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Quem nunca sofreu um acidente de percurso durante o sexo? Esquecer a camisinha, ela estourar, ou então aquela pulga atrás de orelha que às vezes fica após a relação sexual - será que aquela camisinha não estava muito velha? Realmente não escapou nada? Estou mesmo protegida?
Estas são situações que levam muitas muitas mulheres a recorrem à pílula do dia seguinte. Ela age inibindo ou retardando a ovulação, impedindo o espermatozoide que eventualmente entrou no útero da mulher de gerar a fecundação, além de provocar alterações no endométrio, bloqueando a implantação do óvulo.
Não existe idade mínima para tomar, basta ter uma vida sexual ativa, mas é importante a orientação de um médico, principalmente em mulheres mais novas, que iniciaram a vida sexual. A conversa com um (a) ginecologista garante que ela não terá problemas no futuro.
"Em princípio, seu uso é contraindicado para mulheres com hipertensão descontrolada, problemas vasculares, doenças do sangue e obesidade mórbida - mas são contraindicações relativas, que dependem de avaliação individual", explica a ginecologista Felisbela Holanda, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Entretanto, uma solução que parece muito simples pode trazer problemas e não for usada da forma adequada. Conversamos com especialistas e listamos os maiores erros cometidos pelas mulheres ao usar a pílula do dia seguinte:
Ingerir antes da relação sexual
Por agir de forma muito parecida a pílula anticoncepcional, muitas pessoas podem acreditar que a pílula do dia seguinte também é indicada para evitar a gravidez antes que a relação sexual aconteça, mas não é essa a finalidade do produto.
Usar continuamente como um anticoncepcional normal
Se a mulher ingerir a pílula com frequência e em um curto período de tempo, o recurso pode não funcionar como método de emergência. "O perigo é que, com o uso abusivo - uma vez por mês já é considerado um excesso - a pílula pode perder o seu propósito, ou seja, a mulher pode engravidar, pois o medicamento quebra o ritmo hormonal", alerta a ginecologista Felisbela Holanda, da Unifesp.
Isso porque a pílula altera o fluxo normal da mulher, desregulando o ciclo menstrual e consequentemente a fertilidade da mulher. "Dependendo do dia em que foi tomada, a pílula pode provocar sangramento ou mesmo retardar a menstruação", conta Felisbela.
Mesmo se considerarmos o uso esporádico da pílula do dia seguinte como um parâmetro normal, ainda é possível que ela cause efeitos colaterais. "Pode causar diarreia, vômito, náuseas, dores de cabeça e no corpo e aumento de peso", explica a especialista.
Se por um lado a pílula do dia seguinte pode favorecer uma gravidez não planejada, por outro essa dose imensa de hormônios ingerida continuamente pode causar em longo prazo uma gravidez ectopia ou então dificuldade para engravidar, já que essas desregulações no ciclo menstrual podem prejudicar o funcionamento do aparelho reprodutor feminino.
Usar em conjunto com outro método anticoncepcional
Segundo as especialistas, ingerir a pílula do dia seguinte mesmo usando outro anticoncepcional hormonal não a tornará mais eficaz. "Se a pessoa está usando o anticoncepcional corretamente, não é necessário tomar a do dia seguinte", afirma a ginecologista Sueli. Ela completa ressaltando a importância de se usar também a camisinha, pois no caso da pessoa ter se esquecido de tomar a pílula ou trocar o adesivo, ela está protegida.
Combinar com álcool ou tabaco
A ginecologista Felisbela explica que combinar a pílula do dia seguinte com alguns tipos de drogas pode ser prejudicial. Bebidas e cigarros possuem substâncias que potencializam os níveis do hormônio estrogênio no organismo.
"A pílula com estrogênio é um vasoconstritor, que contrai os vasos sanguíneos, e a nicotina do cigarro também. Em associação, aumentam o risco de AVC e trombose", esclarece a ginecologista Denise Coimbra, do grupo de estudo e serviço de reprodução humana da Escola Paulista de Medicina. "Além disso, ingerir a pílula juntamente com bebida alcoólica pode causar um pouco de náusea devido a alta dose de hormônio - o ideal é tomar com estômago cheio ou com um copo de leite gelado", afirma a ginecologista Sueli.
Combinar com outros medicamentos
Algumas classes de medicamento podem reduzir a eficácia da pílula. Se você toma algum tipo de medicamento controlado ou está tomando antibióticos, certifique-se de que ele não irá interferir no efeito da pílula do dia seguinte e até mesmo cortar o seu efeito. Na dúvida, verifique a bula dos remédios para conferir essa possibilidade ou então pergunte ao farmacêutico ou ao médico.
Esperar até o dia seguinte para tomar a primeira pílula
Para os métodos que contém duas pílulas, a primeira deve ser tomada logo após o ato sexual, e a segunda depois de 12 horas. Isso garante que os hormônios serão efetivos na prevenção da gravidez. Também é importante ressaltar que no caso da pílula de duas doses, elas não devem ser ingeridas de uma vez - isso também compromete sua eficácia.
"Caso você não tenha uma pílula a mão nem como comprá-la naquele momento, opte pela pílula do dia seguinte de dose única, que pode ser ingerida até 72 horas do coito", afirma a ginecologista Denise. Entretanto, mesmo para essa pílula única, o melhor é tomar até no máximo 12 horas após o ato para aumentar a eficácia do produto, aconselha a especialista.
Substituir a camisinha pela pílula
Ainda que a pílula do dia seguinte seja indicada para uma emergência, já sabemos que ela não pode ser ingerida em toda a relação sexual, sob o risco de efeitos colaterais e até a falta de sucesso no tratamento.
Além disso, a pílula do dia seguinte - assim como outros métodos anticoncepcionais - não protege contra as ISTs, como gonorreia, HPV e AIDS. Portanto, o ideal seria usar a camisinha masculina ou a camisinha feminina sempre, e recorrer à pílula do dia seguinte apenas se acontecer algum imprevisto - ou então usar a camisinha em conjunto com um método anticoncepcional contínuo, como o adesivo.
Isso se levarmos em conta que ela seja tomada nas primeiras 24 horas após o ato sexual. "É perfeitamente possível que a mulher engravide, afinal, a pílula do dia seguinte não é um método contraceptivo, e sim de emergência. O corpo não está preparado para ela", argumenta Felisbela.