O Dr. Roberto Dischinger Miranda possui título de especialista em cardiologia e geriatria. Obteve o título de Doutor em...
iEm todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. Em 2025, existirá um total de aproximadamente 2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo 80% nos países em desenvolvimento.
Este rápido processo de envelhecimento populacional nos trás muitos desafios. Um dos maiores é permitir que essa fase possa ser vivida como uma experiência positiva. A Organização Mundial da Saúde adotou o termo "envelhecimento ativo" para expressar o processo de conquista dessa visão. Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas, e permitir que elas percebam seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo de toda a vida.
A palavra "ativo" refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. Essa visão permite quebrar o paradigma de que o idoso que não realiza mais uma atividade produtiva remunerada ou que apresenta alguma limitação física não é mais capaz de desempenhar um papel de participação ativa na sua comunidade, seu domicílio e na sociedade de forma geral.
Isso quebra barreiras e permite que as pessoas mais velhas, que já se aposentaram ou que apresentam alguma doença ou necessidade especial possam continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.
Por isso, a OMS preconiza que, em um projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas que promovem saúde mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram as condições físicas de saúde.
Para isso, é fundamental manter, respeitar e estimular a autonomia de quem tem mais de 60 anos, ou seja, a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com suas próprias regras e preferências e sua independência, isto é, a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária, sua capacidade física de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de terceiros.
Há várias medidas que devem ser tomadas para que essas pessoas se mantenham ativas. A primeira é a mudança de paradigma, ou seja, valorizar o indivíduo e vê-lo como alguém que pode e deve ter participação ativa na sociedade e criar condições para que seja protagonista de sua própria vida e que ele próprio também se veja assim.
Outras iniciativas incluem oferecer ambientes seguros e apropriados às condições físicas da pessoa mais velha e que permitam maior mobilidade nos espaços de convivência, ampliar a oferta de serviços de saúde que possam prevenir ou reduzir as limitações causadas por doenças crônicas, oferecer atividades educativas, culturais de lazer e trabalho, para que ela tenha oportunidades de manter-se ativa. Ampliar a oferta de médicos geriatras nos serviços e de profissionais de saúde (enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, neuropsicólogos, educadores físicos, etc) e especialistas em gerontologia, que possam atender as demandas específicas dessa população e que contribuam para o tão almejado e necessário envelhecimento ativo.
Com a implementação ampla destas medidas, a OMS acredita que seja sim possível uma maior satisfação dentro da faixa etária conhecida como "melhor idade", mas que a maioria dos idosos não concorda, pelo menos atualmente.
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Referências
World Health Organization - Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. - Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
Artigo escrito com a colaboração de Mariela Besse, terapeuta Ocupacional do Instituto Longevità, Especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).