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O que é colostomia?
Colostomia é a abertura do cólon (parte longa do intestino grosso) através da parede abdominal. Dessa forma, a parte final do intestino grosso é exteriorizada.
Para que serve
De acordo com o gastroenterologista João Ricardo Duda, a finalidade da colostomia é desviar a saída das fezes, ou seja, em vez do conteúdo fecal sair pelo ânus, sai por algum lugar da barriga, onde é encaixada uma bolsa coletora.
A colostomia é recomendada em casos de doenças que não permitam a permanência do ânus ou de todo o cólon e reto, como câncer, retocolite ulcerativa e polipose adenomatosa familiar.
A bolsa de colostomia também pode ser usada de forma temporária em casos em que não é possível realizar uma anastomose intestinal definitiva (ligação entre dois canais, como boca até ânus), ou até mesmo para proteger uma anastomose de risco.
Quando a colostomia é indicada
Segundo a Johns Hopkins Medicine, a cirurgia de colostomia pode ser indicada para tratar diversas doenças e condições diferentes, como:
- Abertura anal bloqueada ou ausente, chamada de ânus imperfurado
- Infecções graves, como diverticulite e inflamação de pequenos sacos no cólon
- Doença inflamatória intestinal
- Lesão do cólon ou reto
- Bloqueio intestinal ou intestinal parcial ou total
- Câncer retal ou de cólon
- Feridas ou fístulas no períneo (na mulher, é localizado na parte de baixo da vulva e vai até o ânus, já no homem localiza-se entre o saco escrotal e o ânus)
A decisão do profissional de saúde em escolher entre colostomia permanente ou temporária depende do motivo pelo qual a técnica está sendo realizada.
O gastroenterologista Henrique Perobelli Schleinstein, da Rede de Hospitais São Camilo, explica que uma colostomia temporária acontece quando um ferimento ou infecção exige que o intestino descanse por um tempo, para que em seguida seja reconectado.
Já uma colostomia permanente é indicada em casos mais graves ou até mesmo incuráveis. Um exemplo disso é o câncer no reto.
Como funciona a bolsa de colostomia?
A bolsa de colostomia é um saco coletor que recebe as fezes ou a urina. Há vários tipos, e são indicados de acordo com a localização do estoma (abertura feita na parede abdominal), idade da pessoa e tipo de material a receber, como informa o Ministério da Saúde.
A bolsa coletora é encaixada adequadamente do lado de fora do estoma para recolher as fezes do paciente. Ela possui uma trava de segurança e deve ser higienizada conforme necessário, geralmente a cada quatro horas, como recomenda o gastroenterologista Henrique Perobelli.
Cuidados no pós-operatório da colostomia
É de extrema importância manter a bolsa de colostomia sempre limpa e lavar seu interior com água. Além disso, deve-se trocar a base adesiva ou a bolsa quando houver infiltração do efluente fecal sob a placa de resina, ou quando esta estiver descolando. "Há no mercado barreiras de resina sintética para proteger a pele quando necessário", indica João Duda.
Muitas dúvidas circulam a respeito do odor emitido pela bolsa coletora, mas a verdade é que raramente ela emite odores se estiver encaixada da maneira correta, por esse motivo vale verificá-la sempre que possível.
"A bolsa não tem cheiro, mas as fezes sim. Por isso, a bolsa deve ser higienizada corretamente e a alimentação do paciente precisa ser alterada para uma dieta com alimentos que não causem complicações", afirma o especialista Henrique Perobelli.
Conforme esclarece o gastroenterologista João Ricardo Duda, a bolsa de colostomia pode ser usada de forma permanente ou temporária, de acordo com os seguintes critérios:
Bolsa de colostomia permanente
- Casos de amputação do reto, cujas causas principais são os tumores malignos do reto muito baixos (junto ao esfíncter anal) e avançados, traumas extensos do reto baixo e, raramente, incontinência fecal acentuada e intratável
- Necessidade de ressecar todo intestino grosso e todo o reto, como em casos de retocolite ulcerativa e polipose adenomatosa familiar, em que pode ser necessária uma ileostomia permanente ou definitiva, procedimento semelhante à colostomia
Bolsa de colostomia temporária
- Casos de diverticulite aguda grave com peritonite fecal
- Trauma
- Tratamento paliativo de um tumor colo-retal inoperável
- Descomprimir o intestino em casos de obstrução (em especial em pacientes sem condições de realizar uma cirurgia definitiva)
- Proteção de anastomoses (restabelecimento da comunicação dos intestinos e do reto através de suturas cirúrgicas manuais ou mecânicas) colorretais, colo-anais ou íleo-anais de risco (ileostomia)
- Controle de fístulas
Complicações da colostomia
As complicações da colostomia dependem de diversos fatores, como o local onde o estoma é feito na parede abdominal e da altura da colostomia.
"Estomas planos trazem muitas complicações, em especial a dificuldade de se manter a bolsa aderida à pele e consequentes dermatites. Pacientes obesos têm maior incidência de complicações", esclarece o gastroenterologista João Ricardo Duda.
As complicações mais frequentes são:
- Dermatite
- Infecção em torno do estoma
- Retração
- Hérnia
- Sangramento
- Prolapso
- Estenose (estreitamento)
- Necrose
Alimentação pós-colostomia
Uma pessoa que fez colostomia pode comer como antes de realizar a cirurgia, basta fazer algumas alterações na dieta para evitar alguns problemas que veremos a seguir:
Evitar odor das fezes: as fezes podem apresentar um cheiro desagradável na bolsa coletora. Para evitar essa complicação, vale evitar alimentos como cebola, repolho, nabo, alho, ervilhas e feijões, peixe e frituras.
Evitar gases: alguns alimentos e bebidas podem causar os desconfortáveis gases. Os especialistas recomendam que o paciente mastigue a comida lentamente e limite alimentos como feijão, ervilhas, brócolis, couve-flor, repolho, ovos, cebola e refrigerante.
Evitar fezes amolecidas: esse caso também está ligado com a alimentação do paciente e são causadas geralmente por verduras, frutas cruas, lentilha, ervilhas e bagaços de laranja.
Evitar prisão de ventre: esse problema pode causar uma sensação de cólica e desconforto ao paciente. Isso pode ser causado por alimentos como inhame, batata, maçã cozida, banana prata e arroz branco.
Como a reversão da colostomia é feita?
A cirurgia consiste, basicamente, em retirar a bolsa coletora e reconstruir o trânsito intestinal do paciente, ligando as partes do intestino que estavam separadas.
"Para isso, pode ser feita uma incisão sobre a cirurgia anterior (sob anestesia geral) e, por meio dela, a cavidade abdominal é acessada. Em seguida, se descola a colostomia da parede abdominal (parte proximal) e se encontra a parte distal do intestino, que está dentro do abdômen, para que sejam unidas por meio de uma sutura (ou anastomose). Ela pode ser feita manualmente ou por meio de um aparelho de sutura mecânica", comenta Fábio Campos, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Durante o procedimento, podem ocorrer complicações como rompimento da sutura do intestino, infecção na incisão, formação de abscesso na cavidade e, mais raramente, problemas respiratórios como embolia - mas o risco geralmente é pequeno, garante o médico.
Segundo o especialista, logo após a cirurgia, o paciente pode receber alguns medicamentos, como antibióticos, analgésicos, remédios para enjoo e possivelmente algo à base de fibras para ajudar o intestino a funcionar.
A dieta é reintroduzida progressivamente: no primeiro dia, a dieta costuma ser líquida. Depois, evolui para pastosa, leve - até chegar a uma dieta com mais consistência, no terceiro ou quarto dia após a operação, geralmente.
"Com isso, é esperado que o paciente volte a evacuar em torno de três a cinco dias", sinaliza Fábio Campos. A recuperação total, no entanto, pode levar um pouco mais de tempo, dependendo do caso.
Após a reversão da colostomia, pode ser comum que o corte da operação doa um pouco por volta do décimo dia. Por isso (e também para permitir a completa cicatrização do corte), atividades que exigem muito esforço - principalmente exercícios físicos - devem ser suspensas por cerca de quatro meses.
Caso recente de colostomia
Em setembro de 2018, o presidente Jair Bolsonaro levou uma facada e precisou passar por diversos tratamentos, incluindo a colostomia temporária, a fim de evitar uma infecção no intestino grosso.
Este tipo de procedimento é indicado para permitir que o intestino se recupere do trauma. Quando se cicatriza, a colostomia é revertida e a função normal restaurada.