenças maternas (hipertensão arterial crônica, lúpus e colagenases), além de fatores fetais, como a falta de produção de líquido, que é formado pela urina do feto.
O líquido amniótico é o fluido que envolve o bebê e preenche a bolsa responsável por protegê-lo contra traumas externos (como pancadas) e por permitir seu crescimento, sua movimentação e o desenvolvimento de seus órgãos, como o pulmão. Em caso de escassez, podem ocorrer diversas complicações fetais, como anormalidades dos batimentos cardíacos, baixo peso ao nascer e restrição de crescimento intrauterino.
Causas
Fatores maternos
Os fatores maternos responsáveis pelo baixo líquido amniótico estão associados a problemas na placenta, que podem ser provocados por:
- Insuficiência placentária
- Hipertensão arterial crônica
- Pré-eclâmpsia
- Doenças renais, como nefropatias
- Doenças autoimunes, como lúpus e colagenases
- Trombofilias
- Infecções, como sífilis e HIV
- Uso de medicamentos, como enzimas inibidoras e angitricina e prostaglandina, e de remédios quimioterápicos
Uma complicação que pode provocar a redução do líquido amniótico em gestações de gêmeos é a síndrome de transfusão feto fetal (STFF), em que os bebês dividem a mesma placenta, porém, estão em bolsas diferentes. Ela ocorre quando o sangue passa desproporcionalmente de um bebê para o outro por meio da conexão de vasos sanguíneos da placenta compartilhada.
O bebê que recebe o sangue é chamado de receptor, que desenvolve um quadro de polidrâmnio (excesso de líquido amniótico), enquanto o bebê que doa mais sangue é chamado de doador, que acaba desenvolvendo oligoidrâmnio e pobre crescimento fetal.
Fatores fetais
Os fatores fetais associados ao baixo líquido amniótico incluem:
- Defeitos congênitos no trato urinário do bebê, especialmente nos rins
- Anomalias cromossômicas
- Gravidez muito longa
-
Restrição de crescimento intrauterino
- Ruptura prematura das membranas ao redor do feto
Sinais
Geralmente, a escassez de líquido amniótico não provoca sintomas ou sinais. A gestante pode sentir que o feto não está se movendo tanto quando se movia no início da gravidez e apresentar sintomas da doença preexistente. Caso tenha ocorrido a ruptura da bolsa amniótica, o sintoma mais comum é a perda de líquido amniótico, que é transparente e não possui cheiro.
Contudo, a condição só é confirmada a partir de uma ultrassonografia, em que verifica-se o crescimento do feto e os níveis de líquido amniótico.
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Diagnóstico
O diagnóstico do oligoidrâmnio é feito a partir de uma avaliação médica dos sintomas apresentados e de uma ultrassonografia. A partir do exame, o especialista consegue avaliar se houve a diminuição do líquido amniótico, se a altura uterina corresponde à idade gestacional e, por fim, se ela foi provocada pela ruptura precoce das membranas.
Também podem ser necessários exames adicionais (de sangue e pressão, por exemplo), para verificar se existem distúrbios que estão afetando o líquido amniótico, como infecções e hipertensão arterial. A ultrassonografia e outros exames, como a amniocentese, podem ser realizados para verificar a presença de defeitos congênitos e anomalias genéticas no feto.
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Tratamento
Quando o médico verifica que o líquido amniótico está baixo, ele pode indicar aumentar a hidratação da mãe e manter repouso. Quando isso ocorre no final da gestação, normalmente não é indicativo de algo grave, mas, se a gestante estiver perdendo muito líquido, ele pode optar por antecipar o parto caso seja detectado sofrimento fetal.
Além disso, também é essencial que doenças ou condições que estejam afetando o funcionamento da placenta recebam tratamento adequado, como hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, doenças renais e autoimunes. Também são feitos exames regularmente para monitorar o crescimento do feto, medir os níveis de líquido amniótico e monitorar a frequência cardíaca do bebê.
Complicações possíveis
O baixo líquido amniótico na gravidez está associado a algumas complicações fetais, como:
- Baixo peso ao nascer
- Restrição de crescimento intrauterino (o feto não não atinge o peso esperado para a idade gestacional)
- Anormalidades dos batimentos cardíacos
- Deformações nos membros
- É possível que os pulmões do feto não amadureçam normalmente
Referências
Manual MSD