Psicóloga Clinica sistêmica pós- graduada em Milão na Itália, com experiência no atendimento de questões de relacionamen...
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O que é Síndrome de burnout?
A síndrome de burnout, também chamada de esgotamento profissional, é um estado de estresse extremo e crônico, geralmente provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho. O termo em inglês "burnout" significa queimar algo até o fim. Portanto, quem sofre com a condição perde suas energias físicas e emocionais, por conta de uma rotina profissional desgastante.
Causas
Os fatores que desencadeiam a síndrome de burnout vão desde a realização de tarefas exaustivas até relações interpessoais abusivas. Entre as causas mais comuns, estão:
- Ambientes de cobrança excessiva
- Alta carga de volume de trabalho
- Responsabilidade excessiva
- Pressão constante
- Longas jornadas de trabalho
- Contato excessivo com o público
- Conflito com colegas de trabalho
- Pouco repouso
- Demorar muitas horas para chegar ao trabalho
Estas condições coexistem frequentemente na rotina profissional mas isso não significa que apenas um fator não possa desencadear sérias consequências físicas e emocionais. A intensidade das situações, acoplada à individualidade de cada pessoa, podem fazer com que a mente reaja às adversidades de maneira prejudicial.
Imagine uma situação simples, como ter uma ideia rejeitada por seus colegas. Em um primeiro momento, trata-se de algo corriqueiro, pois nem sempre essa ideia é a melhor para determinado momento. Agora, pense nesta situação se repetindo frequentemente.
À longo prazo, você pode começar a pensar que suas opiniões são descartáveis, o que irá influenciar a sua confiança e autoestima. E quando não se está satisfeito com o próprio rendimento profissional, é possível que a pessoa comece a descansar menos, ter conflitos e sentir ainda mais a pressão do ambiente de trabalho.
Desta forma, uma única experiência reprimida se torna um gatilho para o surgimento de um transtorno emocional, que pode levar a desdobramentos sérios e que exigem atenção, com um tratamento adequado.
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Sintomas
A síndrome de burnout provoca sintomas físicos e emocionais. Um dos mais frequentes é a sensação de exaustão. Mesmo que a pessoa durma por muitas horas, ela acorda cansada e sem energia para realizar suas tarefas mais banais.
Confira outros sinais que indicam que você pode estar passando pelo transtorno:
Sintomas físicos da Síndrome de Burnout
- Cansaço excessivo
- Dor de cabeça
- Enxaqueca
- Transpiração constante
- Fadiga
- Pressão alta
- Alteração dos batimentos cardíacos
- Dor muscular
- Problemas gastrointestinais
- Dificuldade em respirar
- Alergia e coceira crônica na pele
Sintomas emocionais da Síndrome de Burnout
- Depressão
- Ansiedade
- Desânimo acentuado
- Dificuldade de sentir prazer
- Dificuldade de raciocinar
- Irritabilidade
- Preocupação constante
- Alterações do sono
- Sentimento de incapacidade ou inferioridade
- Falta de motivação
- Falta de criatividade
A terapeuta e coach Wanessa Moreira conta que, devido às condições adversas de trabalho, o cérebro tenta bloquear o alerta constante e começa a mandar sinais para que a pessoa saia deste estado de estresse, como uma forma de sobrevivência.
Entretanto, por mais que estes sinais sejam úteis, permitindo enxergar que algo está errado, sentí-los não é nada confortável. "Negligenciar a saúde e o autocuidado em prol do trabalho também são sinais de que algo não está certo", avisa a especialista.
Diagnóstico
A análise deve ser feita por um especialista em saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras. Após sessões clínicas, o médico poderá dar o diagnóstico de burnout a partir de muitos fatores, como a intensidade dos sintomas e o quão incapacitante está sendo a condição.
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Burnout causa afastamento do trabalho?
A síndrome de burnout é gerada pelas condições de trabalho e, portanto, pode ser considerada como uma doença ocupacional, pois provoca a incapacidade profissional temporária ou definitiva.
"Assim como ocorre nos casos de depressão e outras doenças psiquiátricas, esta condição resulta no afastamento do trabalhador pelo médico pelo período que for necessário", diz a psicóloga Milena Lhano.
Tratamento
Em todos os casos, a psicoterapia é necessária para entender o que está acontecendo com o paciente. Após identificar o que causou o esgotamento físico e mental, é preciso ressignificar o problema com a ajuda do psicólogo(a).
Junto com a terapia, o uso de antidepressivos e ansiolíticos também pode ajudar. Muitas vezes, o estresse constante pode desregular a química do cérebro e os medicamentos ajudam nesse processo de re-balanceamento do organismo.
Mudar hábitos e incluir mais momentos de felicidade na rotina também fazem parte do tratamento e prevenção da síndrome de burnout.
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Tem cura?
Em estágios iniciais, é possível se recuperar da síndrome afastando-se do trabalho por alguns dias. Estar em repouso absoluto e focar na realização de coisas que dão prazer é essencial durante esse período.
Já em casos mais graves, algumas pessoas podem precisar ficar internadas em um hospital por alguns dias, principalmente para controlar os impactos da crise. Mesmo assim, a recuperação é possível.
Para evitar transtornos recorrentes, Wanessa Moreira orienta dedicar mais tempo para cuidar de si mesmo. "Saber gerenciar frustrações e dar mais atenção à vida pessoal também são passos essenciais", esclarece a especialista.
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Prevenção
Caso você nunca tenha sofrido com a síndrome de burnout ou suspeite que está prestes a colapsar, é possível mudar alguns hábitos para descansar a mente. Um deles é dormir bem e ter um período dedicado ao descanso todos os dias. Veja dicas de como dormir melhor.
Depois, comece a praticar hobbies ou quaisquer atividades que tirem o foco do trabalho. Para Wanessa, existem cinco exercícios imprescindíveis para quem deseja manter o equilíbrio entre corpo e mente:
- Autoconhecimento
- Autocuidado
- Meditação
- Praticar exercícios físicos
- Aprender a se posicionar
Quando a pessoa conhece a si mesma, ela sabe o que precisa fazer para manter o bem-estar físico e emocional. Além disso, ela também descobre padrões comportamentais que carrega durante a vida e que podem prejudicá-la. Ter essa consciência permite quebrar correntes de estresse.
Todas estas características, agregadas aos benefícios da meditação e da atividade física, colocam as pessoas em maior contato com a realidade. É possível aprender a vivenciar as situações pelo o que elas realmente são, sem adoecer por interpretações nocivas.
Agora, se você já sofreu com o burnout, Wanessa aconselha que o foco esteja em não se deixar em segundo plano. É importante lembrar que quem já adoeceu pela estafa mental tem mais ferramentas emocionais para reconhecer o processo do estresse e lidar com ele.
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Mantendo o bem-estar no ambiente profissional hostil
Milena Lhano afirma que o primeiro passo é tentar não ser contaminado por esse ambiente. Tente criar uma barreira entre a vibração dos outros e a sua. Porém, caso a situação estiver muito difícil, não descarte a possibilidade de trocar de trabalho ou até mesmo de carreira.
Como ajudar alguém que sofre com burnout
"Oferecer apoio emocional e se mostrar próximo para ajudar no que for preciso já faz a diferença", esclarece Milena. A psicóloga também aconselha a não impor soluções ou desmerecer o sofrimento alheio. O melhor é tentar entender o que a pessoa está passando e como você pode contribuir para que ela se sinta melhor.
Wanessa também aponta que incentivar o autocuidado é importante, pois, assim, quem está fragilizado se sente motivado a buscar formas de sair do problema, por meio da medicina, psicoterapia e outras alternativas.
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Referências
Organização Pan-Americana da Saúde
Milena Lhano (CRP 102952), psicóloga clínica sistêmica, com vasta experiência no atendimento de questões familiares e amorosas
Wanessa Moreira, terapeuta transpessoal, orientadora e Master Mentoring em Coaching Corpo e Mente
International Stress Management Association