Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo e com Residência Médica pelo Departamento de Ortopedia e Tra...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iO que é Estenose espinhal?
A estenose espinhal é qualquer tipo de estreitamento do canal espinhal, do canal radicular ou do forame intervertebral, que reproduz sintomas clínicos. O estreitamento pode ser local, segmentar ou generalizado, causado por uma estrutura óssea, partes moles ou ambos.
O canal vertebral é cercado pelos corpos vertebrais anteriormente e pelos discos vertebrais e ligamento amarelo posteriormente. Já o canal radicular é o túnel entre as vertebras por onde a raiz nervosa, que formará os nervos, percorre até sair da coluna.
Causas
O tipo de estenose espinhal mais comum é a degenerativa, que acomete mais comumente homens acima dos 50 anos. As causas mais comuns no envelhecimento são: protrusão discal (hérnia de disco), hipertrofia do ligamento amarelo e osteófitos (neoformação óssea) entre as vértebras.
Causas menos comuns são a espondilolistese (escorregamento vertebral sobre outra vértebra), deformidades congênitas como escolioses e cifoses (raras) e tumores próximos às estruturas neurais.
Tipos
Existem diferentes localizações anatômicas que podem comprimir as estruturas nervosas. Além do mais, há diferentes causas para a estenose espinhal como a congênita (mais rara) e a degenerativa (mais comum).
Se houver a estenose do canal espinhal central, o quadro clínico clássico é a claudicação neurogênica com lombalgia crônica durante as caminhadas, que ao poucos podem se tornar mais intensas e limitantes para curtas distâncias, associada a dor mal localizada nos membros inferiores, porém sem alteração sensitivas ou motoras (perda de força) evidentes. Ela é aliviada com o repouso ou a flexão do tronco.
Já na estenose do canal radicular, a estrutura comprimida são as raízes neurais e não a medula. Nesses casos, há dores radiculares ou ciatalgia com alterações sensitivas evidentes nos membros inferiores, e perda de força para determinados grupos musculares.
Sintomas
Os sintomas da estenose espinhal incluem:
- Dor lombar para caminhar, que em geral ao passar o tempo pode aparecer mais rapidamente em curtas distâncias, sem irradiação característica para os membros inferiores (ciatalgia ou lombociatalgia)
- Diminuição da mobilidade da coluna lombar pode se tornar mais evidente com o tempo
- Ciatalgia com alteração sensitivas a depender do nervo comprometido (póstero-lateral da coxa, face anterior da perna, lateral do pé). Fraqueza motora (extensão do joelho, extensão do hálux, atrofia de panturrilhas e fraqueza para ficar nas pontas dos pés). Alterações dos reflexos, como o patelar.
Diagnóstico
A história e exame físico levantam as suspeitas diagnósticas de estenose espinhal.
Alguns exames são essenciais para confirmar a suspeita, como:
- Radiografia simples
- Mielografia
- Tomografia
- Ressonância Magnética da coluna lombar.
Fatores de risco
Todos os fatores de risco para a osteartrose (degeneração) são fatores para a estenose espinhal, como idade e sexo. Porém é importante relembrar as outras causas, que embora menos frequentes, podem causas o estreitamento do canal espinal, radicular ou foraminal, como alterações congênitas, traumas e fraturas, tumores ou infecções vertebrais.
Buscando ajuda médica
Em tese, qualquer dos sinais e sintomas da estenose espinhal deve alertar o paciente para a procura do especialista. Os alertas máximos são: alteração dos hábitos urinários (incontinência urinária ou urgência miccional), perda do controle intestinal e impotência sexual aguda. Paralisia do assoalho pélvico (músculos perineiais), dor perineal ou perda de reflexos dos membros inferiores também pedem atenção e busca por ajuda médica.
Tratamento
A menos que haja alterações neurológicas graves (paralisias, distúrbios esfincterianos) no quadro de estenose espinhal, o tratamento conservador deve ser o primeiro a ser realizado. Os medicamentos que podem ser usados para tratar os sintomas da estenose são analgésicos, antiinflamatórios e relaxantes musculares. O uso de infiltrações epidurais e foraminal pode ser feita em centro cirúrgico, seguindo-se os princípios da assepsia e auxilio de intensificador de imagem.
Cirurgia
Na falha do tratamento conservador, as cirurgias descompressivas nas áreas estenosadas devem ser feitas. Dependendo do local, pode ser necessárias a retirada do tecido compressor e a artrodese das vertebras ao redor (junção das mesmas através da utilização de implantes ortopédicos para estabilização do segmento instável).
Outros tratamentos
Os sintomas também podem ser tratados com infiltrações de corticoides ao redor da estrutura neural comprometida, bem como a cirurgia minimamente invasiva (endoscopia da coluna).
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de estenose espinhal são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A lombalgia é o sintoma que mais persiste após a cirurgia da estenose espinhal, que só melhora a compressão neural não alterando o processo osteoartrósico de base. Porém a maioria dos pacientes relata melhora significativa das distâncias caminhadas, sem necessidade de parar para abrandar as dores.
Prevenção
Em tese há um grande peso da carga genética no processo degenerativo da coluna lombar, porém a prática constante de exercícios físicos com fortalecimento e estabilização ao redor da coluna podem prevenir os sintomas da estenose espinhal.
Hábitos saudáveis são recomendados, como o controle do fumo, do diabetes e o peso corporal.
Convivendo (Prognóstico)
Em geral uma semana de repouso é suficiente para o tratamento da fase aguda da estenose espinhal. Com a melhora da dor, orienta-se o paciente a controlar sua atividade física conforme suas possibilidades.
Complicações possíveis
Em tese, quanto mais longa a duração da estenose espinhal e mais graves os sintomas e sinais pré-operatórios, pior o resultado da cirurgia. Em caso de paralisias ou perdas evidentes de sensibilidade e controle esfincterianos, o retorno completo ao nível pré-sintomas é pouco provável.
Referências
Lucas Furtado da Fonseca – ortopedista e traumatologista de São Paulo (CRM 139090 / TEOT 13306)