Com mais de 20 anos de atuação, Dr. Daniel Nunes é formado em Medicina pela Faculdade Federal de Ciências Médicas do Rio...
iRedatora de conteúdos sobre beleza, família e bem-estar.
Na última terça-feira (30), Andressa Urach, de 36 anos, revelou em suas redes sociais que se submeteu a uma cirurgia de bifurcação da língua — procedimento que divide o órgão muscular em duas partes. A modelo, que já é adepta de modificações corporais, falou sobre o seu processo de recuperação.
“Um dia de bifurcação da língua! Tá doendo, inchado, não consigo falar, tô salivando bastante. Dificuldade de engolir. Consegui hoje tomar uma sopa batida no liquidificador, tentei sorvete, mas não consegui”.
No segundo dia após a bifurcação da língua, a modelo compartilhou mais um vídeo. “Ainda estou salivando muito, tenho duas ínguas no pescoço. E está tão inchada a língua que quase não cabe dentro da boca. Dói bastante! Para engolir ainda é bem difícil”, desabafou.
Os vídeos publicados por Urach tiveram bastante repercussão e, consequentemente, gerou algumas dúvidas em relação aos possíveis riscos e a reversibilidade da cirurgia que deixa o paciente com a “língua de cobra”.
Para entender melhor como esse procedimento funciona e quais complicações estão sujeitas a ele, o MinhaVida conversou com o cirurgião plástico Daniel Nunes. Confira abaixo!
Leia também: 6 cuidados essenciais no pós-operatório da cirurgia plástica
Como é feita a cirurgia de divisão da língua?
O procedimento de bifurcação da língua divide a porção anterior da língua em duas partes, criando “duas línguas” e permitindo a realização de movimentos independentes — o que tende a ser a expectativa de quem realiza essa cirurgia.
Daniel Nunes explica que a bifurcação da língua é realizada sob anestesia local e leva cerca de 10 a 30 minutos. Os pontos, segundo ele, costumam ser retirados em 7 a 14 dias e a cicatrização pode ser um pouco lenta, levando em média de 15 a 20 dias.
Apesar de parecer um procedimento simples, o cirurgião frisa que, assim como toda intervenção desse tipo, a bifurcação da língua pode oferecer riscos de sangramentos e infecções.
“A literatura médica reúne poucos estudos sobre essa prática, que costuma cursar à sua margem. Da comunidade científica, cabe o alerta quanto às repercussões incertas desse procedimento. Em longo prazo, as consequências da “divisão da língua” foram muito pouco estudadas, merecendo atenção dos interessados. Dificuldades para a pronúncia de fonemas específicos já foram relatados na literatura e os autores recomendam cautela com o procedimento”, alerta o médico.
Ao MinhaVida, o otorrinolaringologista Elisandro Dias contou que, devido aos riscos, jamais realizaria um procedimento como este em um paciente. “Existem riscos de comprometimento da deglutição. Com certeza ela (Andressa Urach) comprometeu áreas de defesa da boca, por ter retirado tecidos linfóides, e pode ter alterações de fala".
Leia também: 5 problemas na língua mais comuns e suas causas
Esse procedimento é reversível?
A principal dúvida quanto à bifurcação da língua feita por Andressa Urach foi: é reversível? E por incrível que possa parecer, a resposta é sim.
“Procedimentos reparadores para a reconstrução da língua pós-bifurcação podem ser realizados, mas ampliam a complexidade das intervenções e oferecem resultados que estarão relacionados às lesões determinadas na língua pela bifurcação inicial”, esclarece Daniel Nunes.
Saiba mais: Guia de cuidados com piercing: veja como evitar complicações