Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iImagine um casamento tradicional, de papel passado, com vestido branco, cerimônia e festa. Agora imagine que a noiva tem 42 anos, o noivo 56. Essa cena está se tornando habitual no Brasil. As mulheres brasileiras na faixa entre 40 e 44 anos estão se casando mais.
O IBGE constatou um aumento de quase 220%, entre 1997 e 2008. A explicação para o crescimento de uniões formais nesta faixa de idade é o recasamento. São considerados recasamentos os eventos nos quais pelo menos um dos cônjuges tinha o estado civil divorciado ou viúvo. Em 2007, os recasamentos representavam 16,1% do total das uniões formalizadas em cartório no Brasil. Em 1998, eles totalizavam 10,1%.
Ainda segundo o IBGE, os percentuais mais elevados desse tipo de casamento são observados entre homens divorciados que casaram com mulheres solteiras (de 4,5% para 7,1% entre 1998 e 2007), se comparados às mulheres divorciadas que se uniram formalmente a homens solteiros (de 2,1% para 3,7% no mesmo período).
Após o segundo ou terceiro casamento
É muito comum que logo após o recasamento, o novo casal - mesmo que formado por um homem e uma mulher que já tenham filhos de outros relacionamentos - procure uma clínica de reprodução humana para fazer uma avaliação das chances de conceberem um filho dentro da atual união.
Numa etapa da vida que não se tem mais que esperar por estabilidade profissional ou segurança financeira, o único fator relevante no processo é a vontade do casal de ter o bebê. O fato de ter engravidado naturalmente com facilidade no primeiro casamento não é garantia de que o mesmo acontecerá uma segunda vez.
São comuns os casos de infertilidade secundária, que é quando um casal não consegue engravidar ou levar uma gravidez até o final, mesmo após já terem tido um filho com parceiros anteriores. Esse tipo de infertilidade é tão comum quanto a infertilidade primária, sem ocorrência de gravidez anterior.
Diversas são as causas para o aparecimento da infertilidade secundária. Dentre as que atingem as mulheres, podemos relacionar desordens ovulatórias, menopausa precoce, aderências pélvicas, inflamação ou infecção, danos ou bloqueios nas tubas uterinas, pólipos, fibroses uterinas e endometriose.
Nos homens, as causas principais para os quadros de infertilidade secundária incluem baixa contagem espermática, mobilidade deficiente dos espermatozóides, problemas ejaculatórios ou mesmo a qualidade do esperma.
O estilo de vida também contribui para o aparecimento da infertilidade secundária. Tabagismo, uso e abuso de drogas e álcool, doenças sexualmente transmissíveis e excesso de peso podem interferir na fertilidade do casal.
Em alguns casos, a infertilidade secundária surge em razão do envelhecimento. Com a idade, a capacidade da mulher de conceber um bebê decresce. A fertilidade feminina começa a declinar a partir da metade da terceira década de vida, quando os ovários liberam menos óvulos e a qualidade deles vai declinando. Os óvulos envelhecem a cada ano que passa, mais rapidamente do que a mulher. Assim, uma mulher que tenha tido seu primeiro filho por volta dos 34 anos estará muito menos fértil aos 39 anos, quando ela ainda se julga apta a conceber um segundo bebê.
A idade também aumenta a chance da mulher desenvolver endometriose e outras desordens que interferem no sucesso da concepção e da gravidez. O risco de abortos espontâneos também aumenta com a idade: a taxa de aborto natural está em torno de 10% para mulheres nos seus 20 anos, 20% para mulheres com idade entre 35 e 39 anos, e cerca de 50% para mulheres com idade entre 40 e 44 anos.
A fertilidade masculina também diminui com a idade. Na medida em que envelhecem, os homens produzem espermatozóides em menor quantidade e com menos motilidade. Homens em idade mais avançada podem também apresentar problemas para manter a ereção.
Saiba mais: Inseminação artificial: como funciona a fertilização
Tratando o problema
A infertilidade secundária pode, assim como a primária, pode ser diagnosticada e tratada na maioria das vezes. Exames apropriados podem revelar problemas com hormônios, contagem espermática e bloqueios tubários, dentre outras causas.
É importante obter o diagnóstico apropriado e tratar o problema o mais cedo possível.O tratamento varia de acordo com a causa do problema. Existe uma possibilidade de sucesso de gravidez, se o casal procurar ajuda médica no tempo adequado, ou seja, assim que notar a dificuldade para engravidar.