Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Possui especialização em Pediatria e Pneumologia...
iJá ouviu falar em alergia ao aumento de temperatura corporal? Existe um tipo de urticária chamada colinérgica, que ocorre nesse tipo de situação. Ela é classificada dentro do sub-grupo das urticárias físicas, em que os pacientes desenvolvem lesões secundárias a estímulos ambientais: exercício, frio, calor, pressão, luz solar e vibração.
As lesões desse tipo de urticária surgem quando há um aumento da temperatura corporal, geralmente menos que 1°C, que pode ser induzida ativamente por exercício ou passivamente em situações como:
- Banhos quentes
- Uso de agasalhos pesados
- Ingestão de alimentos condimentados
- Estresse
- Ingestão de álcool.
A febre, por motivos desconhecidos, não desencadeia a urticária colinérgica.
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Sintomas desse tipo de urticária
As lesões da urticária colinérgica são bem típicas, com formação de micropápulas puntiformes, avermelhadas e com extrema coceira, de mais ou menos 2 a 4 mm de diâmetro, circundadas por um halo avermelhado, parecendo um "ovo frito". As lesões aparecem ao redor do pescoço, tronco, antebraços, pulsos e coxas, poupando as regiões plantares e palmares.
Ocasionalmente estímulos colinérgicos podem desencadear salivação, lacrimejamento e diarreia. Raramente acontecem angioedema, hipotensão e chiado no peito.
A reação tem início 2 a 30 minutos após o estímulo desencadeante e dura 20 a 90 minutos após o término do mesmo.
Este tipo de urticária atinge adultos jovens e sua prevalência varia de 7 a 11,2%. A média de duração é de 6 anos, mas pode variar. Não há distinção de sexo. É mais frequente em indivíduos atópicos. Os sintomas vão melhorando com a idade.
Por que os exercícios podem provocar o problema?
Acredita-se que após o exercício há um estímulo do sistema nervoso central, que leva a liberação de acetilcolina pelas fibras nervosas periféricas. A acetilcolina parece ter um papel fundamental no desenvolvimento da urticária colinérgica. Provoca a liberação de mediadores mastocitários. A histamina parece ter um papel secundário na gênese da urticária colinérgica. Outros mediadores são citados como serotonina, bradicinina e fatores quimiotáticos para eosinófilos.
Mas a urticária colinérgica deve ser diferenciada da urticária / anafilaxia induzida pelo exercício, a qual não é desencadeada por aquecimento passivo (banho quente) e é associada com frequência a sintomas sistêmicos.
Diagnóstico e tratamento
A confirmação do diagnóstico de urticária colinérgica pode ser realizada por meio de exercícios como corrida, esteira ou bicicleta ergonômica. O teste será positivo se a erupção da urticária aparecer 10 minutos após a provocação com o exercício. Em um momento posterior, pode ser feito o teste com banho quente aonde o paciente deve ficar em uma temperatura de 42 °C por até 15 minutos. O teste será positivo se aparecerem lesões de urticárias.
O tratamento consiste em evitar os fatores desencadeantes e administrar anti-histamínicos de segunda geração. Muitas vezes não há uma boa resposta a essa medicação. Há relatos de terapia com anti-IgE, Omalizumabe, com eficácia.
A urticária colinérgica pode coexistir com urticária aquagênica, urticária ao frio e dermografismo.