A palavra terapia vem do grego therapeúein que tem o significado de assistir, cuidar. Mas, o que exatamente significa fazer psicoterapia? Como falar sobre questões pessoais a uma pessoa estranha, e como confiar que ela pode ajudar a resolver o problema?
Fazer psicoterapia nada mais é do que falar sobre si mesmo, compartilhar com um profissional sentimentos e emoções, tanto atuais, quanto relacionadas a vivências passadas. A importância do passado fica mais clara através da justificativa do psicanalista Contardo Calligaris, em seu livro Cartas a um Jovem Terapeuta: "Não é porque os eventos da infância sejam mais marcantes do que os de hoje, mas, porque os eventos de hoje tomam relevância e sentido a partir do nosso passado e, portanto, da nossa infância."
Existem atualmente, diversas abordagens da psicologia que pensam as psicoterapias de diferentes formas e a partir de técnicas e eficácia diversas. Entretanto, a proposta deste artigo não é discorrer sobre cada uma delas, mas sim, possibilitar reflexões sobre uma dúvida frequente nos consultórios: "Como a psicoterapia pode ser funcional?".
A partir do entendimento que se tem sobre a junção entre os pensamentos e os sentimentos e do quanto um interfere no funcionamento do outro, podemos entender o "falar sobre si mesmo" como tendo uma função organizadora, ou seja, ao falar a pessoa está entrando em contato com o seu mundo interno e, ao se ouvir, organiza as suas idéias, este processo, por si só, já garante efeitos terapêuticos.
Além do mais, a vivência deste contato pode trazer à consciência certos conteúdos desconhecidos para a própria pessoa que fala. É através do manejo destes conteúdos que o terapeuta busca provocar reflexões, e permitir que o sujeito pense sobre pontos subjetivos a respeito de si mesmo, relacionando-os as emoções sentidas e possibilitando, a experiência de autoconhecimento.A pergunta agora se trata, então, de entender para quê se faz necessário o autoconhecimento?
Acreditamos que somente através do reconhecer em si as reações possíveis diante de situações adversas é que se pode objetivar mudança de comportamento e diminuir o sofrimento causado por questões como, por exemplo, ansiedade, angústia, medo, oscilações de humor, estresse, tristeza, alegria entre outros. Desta forma, uma pessoa que se conhece, emocionalmente, poderá se sair melhor de situações conflitantes, se adaptar com maior facilidade em condições diversas e vivenciar de forma mais prática conteúdos traumáticos.
Biologicamente falando, existem estudos neurológicos que mostram que sessões de psicoterapia modificam conexões neurais e padrões de comportamento. Isso por que, quem faz psicoterapia tem mais atividade nas regiões cerebrais do córtex pré-frontal, área relacionada a cálculos, pensamentos práticos e ações que tomamos conscientemente. O que na prática pode trazer alívio de sintomas relacionados a recordações aflitivas que resultam em comportamentos inadequados e pensamentos desorganizados.
Devemos ressaltar que independente da abordagem da psicoterapia escolhida o mais importante quando se pensa em eficácia e eficiência do tratamento psicológico está na vontade do paciente em querer entrar em contato com seus conteúdos internos, mudar seus hábitos e comportamentos e se desenvolver de forma madura.
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Outro fator relevante é a relação que se estabelece junto ao terapeuta e como a mesma se desenvolverá no decorrer do tratamento. Em resumo, a psicoterapia se encarrega de fazer o cliente compreender o que o(a) motiva a praticar certos comportamentos e pode ajudar, através do autoconhecimento, o entendimento das necessidades do(a) mesmo(a) podendo, inclusive prevenir doenças psicossomáticas e alguns transtornos mentais.
Por Michelle Cristina da Silveira Psicóloga Membro da Equipe Psicosyn de Atendimento Psicológico.CRP: 06/77151
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