Formado pela Faculdade de Medicina do ABC (2000) e residência em ginecologia e obstetrícia realizada no Hospital Materni...
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O que é Vulvovaginite?
A vulvovaginite, também conhecida como vaginite, é uma inflamação que ocorre, simultaneamente, na vulva e na vagina e, geralmente, surge por um desequilíbrio das bactérias vaginais. É uma condição comum e pode afetar pessoas de todas as idades, principalmente as que já iniciaram a vida sexual.
Causas
A vulvovaginite possui diversas causas possíveis, como bactérias, vírus e fungos. Além disso, fatores ambientais também podem estar relacionados com o surgimento da inflamação. Entenda a seguir:
Bactérias
O crescimento excessivo de certas bactérias podem causar vulvovaginite, como Streptococcus, Gardnerella e Staphylococcus. Uma infecção bacteriana geralmente provoca um corrimento branco-acinzentado que pode ou não ter cheiro. Cerca de metade das mulheres com este tipo de infecção não tem sintomas.
Vírus
Os vírus que podem causar vulvovaginite incluem o da herpes simples e o vírus do papiloma humano (HPV).
Fungos
Uma das causas mais comuns de vulvovaginite é a candidíase. Essa infecção por fungos geralmente provoca coceira vaginal e um corrimento espesso, branco. A infecção por fungo muitas vezes é causada pelo uso de antibióticos, uma vez que eles podem matar as bactérias que mantêm o equilíbrio da flora vaginal.
Parasitas
Parasitas como vermes, sarna e piolhos podem causar inflamação da vulva e da vagina.
Fatores ambientais
Falta de higiene e alergias podem causar vaginite. Roupas apertadas podem causar irritação quando friccionam a pele, deixando a região mais suscetível à vulvovaginite. Essa irritação também pode atrasar a recuperação.
Infecções sexualmente transmissíveis (IST’s)
A vulvovaginite pode ser causada pela infecção por tricomoníase, que causa desconforto genital, coceira e um corrimento pesado, que pode ser amarelo, verde ou cinza. Muitas vezes, tem um odor forte. Clamídia, gonorreia e herpes também podem causar vaginite.
Químicos
Alguns produtos químicos podem causar vulvovaginite. É o caso de:
- Sabonetes
- Banhos de espuma
- Absorventes perfumados
- Cremes e outros cosméticos
- Camisinha
Menopausa
Mulheres na pós-menopausa têm um menor nível de estrogênio. Isso pode causar secura vaginal e afinamento da pele ao redor dos órgãos genitais, deixando a região mais vulnerável à vaginite.
Vulvovaginite inespecífica
Às vezes, a vulvovaginite não tem uma causa conhecida. Esse tipo é diagnosticado frequentemente em meninas que ainda não começaram a puberdade, provavelmente causada pelos níveis baixos de estrogênio. Quando começa a puberdade, a vagina se torna mais ácida e as infecções costumam parar.
Sintomas
Os sintomas de vulvovaginite podem incluir:
- Mudança na cor, odor ou quantidade de corrimento vaginal
- Coceira ou irritação vaginal
- Dor durante a relação sexual
- Dor ao urinar
- Sangramento vaginal
As características do corrimento vaginal podem indicar o tipo de vaginite. Os exemplos incluem:
- Vaginose bacteriana: corrimento de odor fétido branco-acinzentado. O odor, muitas vezes descrito como cheiro de peixe pode ser mais óbvio após a relação sexual
- Infecção por fungos: o principal sintoma é a coceira, mas pode haver um corrimento branco e espesso que se assemelha ao queijo cottage
- Tricomoníase: pode causar um corrimento amarelo, espumoso, por vezes esverdeado
Diagnóstico
É possível diagnosticar a vulvovaginite apenas analisando os sintomas. Em alguns casos, será feita a coleta de uma amostra de secreção vaginal para testar e descobrir qual a causa da infecção.
Em casos raros, pode ser necessário fazer a biópsia da vulva a fim de identificar o organismo. Isto significa que será retirada uma pequena amostra de tecido da vagina para exame. A biópsia é geralmente necessária quando não há nenhum sinal de irritação.
Fatores de risco
Fatores que aumentam o risco de desenvolver vulvovaginite incluem:
- Alterações hormonais, tais como aquelas decorrentes da gravidez, uso de pílulas anticoncepcionais ou menopausa
- Atividade sexual
- Ter uma doença sexualmente transmissível
- Uso prolongado de medicamentos, como antibióticos e esteroides
Buscando ajuda médica
Marque uma consulta médica se desenvolver qualquer desconforto vaginal anormal, especialmente se:
- Você nunca teve uma infecção vaginal
- Você já teve infecções vaginais antes, mas, neste caso, parece diferente
- Você tem múltiplos parceiros(as) sexuais ou um parceiro(a) recente
- Você completou o tratamento com antifúngicos e os sintomas persistiram
- Há febre
- Há um odor vaginal particularmente desagradável
Você provavelmente não precisa visitar o médico sempre que tiver irritação vaginal e corrimento, principalmente se:
- Você já teve um diagnóstico de infecções vaginais e seus sinais e sintomas são os mesmos de antes
- Você conhece os sinais e sintomas de uma infecção e sabe qual o tratamento indicado pelo médico
Tratamento
Uma variedade de organismos e condições pode causar a inflamação da vulva e da vagina. Dessa forma, o tratamento de vulvovaginite terá como alvo a causa específica:
Vaginose bacteriana
Neste caso, o médico pode prescrever medicamentos de metronidazol, usado por via oral, gel de metronidazol ou clindamicina, aplicado na vagina.
Infecções fúngicas
Infecções fúngicas são geralmente tratadas com pomadas para vulvovaginite, cremes antifúngicos ou supositório. Infecções fúngicas podem também ser tratadas com um medicamento oral antifúngico.
Tricomoníase
A tricomoníase é tratada com medicamentos por via oral, como metronidazol ou tinidazol.
Atrofia vaginal
Cremes e medicamentos à base de estrogênio podem ser eficazes para tratar vaginite atrófica. Este tratamento está disponível por prescrição médica.
Vulvovaginite não infecciosa
Para tratar este tipo de vaginite, é preciso identificar a fonte da irritação e evitá-la. Fontes possíveis incluem sabonete, sabão em pó, absorventes higiênicos ou externos ou internos. O médico pode prescrever estrogênio tópico, como um creme, para aliviar seus sintomas.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de vulvovaginite são:
- Canditrat
- Clindamin-C
- Clocef
- Colpotrofine
- Ciprofloxacino
- Colpistatin
- Crevagin
- Fentizol
- Flogo Rosa
- Gynazole-3
- Gynopac
- Itraconazol
- Micozen
- Nitrato De Miconazol
- Metronidazol
Somente um médico pode dizer qual o remédio para vulvovaginite é mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Prevenção
Alguns hábitos são essenciais para prevenir a vulvovaginite, como:
- Ter uma dieta equilibrada
- Controlar o diabetes
- Evitar ao uso desnecessário de antibióticos
- Ter bons hábitos de higiene íntima
- Limpar a vagina em um movimento de frente para trás, evitando assim a propagação de leveduras ou bactérias do ânus para a vagina ou trato urinário
- Usar roupas íntimas de algodão e evitar tecidos sintéticos
- Evitar roupas apertadas
- Não fazer duchas íntimas nem usar desodorantes ou perfumes na área genital
- Manter hábitos de sexo seguro e usar camisinha
Convivendo (Prognóstico)
O ideal é reduzir a frequência de relações sexuais durante o tratamento da vulvovaginite, principalmente se for tricomoníase. A vulvovaginite leva cerca de uma a duas semanas para ser eliminada do organismo se tiver tratamento adequado. Portanto, é importante seguir as orientações médicas e ingerir a medicação indicada.
Outras medidas importantes para tratar a vulvovaginite incluem:
- Usar absorventes externos durante o tratamento, pois os internos podem absorver os cremes
- Evitar o uso de sabonetes perfumados para limpar a região durante o tratamento
- Caso as relações sexuais sejam dolorosas, use um lubrificante à base de água para reduzir irritação. Mas atenção: óleos ou cremes antifúngicos podem enfraquecer o látex, e nesse caso camisinhas podem falhar
- Se a área genital ficar inchada ou dolorida, experimente fazer um banho de assento em água morna ou então colocar um pano frio e úmido sobre a área. Não esfregue para tentar aliviar a coceira
Complicações possíveis
Geralmente, as infecções vaginais não causam complicações mais sérias. Em mulheres grávidas, no entanto, a vaginose bacteriana sintomática e a tricomoníase têm sido associadas com partos prematuros e bebês de baixo peso ao nascer.
Referências
Ministério de Saúde
Revisado por: Paulo Miranda, ginecologista do Hospital Santa Luzia