Psicóloga formada em 1998 pela Faculdade de Ciências e Letras, com validação e equivalência de diploma pela Universidade...
iTodos nós buscamos manter ou alcançar um estado emocional e físico de bem-estar, felicidade e paz interior. Sendo assim, emoções positivas passam a fazer parte da lista de objetivos importantes da vida. Por outro lado, vivenciar emoções negativas não é, necessariamente, o caminho oposto do bem-estar. É importante entender bem todo este conceito, que pode ser confuso de início.
O que é positividade tóxica?
Acreditar que devemos estar bem sempre é ser desrespeitoso com você mesmo. Isso é a famosa positividade tóxica. É ter de ver o lado bom em tudo, estar bem a qualquer hora, ter gratidão no que se tem ou no que se vive.
O que ocorre é que a real felicidade, o bem-estar e, principalmente, a regulação emocional só aparecem quando uma pessoa é capaz de responder de modo flexível aos estímulos naturais do dia a dia que jamais serão unicamente positivos.
Sendo assim, ter equilíbrio emocional, boa gestão das emoções e resiliência, regulando de modo flexível as próprias emoções, significa ser capaz de enfrentar as adversidades da vida sem acessar "o fundo do poço", sem se perder no emaranhado de pensamentos, sem confusões profundas, ruminação de ideias intermináveis ou mesmo sem o sentimento de perda de controle.
Isso tudo não quer dizer que você deva desejar ter emoções negativas ou se acomodar aos problemas emocionais, muito menos compreender que não há o que se fazer se as coisas não estão andando bem. Muito pelo contrário, a ideia é justamente aceitar que vivemos momentos cíclicos na vida, com altos e baixos, e que podemos nos fortalecer para lidar com esse "movimento" da vida sem nos desesperarmos como se fosse algo impensado.
Altos e baixos fazem parte da vida
Mas se a vida é feita de momentos bons e ruins, por que algumas pessoas não lidam bem com esta oscilação natural do viver?
São muitos os motivos para isso acontecer, por exemplo, aprendizado familiar, falta de organização, mau planejamento ou mesmo a falta do bom uso do tempo, por exemplo, para prever momentos mais de "baixa" que fazem parte da vida (e não estou falando de imprevistos), entre outros. E dentro destes "outros motivos", um deles que é bem importante tem a ver com a quantidade de estímulos que recebemos nas redes sociais.
Vida perfeita das redes sociais
Na internet, a vida parece mais bela do que é na realidade. Para muitos, o universo on-line é um paraíso inalcançável. Ver fotos de férias ou de momentos de lazer dos colegas parece estimular nas pessoas ideias de que a vida delas é mesmo muito sem graça e de que "a grama do vizinho é sempre mais verde".
Com isso, há uma falsa impressão de perfeição do outro e também uma falsa impressão de imperfeição em si mesmo. "Se todos lá fora parecem profundamente felizes menos eu, claro que o problema sou eu". Mas, esta frase contém milhares de erros cognitivos.
Em primeiro lugar, "parecer" não significa ser e nem estar. E ainda que estejam todos felizes, o que isso significa realmente? Como algo assim impacta em mim? Posso fazer o que eles fazem? Posso aprender com eles para melhorar o meu modo ser? Posso fazer melhores escolhas para mim? O que eu tenho, eu gosto? Se não gosto, posso mudar, aceitar ou me adaptar?
Quando imaginamos que devemos vivenciar o prazer constantemente, que devemos estar felizes, que devemos estar bem, erramos a compreensão do conceito de ser humano. Quem é feito de "carne e osso" com certeza é feito também de milhares de "tons" de emoções. E as emoções não são apenas as boas. Emoções são, com certeza, positivas e negativas e sempre carregam a intenção de lhe alertar e proteger.
Quando você é bombardeado de regras criadas por pessoas que dizem que você deveria seguir "isso e aquilo outro" sem nem piscar, que deveria fazer todos os dias um determinado passo a passo para se sentir bem, como por exemplo, uma fazer lista de gratidão ou de momentos bons, repetir um novo hábito por 21 dias, e tantas outros modismo, a vida fica mais pesada do que leve.
Essas regras assim impostas e com promessas irreais levam a sofrimento, cobrança e tristeza. As pessoas, no geral, não conseguem aproveitar as dicas, que são, sim, interessantes - como ter gratidão e desejar implementar novos hábitos - pois estas dicas viram armadilhas e engessam você como obrigação. "Se as pessoas fazem lista de gratidão e eu, neste momento, não estou feliz e nem estou grato, então, eu sou um problema além do sofrimento que sinto". E claro, isso não é uma verdade, é um erro de pensamento e conclusão torta.
Como lidar com os sentimentos?
É normal que tenhamos movimento nas emoções e, com certeza, momentos de leveza, outros de pensamentos duros e críticas. Para entender, quando devemos nos preocupar com os nossos sentimentos, a regra de ouro é fazer perguntas saudáveis:
- você se aceita como é?
- você entende quando uma emoção negativa acontece?
- você respeita seu tempo?
- você pede ajuda ou faz tratamento para melhorar o que lhe causa sofrimento?
Ao mesmo tempo que é normal ter sentimentos de tristeza, raiva, inconformismo, entre outros, o ideal é manter-se equilibrado sem perder o controle, a capacidade de gerenciar seu dia a dia, seu trabalho (e/ou estudo) e suas relações para não se perder na dor. A dor emocional nos ajuda a repensar a vida para melhor aproveitá-la, mas é a felicidade que nos ajuda, então, vale desfrutar com prazer o vivenciar da vida.
Sucesso naquilo que busca!