Médico urologista e doutor em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também é membro da...
iEjaculação rápida ou precoce é uma doença que tem uma alta prevalência na população sexualmente ativa. Estima-se que cerca de 20% dos adultos sofram com esse problema. Mas nos tempos atuais, onde a informação está disponível para todos, se torna muito importante filtrar o que você lê.
Seja esperto e não cai nessas propagandas que usam sua fragilidade, distorcem conceitos científicos para te convencer de que você tem um problema e eles possuem a solução.
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Ejaculação precoce se encaixa muito bem no ambiente preferido por quem gosta de vender soluções mágicas. Por isso, a informação qualificada é fundamental!
Como identificar
Ejaculador precoce é aquele homem que não percebe nenhum controle da ejaculação. Muito diferente de desejar mais tempo de penetração, algo comum entre os homens, o diagnóstico de uma doença merece critérios claros para que não ocorra o uso indiscriminado de medicamentos para turbinar relações.
No ejaculador precoce, ela acontece de maneira praticamente automática, assim que ele penetra ou até antes da penetração. Além disso, o descontrole precisa ser constante, ou pelo menos acontecer na maioria das relações sexuais. E ainda há necessidade de outro item indispensável ao diagnóstico: o fato deve gerar grande desconforto e insatisfação para o homem e/ou para o casal.
Com alguma frequência recebo no consultório homens que se auto rotulam como "ejaculadores precoces". O passo inicial é entender a queixa de cada um. Alguns conseguem penetrar durante mais de 10 minutos e ainda assim acham pouco. Dizem que isso é insuficiente para que a parceira consiga o orgasmo simultâneo. Aqui entra um fator muito importante: em alguns casais, a mulher com dificuldade de orgasmo ou que não consegue orgasmo vaginal (compenetração vaginal) pode confundir e criar um diagnóstico equivocado.
Tipos básicos de ejaculação precoce
Existem ainda, diferentes tipos de ejaculação precoce (EP). Aqui vamos resumi-los nos dois mais conhecidos: o que acompanha o homem desde o início da vida sexual, chamada EP primária; outro que surge após um estresse emocional, denominada EP secundária. Pesquisadores mais recentemente estabeleceram mais dois subtipos: situacional e relativa que excedem o objetivo desta matéria.
Exemplificando cada um desses dois tipos básicos de EP: o homem com cerca de 30 anos que nunca conseguiu nenhum controle ejaculatório e procura ajuda médica porque casou e percebe que a esposa não está satisfeita com os dois minutos que consegue penetrá-la; o homem com 60 anos de idade, diabético, que não consegue mais manter a ereção (rigidez) peniana e após a separação conjugal (estresse emocional) passa a conviver com ejaculação rápida (às vezes até antes de penetrar) com a nova namorada que é 10 anos mais jovem.
Tratando de forma individual: cada caso é um caso!
O tratamento de cada caso é individual. Não existe fórmula universal para tratamento. E esse é o motivo que faz muitos incautos embarcarem em promessas irreais que terminam sempre em prejuízo financeiro e a sensação de que o ?meu caso é mais grave,...nem esse medicamento caro resolveu?. Também por essa razão, a escolha do profissional adequado é muito importante. Aqui no Brasil cresceram o número de clínicas que se autointitulam especializadas em saúde sexual. Investem fortunas em propaganda onde só falta a real formação do profissional responsável. O bom e velho currículo. Cuidado! Algumas comercializam medicamentos e os profissionais são remunerados de forma proporcional ao que é vendido, gerando um nítido conflito de interesses. Por isso, ferem parágrafos da ética médica que proíbe que o médico se beneficie direta ou indiretamente da venda do próprio tratamento que receita.
Enquanto a EP primária sempre se acompanha por um perfil mais ligado à ansiedade, não significando ser ?um problema somente de ordem psicológica?, a EP secundária pode ser deflagrada por um problema físico concreto. Quando o homem que estava plenamente satisfeito com seus 10 minutos de controle ejaculatório enfrenta dificuldade de ereção, a perda da confiança pode desestabilizar o controle ejaculatório e fazer com que ele passe a ejacular como menos de um minuto. Como se ele preferisse terminar a relação antes de passar a vergonha da impotência. Claro que isso não é consciente, mas algo que acontece. Por isso, nesse caso de EP secundária à disfunção erétil, devemos focar o tratamento na recuperação da ereção e da autoconfiança do homem.
No caso de EP primária, a recomendação das principais diretrizes nacionais e internacionais é focar na terapia combinada e contar com uma equipe multidisciplinar. O uso de medicamentos que agem no centro cerebral de controle do orgasmo é fundamental, devendo estar associado à psicoterapia, ao uso de cremes dessensibilizadores (que ajudam no início do tratamento) e de medidas de mudança de hábitos que focam na redução do estresse, recuperação da autoestima e redução da ansiedade.
Uma dica fundamental para qualquer um que vai iniciar o tratamento é não criar a expectativa que a melhora tem que ser rápida. Típico de quem é ansioso. Calma. Um problema que envolve a sexualidade e que você convive há anos não vai ser solucionado de forma imediata. Mas vai melhorar gradativamente e com paciência você vai conseguir atingir seus objetivos.
Conselho para os que não têm ejaculação precoce
Finalmente, não deixe de comemorar o fato de você não se encaixar no diagnóstico de ejaculador precoce. Não é por isso que o médico ou profissional de saúde não irá ajuda-lo. Mas o apoio virá como outras medidas e não com medicamentos.
Entenda a associação entre ansiedade e controle da ejaculação. Pois ela está sempre presente. Quanto mais ansioso, pior o controle ejaculatório. Tem gente que recusa essa regra, pois se acha calmo e tranquilo. O problema é que a ansiedade nem sempre é sentida ou percebida por quem sofre. Então se você deseja mais tempo de controle, aqui estão algumas dicas:
- Não se cobre sempre desempenhos extraordinários
- Troque quantidade por qualidade. Sua parceira vai agradecer
- Invista nas preliminares e descubra outras fontes de prazer além da penetração
- Sinta a excitação a sua parceira e reserve a penetração para o momento em que ambos estiverem no mesmo nível
- Acredite em você e descubra junto com ela a posição de maior prazer para ambos
- Varie a intensidade e frequência do coito, reduzindo quando perceber que a ejaculação está próxima
- Mantenha uma frequência sexual regular, evitando longos períodos de abstinência. Assim você vai chegar na relação com menos ansiedade
- Encare a masturbação como um momento de autoconhecimento e uma boa foram de treinar o prolongamento do prazer. Não se esqueça de fazer atividade física regular, alimentar-se de forma inteligente e fazer seus exames médicos periódicos. Essas atitudes saudáveis ajudam na preservação da sua autoestima e na prevenção da disfunção erétil. Cuide do seu pênis!