Professor Adjunto da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São P...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iO que é Angina instável?
Angina é um tipo de dor no peito causada pela redução do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco, o que deixa o coração sem oxigênio suficiente para desempenhar a sua função. A angina instável se diferencia dos demais tipos por ser uma dor repentina e que se torna pior com o tempo. Ela ocorre, aparentemente, sem uma causa específica.
O agravante é que a angina instável pode levar a um ataque do coração. Por esta razão, um ataque de angina deve ser tratado como uma emergência médica e, ao sentir os sintomas, o paciente deve procurar um pronto-socorro.
O que é angina?
Angina é um sintoma de doença arterial coronariana que normalmente é descrita como aperto, pressão, peso, endurecimento ou dor no peito. "Angina não é uma doença e sim um sintoma de que há uma interrupção parcial da irrigação de sangue no coração, que para de receber oxigênio e nutrientes para continuar funcionando", explicou o cirurgião cardíaco Nelson Hossne Jr. em entrevista prévia ao MinhaVida.
Apesar da angina ser uma condição de saúde caracterizada pela dor torácica, ela também pode, por vezes, ser sentida nos ombros, no pescoço e nos braços. Estima-se que 60% das dores torácicas não sejam originadas no coração ou pulmão, que 36% sejam originadas no sistema músculo esquelético, que 11% são anginas e, apenas 1,5% é a porcentagem correspondente ao número real de angina instável, que é uma situação de emergência.
Angina instável e angina estável: quais as diferenças?
A diferença mais importante entre a angina estável e a instável é que a primeira geralmente surge em situações de esforço físico, desaparecendo com repouso. Já a segunda aparece subitamente, não cessando com o descanso e podendo estar relacionada a um ataque cardíaco (infarto do miocárdio).
Causas
Causas da angina instável
As principais causas para angina instável são os coágulos de sangue que bloqueiam uma artéria parcial ou totalmente. Os coágulos sanguíneos podem se formar, dissolver parcialmente e depois surgir de novo, e a angina pode acontecer a cada vez que eles bloquearem o fluxo sanguíneo na artéria. Quando há esse bloqueio o coração é privado de oxigênio, o que causa a dor característica desta condição.
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Sintomas
Sintomas da angina instável
O principal sintoma de angina instável é dor ou desconforto no peito, mas também pode ser sentida, algumas vezes, nos ombros, no pescoço e nos braços. Além disso, ela pode passar a impressão que a pessoa está sofrendo um ataque cardíaco. Os demais sintomas incluem:
- Aperto ou dor aguda no peito
- Dor que é "irradiada" para as extremidades do corpo ou costas
- Náusea
- Ansiedade
- Sudorese
- Respiração curta
- Tontura ou vertigem
- Fadiga sem causa aparente
- Frequentemente a dor ocorre quando se está descansando ou dormindo
- O sintomas duram mais tempo do que no caso da angina estável
- Medicações não costumam aliviar a dor
- Pode piorar com o tempo
Além disso, se o paciente já foi diagnosticado com angina estável, ela pode acabar evoluindo para o tipo instável da doença, então é necessário ficar atento aos sintomas e procurar cuidado médico imediato no caso de qualquer mudança. É importante ressaltar que essa condição pode levar a um ataque cardíaco (infarto).
Diagnóstico
Diagnóstico de angina instável
Para diagnosticar angina instável, o médico fará alguns testes físicos que incluem a verificação da pressão arterial. Além disso, ele pode pedir os seguintes exames:
- Exames de sangue com os quais é possível verificar as enzimas que indicam se o músculo cardíaco está danificado
- Eletrocardiograma
- Ecocardiografia
- Testes de estresse, que fazem com que o coração trabalhe mais rápido, fazendo com que a angina seja mais fácil de detectar
- Angiografia coronária
Saiba mais: Infarto: sintomas, o que causa e como prevenir
Fatores de risco
Fatores de risco para angina instável
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de angina instável estão:
- Ter desenvolvido algum tipo de angina anteriormente
- Diabetes
- Obesidade
- Histórico familiar de doenças do coração
- Hipertensão
- Níveis elevados de colesterol LDL e baixos de HDL
- Fazer uso de qualquer forma de tabaco
- Levar uma vida sedentária
- Ser homem com mais de 45 anos (maioria) ou mulher acima de 55 anos
Na consulta médica
Se for a uma consulta agendada com o cardiologista verifique se há necessidade de fazer alguma restrição na dieta ou de hábitos (como fumar) antes da consulta. Se tiver exames médicos (de sangue, teste ergométrico, ou relacionados) é importante levar para que o profissional analise.
Também pode ajudar, no caso de uma consulta agendada ou mesmo no caso de uma emergência em que há tempo:
- Ter uma lista com todos os sintomas que experimentou recentemente, mesmo àqueles que não parecem relacionados à doença
- Escrever informações pessoais, como o histórico de angina ou outras doenças cardíacas na família, assim como se passou por algum momento de grande estresse recentemente
- Escrever outras doenças que tenha, como diabetes ou hipertensão, por exemplo
- Fazer uma lista com todos os medicamentos, vitaminas e suplementos que toma frequentemente
- Se possível, levar um acompanhante
Buscando ajuda médica
No caso de sentir dores no peito repentinamente, é importante buscar um serviço de emergência disponível na sua localidade ou pedir que alguém o leve até o pronto-socorro. É importante que o paciente não dirija nessas condições, uma vez que os sintomas podem piorar e colocar a vida dele (e dos demais) em risco por causa deste agravante.
Caso o paciente apenas esteja preocupado com a possibilidade de desenvolver algum tipo de angina por estar nos grupos de risco, deve marcar uma consulta com um cardiologista para verificar a sua condição cardíaca. Contudo, antes disso, pode ser interessante procurar um clínico geral, já que ele pode pedir alguns exames que o cardiologista solicitaria, adiantando o possível diagnóstico e tratamento.
Saiba mais: AVC: o que é, sintomas, causas e tratamento
Tratamento
Tratamento para angina instável
O tratamento para angina instável depende da gravidade da condição. Um dos primeiros tratamentos que o profissional pode recomendar é o uso de anticoagulantes, como heparina ou clopidogrel. O médico ainda pode receitar medicamentos que ajudem a lidar com os outros sintomas da doença, como os usados para reduzir a pressão arterial, o colesterol, a ansiedade ou arritmias.
Se o caso é mais grave, o médico pode recomendar procedimentos mais invasivos para tratar a angina estável, como angioplastias. Ele ainda pode inserir um pequeno tubo com a finalidade de manter a artéria aberta. Se o caso for ainda mais grave pode ser necessária a realização de uma cirurgia cardíaca para criar uma nova rota para o sangue fora da artéria bloqueada.
Além destes, é importante que o paciente siga outras recomendações médicas, tais como perder peso, fazer exercícios condizentes com a sua condição e de forma regular, largar o tabaco e adotar um estilo de vida mais saudável de um modo geral.
Tem cura?
Angina instável tem cura?
Não é possível falar sobre cura, mas sobre tratamento. Angina instável é um sinal que as artérias estão se tornando muito finas ou entupidas, o que pode ocasionar um ataque cardíaco. Se não tratada, a doença pode levar a falhas no coração ou arritmias, e todas essas condições demandam cuidados para a vida inteira. Contudo, com uma vida mais saudável e regrada, é possível viver bem com a doença.
Prevenção
Dá para prevenir angina instável?
Para prevenir a angina instável é necessário seguir os mesmos passos que melhorariam os seus sintomas caso já tivesse algum tipo de angina, tais como:
- Se fuma, parar de fumar
- Monitorar e controlar as suas condições de saúde, principalmente no caso de já ter desenvolvido problemas de colesterol, diabetes ou hipertensão
- Ter uma dieta saudável e equilibrada
- Manter o peso de acordo com a sua estatura, sexo e idade
- Fazer atividades físicas regulares
- Reduzir o nível de estresse do dia a dia
Complicações possíveis
- Ataque cardíaco (infarto)
Referências
Ministério da Saúde: órgão de saúde do Governo Federal Brasileiro
Associação Americana do Coração: organização sem fins lucrativos nos Estados Unidos que financia pesquisas médicas cardiovasculares
Clínica Mayo: organização sem fins lucrativos comprometida com a prática clínica, educação e pesquisa, fornecendo atendimento especializado e integral a todos que precisam de cura
Healthline: site americano provedor de informações de saúde com sede em San Francisco, Califórnia