No outono e no inverno há um grande aumento das alergias respiratórias. Dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) indicam que 30% dos brasileiros possuem algum tipo de reação alérgica, sendo que rinite, bronquite e asma são predominantes nesta época do ano.
Segundo o International Study of Asthma and Allergies (ISAAC), a rinite alérgica atinge 26% das crianças e 30% dos adolescentes brasileiros, enquanto a asma atinge 10% da população do país. Para prevenir crises, é importante estar em dia com o tratamento médico e evitar fatores agravantes que tendem a irritar os órgãos envolvidos na respiração. A seguir, especialistas listam os principais deles e dão dicas de como combatê-los.
Alterações de temperatura
As variações de calor para frio ou vice-versa podem causar irritações nas vias respiratórias e demais órgãos. "No caso da asma, por exemplo, essa mudança brusca irrita os brônquios, que se contraem como resposta, o que faz com que a pessoa sinta falta de ar", explica o pneumologista Élcio Vianna, presidente da Comissão de Asma da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
Para amenizar esse efeito, o mais importante é evitar a respiração do ar frio. "Agasalhar ajuda, mas a inalação é o que é mais perigoso", alerta o médico. O ideal é evitar fazer atividades ao ar livre em horários muitos frios, como no período da noite no inverno.
Fortes emoções
Ficar muito nervoso, triste ou assustado pode desencadear o fechamento dos brônquios, levando a uma crise de asma. Segundo o pneumologista Élcio, ainda não se sabe o motivo exato desse efeito. "O que sabemos é que o sistema nervoso controla o brônquio, então provavelmente deve ser esta a relação", afirma.
Essas crises são comuns tanto em crianças quanto em adultos quando há situações que abalam a pessoa, como uma tragédia na família ou alguma prova muito difícil. Procurar ajuda profissional - como de um psicólogo - pode ajudar a identificar esses focos de tensão e entender como lidar com eles.
Produtos químicos
Há alguns produtos de cheiro tão forte que causam irritação na maioria das pessoas, como tinta de parede. "Até a tinta de cabelo pode desencadear crises", comenta Élcio Vianna. Produtos de limpeza também costumam ser motivo de irritação. Por isso, o pneumologista recomenda fazer teste com diferentes produtos de diferentes marcas. "Há opções menos concentradas ou que apresentam menos cloro ou amoníaco, por exemplo", diz.
Infecções virais
Élcio Vianna conta que todo vírus que irrita e inflama o brônquio faz com que ele se feche, o que pode aumentar a secreção e as chances de crises alérgicas. Por isso, é importante tomar vacina contra gripe em épocas de campanha e ter cuidado para não ficar com a imunidade baixa e favorecer a manifestação de doenças virais.
Pólen
O pólen é um dos mais comuns alérgenos (substâncias que desencadeiam alergia). Quando uma pessoa com rinite alérgica respira um alérgeno, por exemplo, o corpo libera substâncias químicas, incluindo um composto chamado histamina. Essa liberação causa sintomas alérgicos, como irritação, inchaço e produção de muco. Se a pessoa notar essa reação ao pólen de algum tipo específico de flor, é melhor evitar ter essa espécie dentro de casa.
Animais com pelos e penas
A alergista Maria Teresinha Malheiros, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, conta que não é o pelo de gatos e cachorros que causa alergia, mas o epitélio (partículas de pele que se desprendem do corpo do animal, como se fosse uma caspa) e as proteínas presentes na saliva do bichano. Além disso, essa escamação da pele dos animais serve de alimento para os ácaros, um dos principais desencadeantes de crises.
É possível conviver com bichos de estimação, mas desde que cuidados com higiene da casa e do animal sejam redobrados. "O primeiro cuidado é dar banhos semanais no animal para diminuir a quantidade de pele e de pelos soltos no ambiente", comenta Maria Teresinha. Outra recomendação da médica é impedir que o animal frequente as áreas de convívio da casa, em especial o quarto da pessoa que tem alergia.
Exercícios físicos intensos
Exagerar no exercício pode afetar os órgãos envolvidos na respiração e desencadear crises, sobretudo, de asma. A alergista Maria Teresinha lembra, porém, que a prática de atividade física é muito importante para controlar essas doenças respiratórias. "Qualquer atividade aeróbia promove a melhora do sistema cardiorrespiratório, diminuindo o número de crises", afirma a médica. "A pessoa com asma deve iniciar a prática de exercícios de forma lenta e constante, aumentando aos poucos a intensidade da atividade para evitar alguma possível crise."
Espante os ácaros
"No Brasil, 99% das pessoas que têm asma são alérgicas a ácaros", afirma Maria Teresinha Malheiros. Para viver longe deles dentro de casa, a alergista não recomenda o uso de produtos químicos. "Apesar de terem a finalidade de acabar com ácaros, esses produtos podem ter um cheiro forte capaz de desencadear crises, ou seja, você resolve um problema, mas cria outro", alerta.
Usar produtos com cheiros mais fracos e menos concentrados pode ser uma opção melhor, portanto, deixando os ambientes sempre limpos, iluminados e arejados. A decoração da casa deve ter o mínimo de móveis e acessórios que acumulem poeira - evite tapetes, cortinas e tecidos felpudos. "Use aspirador para tirar o pó e evite o acúmulo de roupas, livros e objetos fora do armário", sugere Maria Teresinha.
Combata o tabagismo
Segundo a alergista Maria Teresinha, fumar não torna a pessoa asmática. "Mas o hábito não é recomendado, já que a fumaça do tabaco ajuda a desencadear crises alérgicas", adverte. Fumar por tabela também pode ser perigoso: quem convive com pessoas que fumam respiram constantemente a fumaça, que contém substâncias que provocam inflamação dos brônquios.
"Para quem tem asma, isso significa um maior risco de dispneia (falta de ar) e uma piora do quadro", conta a médica. "Além disso, vários estudos comprovam que fumantes passivos têm um risco maior de desenvolver asma, principalmente as crianças."