Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O desabafo de uma mãe norte-americana viralizou nas redes sociais nas últimas semanas e ainda levantou o debate sobre a solidão das mães que não trabalham. "Todo mundo pensa que ficar em casa cuidando dos filhos é um trabalho fácil, mas na verdade é solitário e sufocante", publicou Bridgette Anne.
Ela é mãe de Riley, de 18 meses, e fica todos os dias em casa cuidando da filha enquanto seu parceiro trabalha fora. Ela compartilhou que muitas pessoas acham que ficar em casa, sendo mãe em tempo integral, não é um trabalho "real" e, por isso, ela não pode reclamar.
Porém, Bridgette afirma que não é bem assim: "Você luta para encontrar maneiras de entreter alguém literalmente 12 horas por dia, todos os dias. Você usa as mesmas roupas que cheiram a suor e lágrimas por dias seguidos, porque já estão manchadas e não adianta arruinar mais roupas. Você esquece o que significa ser um indivíduo; porque toda a sua existência agora gira em torno dessa criança".
Além disso, Bridgette conta que também julgava as mães que não trabalhavam, porém, desde que se tornou uma delas, mudou sua visão.
"Eu entendo agora. Minha casa não está limpa, não estou limpa, os pratos não estão lavados, já gritei hoje, chorei e me senti muito culpada por minha filha ter testemunhado isso. Mas estou sozinha e solitária. Converse com suas amigas mães que ficam em casa... Não estamos bem", disse.
O desabafo foi publicado no dia 30 de janeiro e, desde então, conta com mais 70 mil compartilhamentos e mais de 20 mil comentários de mães de vários lugares do mundo que se identificaram.
Como conciliar maternidade e carreira
De fato, o desabafo de Bridgette reflete o sentimento de muitas mães. Um estudo realizado a pedido da empresa americana Welch's descobriu que as mães trabalham duas vezes mais do que em empregos formais. A pesquisa descobriu que o trabalho das mães resulta em cerca de 14 horas diárias.
Porém, para as mães que precisam se dividir entre cuidar dos filhos e ainda trabalhar fora, essa dupla jornada também pode ser muito exaustiva e emocionalmente desgastante. Por isso, a psicóloga Blenda Sueny Marceletti de Oliveira dá alguns conselhos:
- Quem opta por ser mãe pode compreender que a maternidade pressupõe contar com uma dose importante de tolerância à frustração. Nossos filhos e nossa família possuem funcionamentos próprios, são pessoas com recursos e com capacidade de resolução, portanto nem sempre as mães estão no centro de tudo. Delegar, acreditar e aceitar que o pai, o filho ou filha podem fazer e estar sem nós, pode facilitar
- As mães contribuem muito para educação e formação dos seus filhos, não pelo tempo que passam ao seu lado, mas pela atitude de doação, de inteireza e de coerência no trato do dia a dia
- Optar pela maternidade não exclui continuar sendo você, mulher. Seus projetos, seus sonhos, suas vontades e desejos precisam de atenção. Quanto maior sua satisfação pessoal mais ganhos para sua família, mais ganho para o seu trabalho. Amor e trabalho são absolutamente conciliáveis, desde que sejam suas verdadeiras opções.
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