Geralmente, o dia-a-dia acaba não comportando visitas regulares aos consultórios médicos. Em se tratando da ala masculin...
iNotícia 1:
A pesquisa "Idosos do Brasil Vivências, Desafios e Expectativas na 3ª Idade", realizada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Sesc Nacional e o Sesc São Paulo, trouxe à tona informações importantes sobre a terceira idade. Foram ouvidos 3.759 idosos em 204 cidades distribuídas em todas as regiões do País. Os dados relativos à saúde chamam atenção. O estudo revelou que 42% dos homens com mais de 60 anos nunca fizeram exame de próstata e que 26% das mulheres da mesma faixa etária nunca foram ao ginecologista. Em média, os idosos foram a uma consulta médica pela última vez há cerca de 11 meses. As idosas fazem consultas mais freqüentes, fizeram a última há 7 meses e meio, em média, enquanto os homens fizeram sua última consulta há 16 meses e meio. Notícia 2:
Estudo divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o crescimento do câncer de próstata está associado à exposição da população a fatores de risco cancerígenos. Consumo de álcool, tabagismo e obesidade são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de nove dos principais tipos de câncer no Brasil.
A taxa de mortalidade do câncer de próstata, que praticamente dobrou no sexo masculino (95,48%) em 25 anos (1979 a 2004) passou de 7,08 óbitos por 100 mil homens para 13,84 óbitos. Um reforço nas ações de diagnóstico poderia, por exemplo, ajudar a reduzir o câncer de próstata, que, segundo o INCA, é detectado no estágio inicial apenas em 7% dos casos. Quando o diagnóstico do tumor primário é feito logo, 90% dos pacientes têm uma sobrevida maior que cinco anos. Já se for detectado tardiamente, essa proporção cai para a metade.
No dia-a-dia:
Os urologistas recomendam que todo homem acima de 50 anos de idade faça anualmente o exame de toque retal e de PSA (antígeno prostático específico), uma proteína cujos níveis sobem na maioria dos casos de câncer de próstata. Se ele tiver, porém, um parente de primeiro grau (pai, filho, irmão) com câncer de próstata, for da raça negra ou obeso deve começar aos 45 anos, porque seu risco para desenvolver a doença é maior. Os médicos insistem nos dois exames, porque em 20% dos casos de câncer, o PSA pode permanecer normal, mas combinado com o de toque, quase a totalidade dos casos pode ser identificada. O diagnóstico do câncer de próstata só é feito com segurança por meio do toque retal e do exame de sangue chamado PSA, proteína que só a próstata produz e que se eleva muito, nos casos de câncer.
Na cabeça dos homens existe a fantasia de que o exame de PSA é suficiente para o controle preventivo do câncer. Na realidade, não é. Ele falha em 20% dos casos. Embora o de toque falhe em 35%, fazendo os dois juntos a probabilidade de deixar escapar um problema cai para 8%. Portanto, um exame não exclui o outro. Ao contrário, um complementa o outro na realização do diagnóstico.
Os homens ainda relutam em fazer o toque retal por dois motivos: o primeiro, por preconceito cultural típico do machismo latino, o segundo, por medo de sentir dor. É preciso investir na disseminação da informação para acabar com o preconceito. O paciente exposto à informação resiste, faz piadas, acha ruim, mas acaba se submetendo ao exame de toque. E, no ano seguinte, retorna para repetir o exame porque percebeu a sua importância e que o procedimento não causa dor.
O câncer de próstata quase sempre aparece na face posterior da próstata. É aí que ele cresce. Com o toque retal, o médico sente se há áreas endurecidas na próstata que é um órgão de consistência mole. Quando surge o câncer, ela adquire a consistência do osso dos dedos dobrados da mão, é possível diferenciar quando se trata de hiperplasia, crescimento benigno da próstata, ou de áreas duras que sugerem a presença de câncer.
A hiperplasia e o câncer de próstata são doenças características da terceira idade que podem ser prevenidas por meio de acompanhamento médico adequado. À medida que envelhecemos, surgem alterações cronologicamente esperadas no organismo. O correto diagnóstico e acompanhamento preventivo são o que de melhor podemos oferecer no sentido de conviver ou corrigir estas
doenças, que habitualmente, surgem na senilidade. Quando estamos na adolescência, a próstata pesa aproximadamente 15 gramas. Mas com o passar do tempo, esta glândula começa a crescer. Este crescimento pode acarretar complicações para a saúde e o bem estar, principalmente, na velhice, explica o médico. Quando a próstata cresce por aumento das glândulas internas com características benignas, ocorre a hiperplasia, cujos sintomas principais são o aumento na freqüência das micções e o esforço para urinar. Quando, além do aumento do volume da próstata surgem nódulos, sem outros sintomas particulares, caracteriza-se o câncer de próstata, e estes tumores podem não ficar restritos à glândula, podem comprometer os ossos ou outros órgãos, através das metástases.
Leia também:
- O câncer de próstata
- Um mal chamado hiperplasia
Ricardo Felts de La Roca é urologista e Integrante Titular da Sociedade Brasileira de Urologia, entre outros títulos
Para saber mais acesse: www.delarocaurologia.com.br