Possui graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (1973) e doutorado em Faculdade de Medicina pela Faculdade...
iCâncer durante a gravidez não é comum, porém o especialista se depara com alguma frequência com a necessidade de tomar decisões sobre administração de tratamentos oncológicos, quimioterapia e/ou radioterapia em mulheres durante o período de gestação.
O diagnóstico de câncer mais comum durante a gravidez é o de câncer de mama. O tratamento mais frequentemente proposto é a cirurgia. A quimioterapia e radioterapia devem ser administradas quando indicado, devendo sempre que possível respeitar certos marcos do desenvolvimento do feto na gestação. Sabemos que a quimioterapia deve ser evitada durante o primeiro trimestre da gravidez, pois pode afetar o desenvolvimento do feto. A radioterapia deve ser evitada durante toda a gestação, e sempre que possível optar pela cirurgia.
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As mulheres grávidas devem evitar o uso de hormonioterapia na gestação, pois são capazes de provocar malformações fetais. O uso de terapias alvo também deve ser evitado na gravidez.
Sobre os exames de acompanhamento, cada caso deve ser analisado quanto aos riscos e benefícios dos diversos tratamentos e exames de revisão. Dentro destas limitações e dentro de quantidades recomendadas pelo bom censo, exames sem radiação em geral podem ser feitos, como ultrassom e ressonância magnética sem contraste. Os exames utilizando raios X também podem ser utilizados, desde que em doses baixas e com a devida proteção do feto.
Os maiores riscos que um câncer durante a gestação pode oferecer para o feto são: aborto, nascimento prematuro, possíveis más-formações decorrentes de exposição a drogas com efeitos desconhecidos na gravidez ou decorrentes de radiação X excessiva. Não é incomum o parto ter que ser antecipado e ser realizada uma cesárea.
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As limitações de exames na gravidez frequentemente retardam o diagnóstico de câncer na gestante, o que às vezes se associa a um desfecho mais desfavorável. A importância da localização do câncer inclui a facilidade ou não do diagnóstico em seu tempo usual, a gravidade inerente ao órgão afetado pelo câncer, a facilidade de sua remoção cirúrgica e possibilidade do oncologista fazer uso de todas as armas terapêuticas mais efetivas. O câncer de mama, que é o tipo de câncer mais frequente na gestante, tem seu diagnóstico usualmente retardado pelas modificações do volume da mama gravídica. Além disso, boa parte dos tratamentos que seriam essenciais - como quimioterapia, hormonioterapia e a radioterapia - devem ser retardados até o final da gestação, causando enfim um desfecho que tende a ser pior na paciente gestante.