Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iAprender a lidar com problemas referentes à amamentação é essencial para garantir a saúde do recém nascido. Muito se descreve sobre a falta de leite materno ou pouca produção mas nem sempre a hiperprodução é lembrada.
É bom ter muito leite materno? Será?
A hiperlactação é definida como o excesso de produção de leite materno, com oferta acima do que o bebê necessita para um bom crescimento.
No processo de amamentação vários hormônios estão envolvidos, mas dois têm papel fundamental: a prolactina, responsável pela produção e liberação do leite materno, e a ocitocina, responsável pela ejeção dele.
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Sabe-se que nos primeiros 2 meses há um descompasso entre produção e demanda, sendo comum a mãe produzir mais leite do que o bebê necessita. Após esse período, existe uma equalização entre consumo e produção.
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O quadro de hiperlactação não é sempre lembrado e é facilmente confundido levando a tratamentos desnecessários. A hiperlactação é um processo próximo ou após o parto. Deve-se diferenciar de galactorréia, que é a saída de leite das mamas sem um parto próximo.
A criança começa a mamar e o leite está em excesso. Ao sugar, o leite sai em jato. Então, o bebê engasga, tosse e chora, arqueia o corpo para trás.
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Com a repetição, em todas as mamadas ela fica com medo e chora ao ser colocada para mamar, levando ao errôneo diagnóstico de falta de leite com introdução precoce de complemento. Pela regurgitação e vômitos, pensa-se também em doença do refluxo gastro esofágico, e então o bebê recebe medicação desnecessária.
O que temos então em relação ao bebê:
- Bebês gordinhos, com ganho de peso diário maior do que 30 gramas por dia
- Fezes muito volumosas
- Muitos gases acompanhados de choro e irritabilidade
- Recusa às mamadas apesar de estar com fome
As mamas são fábrica e não depósito de leite. A má técnica em aleitamento, excesso de produção de leite e o uso de mamadeiras podem ter como consequências para a mãe a Síndrome Materna de Hiperlactação, cujo ciclo pode ser resumido assim:
- Técnica inadequada de aleitamento
- Excesso de leite
- Uso de mamadeira ou chupeta
- Represamento do leite
- Inadequada drenagem das mamas
- Estase de leite
- Ingurgitamento mamário com bloqueio de ductos
- Candidíase mamária
- Mastite e abscesso mamário
Como evitar e tratar a mãe:
- Escolher a melhor posição para amamentação que maximize a drenagem das mamas
- Massagear as mamas apoiando com a mão para esvaziar parte do leite anterior
- Repetir ao final da mamada, drenando o leite que sobra nas mamas, deixando a mama o mais vazia possível
- Deixar o bebê mamar a primeira mama até o final e escolher se quer ou não a segunda mama, mas deixar mamar até o final
- Não pular mamadas
- Evitar estimular e manipular mamas em excesso
- No banho, usar água quente, mas sem estimular demais pois a manipulação aumenta a produção do leite
Todas as patologias que aumentam a concentração de prolactina podem estimular produção de leite:
- Danos hipotalâmicos ou hipofisário
- Insuficiência renal crônica
- Cirrose hepática
- Radioterapia craniana
- Síndrome de ovários policísticos