Possui doutorado (Pós-Graduação) em Endocrinologia - Faculdade de Medicina da UNESP/Botucatu. É especialista (Residênci...
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Antes de uma pessoa ser diagnosticada com diabetes, ela passa por um estágio chamado pré-diabetes. Esse quadro é caracterizado pelos altos níveis de glicemia, mas ainda não a ponto de se tornar uma doença crônica. Porém como identificar essa condição? Existem sintomas de pré-diabetes no corpo?
A verdade é que o pré-diabetes é um quadro de saúde silencioso, ou seja, que não apresenta sintomas. Por isso, o diagnóstico só pode ser feito através de exames de rotina. Por outro lado, apesar de ser assintomática, essa condição pode ser grave para a saúde.
“O pré-diabetes apresenta, assim como o diabetes já estabelecido, um risco aumentado para infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e, segundo alguns estudos, maior risco para o desenvolvimento de câncer”, afirma Leonardo Parr, endocrinologista da Diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo (SBEM-SP).
Além disso, se não tratado adequadamente, o pré-diabetes pode evoluir para um quadro de diabetes. “Estudos projetam que cerca de 18,5% dos brasileiros apresentam o problema e em torno de 25% dos pacientes podem progredir para o diabetes nos próximos três a cinco anos após o diagnóstico, caso não ocorra nenhuma intervenção”, explica Leonardo.
Quando é considerado pré-diabetes?
Se não existem sintomas de pré-diabetes, como, então, identificar a doença? Essa definição é feita via exames laboratoriais, como a glicemia de jejum, teste de curva glicêmica ou hemoglobina glicada. Os valores que são considerados pré-diabetes são:
- Glicemia de jejum: entre 100 e 126 mg/dL
- Curva glicêmica: entre 140 e 199 mg/dL
- Hemoglobina glicada: entre 5,7 e 6,9%
Por isso, é importante manter uma rotina de exames periódicos. “Todos esses testes devem ser realizados em pessoas que possuem fatores de risco para o pré-diabetes e o diabetes”, afirma o endocrinologista. São consideradas grupos de risco pessoas com:
- Sobrepeso ou obesidade
- Parentes de primeiro grau com diabetes tipo 2
- Histórico de doença cardiovascular (infarto, angina, AVC, obstrução arterial periférica)
- Hipertensão arterial
- Síndrome do ovário policístico
- Sedentarismo
- Histórico de diabetes gestacional
- Colesterol bom abaixo de 35 mg/dL e triglicérides acima de 250 mg/dL
- Histórico de uso de medicamentos com corticoides ou antipsicóticos
Como reverter o pré-diabetes?
A boa notícia é que tem como reverter o pré-diabetes. Inclusive, o tratamento dessa condição é a prevenção do diabetes tipo 2. Estudos como o Diabetes Prevention Program, que acompanhou mais de 2 mil pacientes pré-diabéticos por mais de 20 anos demonstraram que a mudança de estilo de vida (com atividade física, perda de peso e alimentação saudável), foi capaz de reduzir o risco de evoluir para o diabetes em 58%.
Por isso, o tratamento para pré-diabetes engloba a mudança de estilo de vida. De acordo com as orientações da American Diabetes Association (ADA), é necessária a perda de 7% do peso para a redução do risco de desenvolver diabetes tipo 2.
“Praticar atividades físicas por, pelo menos, 150 minutos por semana também se mostrou uma estratégia eficaz, além de uma dieta pobre em açúcar refinado, alimentos processados e rica em vegetais, grãos, alimentos integrais e com preferência para carne branca e de peixe”, elenca Leonardo.
Em alguns casos, também tem como tratar pré-diabetes com o uso de metformina. Esse é um dos tipos de remédios para diabetes tipo 2 que atua diminuindo a glicemia. Mas vale lembrar que o tratamento adequado deve ser prescrito por um médico especializado, sendo essencial evitar a automedicação.