Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Possui especialização em Pediatria e Pneumologia...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iO que é Sibilos?
Os sibilos são sons respiratórios auscultados (ouvidos pelo médico com auxílio do estetoscópio) ao exame físico ou relatados pelo paciente (que escutam esses sons de perto ou de longe). Popularmente são descritos com os seguintes termos: chieira, chiado no peito, piado, pieira ou miado de gato. Os sintomas mais comuns relacionados ao aparecimento de sibilos são tosse, dispneia (falta de ar) e opressão torácica (aperto no peito).
Os sibilos são sons contínuos, de característica musical e com tom agudo. Podem ser percebidos em qualquer fase do ciclo respiratório, embora sejam mais audíveis na expiração. Em geral, indicam alguma doença respiratória, mas indivíduos normais podem apresentar sibilos quando forçam muito a expiração.
A presença de sibilos indica obstrução das vias aéreas (limitação ao fluxo aéreo) podendo ocorrer a presença de secreção nas mesmas e vibração das paredes das vias aéreas que podem se colapsar (fechar). Pode haver espessamento das paredes das vias aéreas ou obstrução do lumen (cavidade).
Os sibilos estão caracteristicamente presentes em uma crise de asma, mas qualquer obstrução ao fluxo das vias aéreas de grosso e médio calibre podem gerar sibilos. Por exemplo, um corpo estranho, secreção ou tumor central.
Entre as características do sibilo observa-se a amplitude (intensidade), o tom (frequência predominante), duração e posição durante o ciclo respiratório. Em relação ao tom, os sibilos são geralmente agudos, tonalidade mais alta indica pior obstrução, quanto a duração quanto mais longo o sibilo mais grave é a obstrução. Porém a amplitude não reflete a gravidade da obstrução, porque muitos pacientes com grave obstrução têm sibilos débeis ou não tem sibilos.
Quando existe um processo infeccioso associado pode vir acompanhado de febre, apatia, queda do estado geral, mal-estar, podendo ser uma infecção viral ou bacteriana, como a pneumonia.
Causas
Os sibilos podem ter diferentes causas para crianças e adultos:
Causas frequentes de sibilância em crianças lactentes (abaixo de 2 anos de idade)
- Infecções virais;
- Bronquiolite viral aguda;
- Asma;
- Refluxo gastroesofágico.
Causas pouco frequentes de sibilância em crianças lactentes (abaixo de 2 anos de idade)
- Outras síndromes aspirativas;
- Corpo estranho;
- Fibrose cística;
- Displasia bronco-pulmonar;
- Alterações de laringe.
Causas raras de sibilância em crianças lactentes (abaixo de 2 anos de idade)
- Insuficiência cardíaca;
- Anel vascular;
- Fístulas traqueoesofágicas;
- Bronquiolite obliterante;
- Traqueomalácia;
- Tumores mediastinais;
- Imunodeficiência;
- Tuberculose.
Causas frequentes de sibilância em crianças maiores de 2 anos e/ou adultos:
- Infecções virais;
- Asma;
- DPOC (Enfisema pulmonar) – só em adultos;
- Refluxo gastroesofágico;
- Bronquiolite – só em crianças.
Causas menos frequentes de sibilância em crianças maiores de 2 anos e/ou adultos:
- Bronquiolite obliterante;
- Fibrose cística;
- Bronquiectasia;
- Pneumonia de hipersensibilidade;
- Anemia falciforme;
- Tumor carcinoide;
- Tumores malignos metastáticos;
- Sarcoidose;
- Ascaridíase;
- Toxocaríase;
- Infecção por metapneumovírus humano;
- Bócio;
- Edema pulmonar;
- Pneumonia por Mycoplasma pneumoniae (mais comum em crianças pré-escolares);
- Laringite;
- Aspergilose bronco-pulmonar alérgica;
- Alguns medicamentos, como betabloqueadores (em adultos) e ácido acetilsalicílico;
- Eosinofilia pulmonar tropical.
Tipos
O sibilo pode ser monofônico (mesmo tom) ou polifônico (tons variados). Quando acontece a obstrução de uma via aérea única, produz um sibilo monofônico, no caso de um tumor, por exemplo.
O comprometimento de múltiplas vias aéreas, como na asma, causa sibilos de tons variados ou polifônicos. Geralmente os sibilos são auscultados em toda a extensão do tórax, mas em casos de serem localizados ou unilaterais, sem causa aparente pode-se pensar em corpo estranho, tumor ou fibrose mediastinal.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico dos sibilos é baseado na história relatada pelo paciente e pelo exame físico. A ausculta do tórax deve ser realizada com o paciente despido em posição deitada, sentada ou ambas, em todos os campos pulmonares com o auxílio do estetoscópio.
No caso de crianças é importante aquecer o estetoscópio com a mão antes do exame para não assustá-la e comparar a auscuta nas mesmas posições dos dois hemi-tórax. A criança deverá permanecer na posição em que fique mais calma, seja deitada, sentada ou no colo da mãe.
O único exame adicional é o raio x de tórax, especialmente para complementar ou afastar outras causas (que não crise de asma), mas na realidade para tratar crise de sibilância, se o médico já conhece seu paciente, nem sempre é necessário esse exame. O acompanhamento é baseado na melhora do paciente ou em um novo exame clinico.
Fatores de risco
Os fatores de risco mais conhecidos para sibilos são:
- Atopia;
- Infecções virais;
- Alterações climáticas;
- Alérgenos do ambiente domiciliar;
- Alérgenos do ambiente externo ao domicílio;
- Tabagismo passivo;
- Poluição ambiental;
- Certos alimentos, medicamentos, corantes;
- Anti-inflamatórios;
- Baixo peso ao nascer;
- Prematuridade.
Buscando ajuda médica
A princípio somente o paciente que já foi a um médico ou a um especialista sabe reconhecer o sibilo, mas toda alteração respiratória merece uma consulta médica. Claramente se os sibilos vierem acompanhados de falta de ar progressiva e tosse incontrolável deve-se procurar um serviço de emergência. Se um especialista pneumologista ou alergista estiver acompanhando o caso, o melhor é entrar em contato com ele.
Medicamentos
Sibilos podem ter diversas causas, de modo que o tratamento varia de acordo com o diagnóstico estabelecido pelo médico. Por isso, somente um especialista capacitado pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. O medicamento mais comum no tratamento de sibilos é o Ares.
Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Cuidados
O paciente deve seguir as recomendações do especialista alergista ou pneumologista.
Referências
Rosane Bleivas Bergwerk, alergologista, especializada em Pediatria e Pneumologia Infantil e graduada pela UNIFESP em Alergia e Imunologia Adulto e Infantil (CRM-SP 69.705)
Ministério da Saúde