Terapeuta Clínica há 15 anos com abordagem cognitiva comportamental. Especialista clínica em Ansiedade, Crise de Pânico...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iMuitos pais acreditam que pressionar os filhos a obter boas notas e conquistas os prepara para o sucesso. Mas e se essa lógica estiver equivocada? Jennifer Breheny Wallace, jornalista formada em Harvard, revela uma realidade preocupante: o que deveria ser um trampolim para o futuro pode, na verdade, se tornar um peso insuportável.
Após entrevistar 6.500 pais, com o apoio de um pesquisador da Escola de Educação de Harvard, Jennifer descobriu que mais de 70% dos jovens sentem que são valorizados mais por suas realizações do que por quem realmente são. Essa pressão constante os faz acreditar que nunca serão bons o suficiente, afetando profundamente seu bem-estar emocional.
O que muitos pais consideram um "colete salva-vidas" para enfrentar a instabilidade do futuro está, na verdade, afundando as crianças em um mar de expectativas sufocantes. Mas há uma saída — e ela pode ir contra tudo o que você já acreditou sobre sucesso e educação.
A ansiedade dos pais e o “contágio emocional”
É natural que os pais desejem o melhor para seus filhos: sucesso, felicidade e segurança. No entanto, quando essa preocupação saudável se transforma em ansiedade constante, ela pode acabar prejudicando exatamente aquilo que se pretende proteger. Segundo especialistas, essa ansiedade parental pode se espalhar para as crianças por meio de um fenômeno conhecido como “contágio emocional”. Em vez de impulsioná-las, pode, na verdade, bloquear o caminho para o sucesso.
Imagine um alarme de incêndio hipersensível que dispara com o cheiro de pão queimado. Não há fogo real, mas o alerta soa como se houvesse. Esse é o chamado “princípio do detector de fumaça”, conforme explica o psicólogo Randolph Nesse.
A ansiedade dos pais funciona de maneira semelhante: pequenos desafios podem parecer grandes ameaças. Jennifer Breheny Wallace destaca que esse excesso de preocupação leva as crianças a desenvolverem evitação psicológica — um medo paralisante de fracassar, que as impede de assumir os riscos necessários para crescer.
Ensine resiliência, não perfeição
A solução, nesse caso, não é eliminar todos os obstáculos, mas ensinar os filhos a lidar com o estresse e os desafios da vida. O papel dos pais, segundo Jennifer, é mostrar na prática como enfrentar dificuldades, confiando mais e controlando menos. Isso inclui permitir que eles cometam erros e aprendam com suas próprias experiências.
Essas atitudes ajudam a construir uma base emocional sólida, conforme explica a psicpologa Larissa Fonseca em um artigo anterior ao MinhaVida: “Uma criança que se sente ouvida e apoiada aprende a confiar em si mesma, lida melhor com o estresse e desenvolve habilidades para construir relacionamentos saudáveis. A longo prazo, terá maior autoestima, enfrentará os desafios com mais segurança e terá menos chances de desenvolver transtornos como a ansiedade”.
Afinal, sucesso não é sinônimo de diplomas das melhores universidades. Ele pode surgir de caminhos inesperados, quando os filhos sentem que têm espaço para ser quem realmente são.