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O câncer de próstata é o mais incidente entre os brasileiros do sexo masculino, sendo o segundo câncer mais comum na população, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. São 60 mil novos casos estimados anualmente, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Nesse cenário, se faz de extrema importância a realização dos exames e o acompanhamento com o médico, principalmente aqueles que estão em grupo de risco para a doença. Pensando nisso, conversamos com especialistas e tiramos a principais dúvidas sobre o diagnóstico do câncer de próstata, bem como os exames que precisam ser feitos a partir de qual idade:
Câncer de próstata afeta apenas homens idosos?
Não exclusivamente, mas principalmente. "A idade média é de 68 a 72 anos, mas pode ser encontrado em jovens - principalmente de etnia negra - ou em indivíduos com forte história familiar de câncer de próstata", explica o oncologista Fabio Kater, coordenador do Centro de Oncologia do Hospital 9 de Julho. Segundo o oncologista Anderson Silvestrini, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, cerca de 60 a 70% dos homens a partir dos 80 anos pode ter um câncer de próstata inicial.
Todo homem precisa fazer o exame de toque independente da idade?
Os homens precisam fazer o exame de toque anualmente a partir dos 50 anos, pois é a partir dessa idade que a incidência aumenta. "Antes desta idade o exame pode ser recomendado pelo médico para pessoas sintomáticas ou pessoas de alto risco para a doença, como obesidade e parentes de primeiro grau com o diagnóstico da doença", ressalta o oncologista Anderson. A recomendação atual da Associação Americana de Urologia é de que homens entre 40 e 54 anos sejam submetidos a avaliação prostática com PSA e toque retal se apresentarem fatores de risco para o câncer de próstata, caso contrário, a avaliação prostática de rotina deverá ser realizada em homens a partir dos 50 anos. Entretanto, homens em idade muito avançada - expectativa de vida abaixo dos 10 anos - que não apresentam sintomas e nunca tiveram diagnóstico para câncer de próstata podem receber dispensa do exame pelo médico, sob a justificativa de que o diagnóstico nessa idade pode não beneficiar o paciente, pois o tratamento poderá ser muito exaustivo e pouco efetivo para alguém cuja expectativa de vida já está baixa. Um exemplo: um homem que já tem 90 ou 95 anos não se beneficia tanto do diagnóstico quanto um homem mais jovem, pois ele provavelmente morrerá por outras coisas relacionadas à velhice, e o tratamento para o câncer pode ser debilitante. Entretanto, tudo deve ser conversado adequadamente com um médico.
Não tenho sintomas urinários, preciso me preocupar com o câncer?
Sim, precisa. "O câncer da próstata em seu estágio inicial é assintomático, ou seja, não apresenta sintomas", ressalta o cirurgião oncologista Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Núcleo de Urologia do A.C.Camargo Cancer Center. Quando os sintomas aprecem, significa que a lesão já se encontra em estágio mais avançado. Dificuldade para urinar, esforço urinário, hesitação urinária, retenção urinária, instalação recente de disfunção erétil e sangue na urina ou no esperma são sintomas importantes para câncer de próstata. "Outros sintomas são, em casos mais avançados, dores ósseas, geralmente de difícil controle", afirma o oncologista Anderson.
O exame de toque é a única maneira de diagnosticar o câncer de próstata?
Não. "O toque é parte importante do exame da próstata, porém pode ser falho", afirma o cirurgião oncologista Gustavo. A investigação correta é feita com uma história clínica completa, dosagem de PSA, toque retal e ultrassom de próstata por via retal. "O PSA é uma proteína que a próstata normal pode produzir e o tumor de próstata produz em quantidade muito maior", explica o oncologista Anderson. Segundo o oncologista Fabio, esses exames conferem 95% de chance de um diagnóstico.
Se o PSA está normal não é necessário fazer o toque retal?
Você pode estar se perguntando: se o exame de toque pode ser falho e meu PSA está normal, porque seguir nessa avaliação? Segundo o oncologista Fabio, de 24 a 40% dos tumores não apresentam altas dosagens da proteína PSA, não sendo detectados pelo exame - mas podem ser pelo toque. "O exame de toque retal também nos dá informações adicionais sobre a próstata, mesmo que não relacionado à doença maligna, como a hiperplasia prostática benigna", afirma o urologista Ravendra. Além disso, o exame de toque também possibilita encontrar pólipos e fazer retirada de pele para biópsia.
O câncer de próstata é sempre grave?
A gravidade da doença varia com sua extensão. Quanto mais extensa a doença mais grave é o seu prognóstico, afirma o oncologista Anderson. Quando diagnosticado e tratado no início, tem os riscos de mortalidade reduzidos. "Entretanto, quando diagnosticado em estágio metastático, ou seja, que já se propagou para outros órgãos, as chances de cura são mais baixas", explica o urologista Ravendra. Os especialistas explicam que cada caso é um caso mas, uma vez feito o diagnóstico, é necessário o acompanhamento próximo com o médico e busca do tratamento mais adequado para o paciente. No Brasil, o câncer de próstata é a quarta causa de morte por câncer, correspondendo a 6% do total de óbitos desse grupo. Por isso é muito importante fazer os exames regularmente e ficar atento aos sintomas.
É possível fazer uma prostatectomia preventiva?
A realização de uma prostatectomia "preventiva" não é indicada em nenhuma situação. "Atualmente existem pesquisas buscando marcadores genéticos de mau prognóstico que poderiam auxiliar na condução de casos de neoplasia maligna da próstata em fase inicial, mas na ausência de malignidade não há indicação de extirpar a próstata", afirma o urologista Ravendra. Além disso, a retirada da próstata pode envolver uma série de efeitos indesejáveis, como incontinência urinária, disfunção erétil e impotência. "Não existe nenhuma evidência científica que justifique qualquer procedimento profilático para evitar o câncer de próstata", explica o oncologista Fabio. Além disso, afirma o cirurgião oncologista Gustavo, boa parte dos pacientes com tumores na próstata poderão ser tratados de outras formas que não a cirurgia, como radioterapia ou HIFU (ultrassom focalizado de alta frequência).