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O rotavírus é uma infecção de maior gravidade em crianças e bebês, causando diarreias intensas, febre, cólicas e vômitos, que podem prolongar-se por até uma semana. Ele também pode afetar adultos, no entanto a infeção é menos grave, havendo só o risco de desidratação - por isso a vacina para imunização é ministrada apenas em crianças. Entretanto, um estudo desenvolvido pelo U.S. Centers for Disease Control and Prevention descobriu que as crianças vacinadas também reduzem as hospitalizações por rotavírus em crianças mais velhas e adultos que não foram vacinados. O relatório foi publicado dia 28 de agosto do Journal of the American Medical Association.
Para o estudo, os investigadores analisaram as hospitalizações por rotavírus antes e após a vacina estar disponível. Antes da vacina ser introduzida nos EUA, cerca de 60.000 a 70.000 crianças foram hospitalizadas todos os anos, e entre 20 a 60 morreram. Após o ano de 2006, quando a vacina passou a fazer parte do calendário nacional, houve uma redução não só das hospitalizações em bebês, mas também para crianças e adultos. Desde 2008, a vacina tem impedido até 50.000 hospitalizações por rotavírus a cada ano entre crianças menores de cinco anos de idade, de acordo os pesquisadores. Em 2010, essas reduções também foram observadas entre crianças mais velhas, adolescentes e adultos, os pesquisadores descobriram.
Segundo os autores, a vacinação não impede somente a criança de se infectar, como também impede que outras pessoas sejam infectadas por ela. Eles afirmam que a vacinação pareceu diminuir de forma significativa a quantidade de vírus circulando, de modo que a proteção acontece em um efeito cascata. Dessa forma, os pesquisadores recomendam agora que todas as crianças sejam vacinadas contra o rotavírus, a partir de meses de idade.
O que é a vacina rotavírus?
A vacina para o rotavírus pentavalente é um subtipo e é encontrada apenas na rede privada de saúde e protege contra 5 subtipos do vírus.
Doenças que a vacina rotavírus previne
A vacinação é indicada para evitar as complicações referentes a esse vírus. A forma clássica da doença, que ocorre principalmente na faixa de seis meses a dois anos, é caracterizada por uma forma abrupta de vômito, diarreia (com fezes em caráter aquoso, aspecto gorduroso) e febre alta. Podem ocorrer formas leves e subclínicas nos adultos e formas assintomáticas na fase neonatal e durante os quatro primeiros meses de vida. Eventualmente, o quadro envolve outros sintomas como náuseas, inapetência e dor abdominal, comprometimento respiratório caracterizado por otite média e broncopneumonia.
A transmissão é fecal-oral, por contato pessoa a pessoa e também por meio de objetos, utensílios e brinquedos, além do rotavírus ser encontrado em superfícies de ambientes coletivos. São eliminados em grande quantidade (cerca de um trilhão de partículas por mililitro de espécime fecal, durante a fase aguda do quadro diarreico) nas fezes de crianças infectadas. Ela pode ser transmitida também por água e alimentos contaminados, objetos contaminados e provavelmente também por excreções respiratórias.
Indicações da vacina
A vacina é indicada para crianças com menos de seis meses, depois disso ela não é mais necessária, sendo que este grupo é o que mais sofre com as complicações referentes a esse vírus.
Doses necessárias
O esquema de vacinação da vacina pentavalente é de três doses, sendo a primeira aos 2 meses, a segunda aos 4 meses e a terceira aos 6 meses de idade. Intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
Administração da vacina rotavírus
A vacina é administrada exclusivamente pela via oral.
Contraindicações
Não se deve repetir a administração da dose quando a criança regurgitar, vomitar, cuspir ou se a vacina for administrada fora dos prazos recomendados. Nestes casos, considerar a dose válida.
Esta vacina não deve ser administrada fora da faixa etária preconizada. Está contraindicada também na ocorrência de hipersensibilidade (reação anafilática de alergia) confirmada após o recebimento de dose anterior e ou história de hipersensibilidade a qualquer componente da vacina.
Mesmo que a criança esteja na faixa etária preconizada, a vacina é contraindicada: quando ela tem imunodeficiência; no uso de medicamentos imunossupressores, como tratamento com corticoides a mais de 2 mg por quilo ao dia por duas semanas ou mais, ou quimioterápicos; e quando há história de doença gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo não corrigida, ou história prévia de invaginação intestinal.
Efeitos adversos possíveis
Estudos feitos com mais de 60 mil crianças mostraram que as intercorrências da vacinação de rotavírus não são muito diferentes das apresentadas com outras vacinas. Onde encontrar a vacina rotavírusAlguns convênios médicos cobrem esta vacina no sistema particular de saúde. Consulte sua operadora para ver se seu plano oferece essa cobertura.A vacina pentavalente é apenas encontrada em hospitais e clínicas privados.
Perguntas frequentes
Posso atualizar minha carteirinha de vacinação em qualquer idade?
Não só pode, como deve. Embora o ideal seja seguir o calendário de vacinação e se imunizar nas idades recomendadas, é importante tomar as vacinas que estão atrasadas. "Entretanto, essa regra só vale para vacinas que continuam sendo recomendadas na idade adulta, como tétano, coqueluche e difteria", alerta a pediatra Isabella. Entretanto, vacinas que você deveria ter tomado durante a infância somente, e que perdem a recomendação para adultos, pois o risco da doença não existe mais, não precisam ser tomadas. Um exemplo é o rotavírus, uma doença que é muito grave na infância e deve ser vacinada no período, mas que para os adultos não causa impacto além de incômodo, perdendo a necessidade da vacinação. "Por isso é importante seguir o calendário do nascimento à terceira idade respeitando as idades prioritárias".
Eu posso tomar as vacinas antes do tempo determinado?
Não, as idades mínimas devem ser respeitadas. "Na prática, provavelmente não há nenhum risco de se vacinar antes da hora, mas não existem estudos de segurança para aquela faixa etária, além de não haver indicação da vacina", explica a pediatra Isabella. As indicações etárias levam em conta a recomendação epidemiológica, ou seja, o período da vida no qual você corre mais risco de sofrer aquela doença ou suas complicações. Por isso que algumas vacinas da infância não precisam mais ser ministradas em adultos, pois o período de risco já passou. A lógica é a mesma para vacinas ministradas apenas em adultos. "Um exemplo é a tríplice viral (difteria, tétano e coqueluche), que o sistema imune imaturo da criança pode não ser suficiente para conter os vírus vivos, e a criança pode ficar severamente doente", afirma o imunologista Eduardo. Pessoas com alergia a alguma vacina não poderão tomá-la nunca mais?No geral, é muito difícil uma pessoa ser alérgica à vacina em si, mas a outros elementos que estão dentro dela. As contraindicações existem, segundo a pediatra Isabella, somente para pessoas que já sofreram um choque anafilático nos seguintes casos: para anafilaxias por ovo é contraindicada as vacinas de sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela, pois esses vírus vivos são cultivados no alimento antes de irem para a vacina; em casos de anafilaxias por mercúrio são contraindicadas as vacinas com esse elemento, no geral as ministradas pelo SUS; e quem já teve choque anafilático por látex deve se informar sobre as vacinas em seu local de vacinação padrão, pois algumas podem conter resquícios da substância.
Fontes
Ministério da SaúdePediatra Isabella Ballalai (CRM: 52.48039-5), presidente da regional Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Imunizações
Imunologista Eduardo Finger (CRM: SP72161), coordenador do departamento de pesquisa e desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos.