Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, da Infância e Adolescência, preceptora na residência da Universidade Federal...
iRedatora especialista em família e bem-estar, com colaboração para as editorias de beleza e alimentação.
Neurologista e neuropediatra da Associação Brasileira do Sono com formação em Neurofisiologia Clínica e Medicina do Sono...
iO que é Terror noturno?
O terror noturno é um distúrbio do sono que afeta pessoas de qualquer idade, principalmente crianças - assim como o sonambulismo. De acordo com Rosana Alves, neuropediatra da Associação Brasileira do Sono, durante os episódios a criança chora, grita, senta na cama e tem expressão de pavor. Mas no dia seguinte não se lembra de nada. Estima-se que mais de 25% das crianças com idade entre 4 e 12 anos tenham o problema.
Já os adultos com esse distúrbio têm mais tendência a serem agressivos do que as crianças. Além disso, eles podem se lembrar de pequenas partes do que aconteceu durante o sono.
Os episódios de terror noturno tendem a desaparecer conforme a criança cresce. Contudo, pode ser necessário algum tratamento para que ela não se machuque durante esses momentos.
Por se tratar de uma parassonia (distúrbio do sono), é importante lembrar que o terror noturno não é igual a um pesadelo. Afinal, o pesadelo acontece nas últimas horas do sono, faz com que a criança acorde e normalmente lembre sobre o que estava sonhando
Saiba mais: Terror noturno afeta principalmente crianças
Causas
Apesar de não haver uma causa específica para o terror noturno, acredita-se que vários fatores estão relacionados. Confira os principais:
- Predisposição genética
- Situações de estresse
- Atividade física intensa
- Febre
- Privação de sono
- Estresse
- Dormir em lugares que não são familiares
- Presença de luzes ou barulhos
- Síndrome das pernas inquietas
- Enxaqueca
- Traumas na cabeça
- Uso de alguns medicamentos
Sintomas
A especialista Rosana explica que durante um episódio de terror noturno a criança pode ter vários sintomas. Veja os mais comuns:
- Sentar-se na cama
- Gritar
- Ter uma expressão facial de pavor
- Suor excessivo
- Batimentos cardíacos acelerados
- Respiração anormal
- Ser difícil para acordar e, se acordar, ficar confusa
- Chorar inconsolavelmente
- Levantar da cama e correr dentro ou ao redor da casa
Muitos sintomas do terror noturno são semelhantes em crianças e adultos, mas algumas diferenças podem ser observadas. Por isso, confira quais são os sintomas em adultos:
- Gritar durante o sono
- Ficar agressivo
- Ter a sensação de pânico mais acentuada
- Suor excessivo
- Aumento dos batimentos cardíacos
- Respiração acelerada
- Agitação intensa
Além disso, diferentemente dos pequenos, os adultos podem ter uma compreensão mais clara do que está acontecendo durante o episódio de terror noturno. Já as crianças costumam ficar confusas.
Diagnóstico
O diagnóstico, na maioria dos casos, é clínico, realizado através de uma avaliação com um especialista, tanto em crianças quanto em adultos. “Durante a consulta é feita uma boa anamnese com a família. Muitas vezes o familiar do paciente filma o episódio de terror noturno e isso ajuda. A gente vê como o paciente se comporta”, explica a neuropediatra.
Segundo Rosana, grande parte das crianças evoluem bem depois dos 10 anos de idade. “Algumas crianças podem não apresentar mais episódios até antes. E muitas vezes não é necessário dar medicação, só as orientações de comportamento para evitar os desencadeantes”, ressalta a médica.
Se o diagnóstico não for claro e o médico suspeitar de problemas respiratórios, ele pode solicitar um exame de estudo do sono (polissonografia) para identificar doenças como a apneia do sono, por exemplo.
Buscando ajuda médica
Normalmente, os pais não devem se preocupar com os episódios de terror noturno durante a infância. Mas é importante buscar ajuda médica se a situação ocorrer com frequência e a criança apresentar comportamento de risco, podendo se machucar.
Os adultos também não precisam se desesperar. O ideal é ter avaliação médica se os episódios de terror noturno estiverem causando impacto na qualidade de vida. Também é imprescindível estar atento se ocorrerem lesões físicas a si mesmo ou a outra pessoa.
Saiba mais: Entenda melhor o sono do bebê e criança
Tratamento
Normalmente os casos de terror noturno não precisam de tratamento, apenas de medidas de prevenção para evitar que o paciente não se machuque. No caso dos pequenos, durante os eventos, os pais não devem restringir a atividade motora da criança, pois isso pode prolongá-los.
Se os episódios de terror noturno forem ocasionados por outras condições de saúde, como apneia do sono, refluxo ou estresse, o tratamento dependerá daquilo que está ocasionando o problema.
Nos casos em que o paciente fica muito violento, tem sua qualidade de vida prejudicada ou corre o risco de se machucar, pode ser indicado o uso de alguns medicamentos, como os benzodiazepínicos antes de se deitar. Este tratamento costuma durar de três a seis semanas.
O que fazer durante um episódio de terror noturno?
Muitas vezes os familiares acabam se desesperando ao ver o filho passando pelo terror noturno. Mas a neuropediatra lembra que, na verdade, o indicado é que a família não faça nada. “Mantenham a calma, não acendam a luz, não façam barulho e não acordem a criança. O episódio de terror noturno é um despertar parcial e a criança não está totalmente acordada. Por isso, ficar chacoalhando pode incomodá-la e assustá-la”, detalha a médica.
Essas dicas também valem para os adultos. Além disso, principalmente se você morar sozinho, certifique-se de manter objetos perigosos ou pontiagudos longe do seu quarto. E lembre-se: tente manter a calma, pois os episódios são passageiros.
Tem cura?
O terror noturno não tem uma cura definitiva. Mas a boa notícia é que muitas pessoas superam esse distúrbio do sono à medida que crescem. Em alguns casos, pode durar até a fase adulta. Por isso, é fundamental buscar ajuda médica para avaliar o quadro individual e desenvolver estratégias para lidar com a condição.
Prevenção
Cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente às medidas preventivas do terror noturno. Além disso, nem sempre a prevenção é garantida. Mas algumas dicas podem ser úteis.
Prevenção do terror noturno em crianças
- Estabeleça uma rotina para a hora de dormir: definir hábitos relaxantes na criança antes de dormir pode ajudar nos episódios de terror noturno e até mesmo evitá-los. Alguns exemplos são ler um livro ou tomar um banho morno antes de dormir
- Reduza o estresse diário: caso o seu filho esteja estressado ou ansioso, converse com ele sobre o que está causando isso. Se você demonstrar atenção conforme ele fala e tranquilizar os seus medos, pode ajudar
- Mantenha um estilo de vida saudável: preze por uma alimentação balanceada, atividades físicas regulares e uma boa higiene do sono, pois esses hábitos contribuem com a prevenção do distúrbio
Prevenção do terror noturno em adultos
- Mantenha uma rotina de sono: estabeleça horários para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana
- Crie um ambiente propício ao sono: certifique-se de que seu quarto esteja escuro e silencioso. E, claro, evite mexer no celular para dormir com mais facilidade
- Controle o estresse: faça técnicas de relaxamento, como meditação, yoga, ou outras atividades que ajudem a diminuir o estresse. Outra opção é ter o acompanhamento de um psicólogo para lidar com os estressores
- Evite o consumo excessivo de álcool: o álcool pode levar a distúrbios do sono durante a noite, incluindo episódios de terror noturno
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Seja saudável: pratique exercícios físicos com frequência e mantenha uma dieta equilibrada
Convivendo (Prognóstico)
Após o diagnóstico concreto do terror noturno, os pais devem manter alguns cuidados com os filhos, incluindo:
- Fechar e trancar as portas externas e as janelas durante a noite
- Colocar alarmes ou sinos nas portas internas, caso as crianças tentem abri-las
- Deixar todos os objetos cortantes ou frágeis fora do alcance da criança, de preferência trancados, e longe de locais que ela possa balançar ou se pendurar para alcançá-los
- Evitar o uso de beliches
- Mover fios elétricos ou outros objetos em que a criança possa tropeçar
Além dos cuidados acima, os adultos com terror noturno podem utilizar outras estratégias para conviver com o problema:
- Informar pessoas de confiança sobre o terror noturno, como cônjuges ou familiares, para que eles estejam cientes e possam ajudar caso presenciem um episódio
- Buscar informações sobre o tema, assim é possível reduzir a ansiedade associada a esse distúrbio do sono
Referências
Sociedade Brasileira de Pediatria
Associação Brasileira de Medicina do Sono
Hospital Israelita Albert Einstein