Médica responsável pela área de Endocrinologia Pediátrica do IOEP. Atua hoje também no Centro de Diabetes de Curitiba (C...
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O que é Exame de urina?
O exame de urina trata-se de um teste laboratorial que faz a análise da urina para ver de forma microscópica células, bactérias e cristais eventualmente presentes. É indicado para saber como está o funcionamento dos rins, podendo observar possíveis alterações que indicam a presença de doenças. A infecção urinária, por exemplo, pode ser diagnosticada através do exame simples de urina, e caso ainda haja alguma dúvida do quadro infeccioso, o médico solicita a cultura de urina (exame para identificar bactérias).
"Além disso, também é possível suspeitar de diabetes, problema renal incipiente (através da perda da proteína ou presença de cilindros), alteração na capacidade de concentração renal e ainda pode auxiliar no diagnóstico de doenças metabólicas pelo achado de cristais patológicos", explica a especialista Natasha Slhessarenko, diretora médica de Análises Clínicas do Alta Excelência Diagnóstica
Outros nomes: Exames Simples de Urina, Urina Tipo 1, EAS, Elementos anormais e sedimentos, EQU (exame quantitativo de urina), Urocultura e Exame de urina 24 horas.
Para que serve o exame de urina?
O exame de urina simples, também chamado de urina 1, parcial de urina ou EAS é o exame que vai avaliar as células e quais são os componentes presentes. O procedimento é dividido em três partes, sendo elas: análise das características físicas, das características químicas e do sedimento urinário.
De acordo com Natasha, as características físicas do teste consiste em saber o volume, a descrição da cor, odor e aspecto da urina. Já a análise química inclui a avaliação de uma série de parâmetros, incluindo densidade urinária, pH, glicose, proteína, bilirrubina, urobilinogênio, hemácias, leucócitos, nitrito e corpos cetônicos.
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A última parte do exame, que é o sedimento urinário, avalia a presença de células epiteliais ou de outras células, leucócitos, hemácias, cilindros e cristais, além de muco ou outras substâncias que podem aparecer na urina.
Cultura de urina
Já a urocultura ou cultura de urina serve para identificar a presença de bactérias e com isso consegue avaliar se é um bactéria sensível ou não a um grupo determinado de antibióticos. Neste tipo, o primeiro jato de urina também é desprezado.
"Muitas vezes, na região genital, mesmo tendo sido feita a assepsia adequada com lencinho, ainda podem restar alguma contaminação, como muco ou, às vezes, até as células epiteliais. Desprezando o primeiro jato a gente consegue ter uma urina mais confiável", afirma a diretora médica do Frischmann Aisengart (laboratório da Dasa), Myrna Campagnoli.
O exame de 24h se diferencia, isso porque a coleta é feita em casa durante todo o dia. O primeiro xixi da manhã é desprezado pois ainda corresponde ao dia anterior. Em seguida, todas as micções serão feitas dentro de um mesmo frasco e a primeira urina do dia seguinte também será coletada.
Segundo Myrna Campagnoli, esse exame serve para fazer dosagens mais específicas como a presença de proteínas, a dosagens de creatinina, a dosagem de cálcio, de fósforo e de outros eletrólitos na urina.
No dia da coleta, o ideal é que o paciente não faça atividade física, não consuma bebida alcoólica e que todas as urinas sejam coletadas no mesmo frasco.
Vale lembrar que para todos os tipos citados acima é indicado ficar sem urinar por 2 horas. Além disso, quando a coleta do xixi é feita em casa precisa ser levada em até no máximo duas horas até o laboratório e precisa permanecer o tempo inteiro refrigerada na geladeira.
Contraindicações do exame de urina
Não há contraindicações, mas vale lembrar que o paciente deve relatar todas as medicações que está usando para que o médico esteja ciente caso haja alguma alteração no exame. Alguns medicamentos como antibióticos, vitamina C e anestésicos de vias urinárias podem levar a alterações no exame simples de urina.
Considerações
Grávidas podem fazer exame de urina?
As gestantes podem e devem realizar o exame de urina. O procedimento pode ser feito mensalmente para detectar a presença de bactérias que frequentemente ocorrem durante a gestação. "Algumas mulheres possuem infecção urinária não aparente que pode levar a contrações e até ao parto prematuro", alerta Natasha Slhessarenko.
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Segundo o nefrologista Luiz Augusto Menegazzo, da Rede de Hospitais São Camilo, o exame é importante para identificar a perda de proteína na urina que pode ser indício de pré-eclâmpsia - doença da gravidez em que a gestante desenvolve hipertensão. Por isso, é preciso fazer o acompanhamento médico para evitar problemas que decorrem dessa doença.
"A gestante pode perder glicose na urina sem o correspondente aumento da glicose no sangue, isso é algo que pode acontecer pelo simples fato da mulher estar grávida. Mas quando tem aumento da glicose no sangue e ela sai na urina, indica diabetes", alerta Natasha.
Se a paciente tem glicose na urina ela deve fazer glicemia de jejum, exame que mede o nível de açúcar no sangue naquele momento. Se ela tem proteína na urina precisa medir em um exame de urina 24h.
Preparo para o exame de urina
O preparo para o exame depende da sua finalidade. No geral, os especialistas indicam que para o paciente ficar sem urinar por duas horas e depois colher o xixi. Além disso, não é necessário jejum.
Para as mulheres, recomenda-se que não estejam menstruadas, nem utilizando cremes ou óvulos vaginais (antifúngico usado para tratar infecções vaginais) e livres de corrimento vaginal.
Para crianças que não pedem para fazer xixi ou adultos que não controlam a urina, o ideal é passar uma sonda vesical de alívio para coleta ou realizar procedimentos adequados para cada caso. "A higiene correta e respeitar as orientações de coleta também são essenciais para um resultado confiável", afirma a médica Myrna Campagnoli.
Vale ficar atento à alimentação antes de realizar o exame, principalmente se a primeira urina do dia for usada para a coleta, pois pode refletir o jantar da noite anterior.
"Deve ser evitada a ingestão de mais de 500 mg de vitamina C (ácido ascórbico), bem como atividades físicas rigorosas na véspera e no dia do exame. A vitamina C em grandes quantidades pode omitir a presença de glicose eventualmente presente na urina", indica o patologista clínico Stanley Nigro.
Como é feito o exame de urina?
Não existem diferenças entre os tipos de exame de urina, o modo como é feito é sempre o mesmo. Primeiro o paciente recebe um frasco de coleta do hospital ou laboratório.
A coleta da urina é feita de forma espontânea pelo próprio paciente após a higienização das mãos e da genitália, ou coletada através de sondagem vesical, quando há impossibilidade de coleta espontânea, de acordo com o nefrologista Luiz Augusto Menegazzo.
Em seguida, a amostra de urina é submetida a várias etapas. "Algumas são automatizadas, como análise de pH, densidade urinária e dosagem de substâncias, como a glicose e outras etapas manuais, como a avaliação de células e sedimentos realizada ao microscópio pelo técnico em urinálise", explica Myrna Campagnoli.
Tempo de duração do exame de urina
A coleta deve respeitar o tempo de guarda da urina, cerca de duas horas, depois disso a micção no recipiente é rápida. Após esse tempo o resultado costuma ser entregue rápido, no máximo 24 horas, exceto em exame de cultura da urina.
Recomendações pós-exame de urina
Não há nenhuma recomendação especial após a coleta. Portanto, o paciente pode realizar suas atividades habituais logo em seguida.
"Quando houver suspeita de infecção urinária, como o exame simples já pode dar indícios e, por ficar pronto muito mais rápido que a cultura de urina, o resultado do exame simples já permite que o médico inicie o tratamento, desde que a cultura já tenho sido coletada", ressalta a especialista Natasha Slhessarenko.
Periodicidade do exame de urina
A periodicidade depende para que finalidade está sendo utilizado. Em pacientes saudáveis aconselha-se a realização do exame com amostra isolada de urina que pode ser feito semestral ou anualmente. Já em pacientes enfermos, que precisam acompanhar o tratamento de determinada doença, a periodicidade dependerá das indicações do médico para aquele caso em específico.
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Riscos de urina
Não existem complicações, riscos ou efeitos colaterais ao fazer o exame de urina na imensa maioria dos pacientes. Entretanto, em bebês, crianças ou adultos sem controle esfincteriano a obtenção da urina pode levar a alguns problemas.
"Dentre os problemas que podem acontecer citamos a lesão da região do períneo nos bebês que coletam urina através de saco coletor, pois como a pele do bebê é muito sensível, a troca frequente dos coletores pode provocar irritação da pele. Em pacientes que necessitam ser sondados para obtenção da urina, pode haver trauma de uretra, infecções e em casos muito raros, a formação de um falso pertuito", esclarece a diretora médica de Análises Clínicas, Natasha Slhessarenko.
Apesar de serem complicações raras, elas podem acontecer. Além disso, segundo a especialista, as complicações também são raras após a punção suprapúbica - técnica realizada pelos médicos que consiste na introdução de uma agulha para obter amostra de urina não contaminada -, podendo causar também hematoma de parede abdominal e infecções.
Resultados dos exames de urina
Quando todos os parâmetros liberados estiverem dentro dos valores de referência que constam no laudo, o resultado do exame é dado como normal.
A presença de elementos anormais no sedimento urinário deve estar relacionada a algum tipo de doença do sistema urinário ou doenças sistêmicas. Sendo assim, o exame pode detectar:
- Desidratação
- Nefrites
- Infecções renais (pielonefrites)
- Infecções urinárias baixas (cistites)
- Tumores
- Diabetes
- Hipertensão arterial
- Doenças por defeitos metabólicos
- Litíase renal (pedras nos rins)
De acordo com a diretora médica do Frischmann Aisengart, Myrna Campagnoli, algumas alterações frequentes são:
- Presença de bactérias e/ou elevação de leucócitos: significa uma possível infecção urinária
- Presença de glicose (açúcar) na urina: significa uma possível diabetes
- Presença de hemácias: significa um possível cálculo renal, infecção urinária ou inflamação (nefrite)
- Presença de proteínas: significa uma possível doença metabólica (diabetes, hipertensão) ou síndrome nefrótica
"Em todos os casos é importante retornar ao médico prescritor para avaliação e para que ele faça a condução recomendada para cada caso", diz Natasha Slhessarenko.
O que pode afetar o resultado do teste de urina?
O uso de alguns medicamentos, como antibióticos, vitamina C e anestésicos de vias urinárias, pode levar a alterações no exame, portanto os especialistas recomendam que quando o paciente estiver em uso de alguma destas citadas deverá sempre comunicar ao laboratório no momento do cadastro e/ou agendamento.
Referências
Myrna Campagnoli, diretora médica do Frischmann Aisengart, laboratório da Dasa - líder em medicina diagnóstica do Brasil.
Natasha Slhessarenko, diretora médica de Análises Clínicas do Alta Excelência Diagnóstica.
Luiz Augusto Menegazzo, nefrologista da Rede de Hospitais São Camilo de SP.
Stanley Nigro, patologista clínico do Delboni Auriemo, Laboratório da Dasa.